quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O que realmente importa


                                     

                         
Nessa época do ano, a gente começa a pensar no Natal e no Ano novo. É sempre um tempo pra gente refletir, se reorganizar, pensar e repensar na vida e nas nossas escolhas, objetivos e prioridades. Este (como todo ano que começa), pode ser  " O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas"(filme americano de 85 que tem uma música tema maravilhosa e fala sobre pessoas buscando sentidos e rumos na vida). Este ano, eu quero paz no meu coração. Mesmo que, daquilo que seu sei, nem tudo tenha me dado clareza, nem certeza... Eu sei que estar aqui, estudando na UFRGS com vocês é um privilégio. Tenho muito que comemorar. Eu perdi  muito mais que o meu medo da chuva, perdi o medo de expressar minhas ideias sobre a educação em que acredito. Eu que duvidei do Pead e de seus resultados, tive que me render... Tudo em mim agora é busca e inquietude. Porque quanto mais descubro, mais quero aprender. Me sinto como uma criança quando é feliz na escola. Em mim carrego a curiosidade, o espanto e o contentamento.      

domingo, 20 de dezembro de 2015

O Dia D


Finalmente chegou o dia D. Vendo a gente assim na foto, não dá para imaginar o que a gente passou para chegar até aqui. Só a gente sabe... "Só eu sei as esquinas por que passei. Percorri milhas e milhas de distância pra chegar até aqui." Este dia para mim, foi um dos mais atropelados deste ano. Eu queria que tudo saísse perfeito e tudo foi acontecendo às avessas, durante o dia inteiro. Mas eu consegui chegar e apresentei meu trabalho. Aprendi muito com todos os professores de "todas" as interdisciplinas. Aprendi com todos os tutores, até mesmo com os tutores fantasmas, vai aqui um agradecimento especial para a Paty (que nunca me deixou na mão) e para a Raquel (que revelou os segredos do PBworks). Aprendi com vocês colegas nesta noite. Aprendi muito sobre o tempo. Aprendi muito sobre perdas e ganhos. Aprendi muito sobre chegadas e partidas. Aprendi muito sobre mim. Aprendi muito sobre aprender. Sou grata à todos vocês por tudo que a gente compartilhou neste semestre. "Que a força esteja com vocês hoje e sempre."

https://www.youtube.com/watch?v=f9yc3RE2nhA
https://www.youtube.com/watch?v=jfwRNZG5D6E

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Preparando o Workshop


Tanta coisa pra dizer, tanta coisa que aprendi, tanto para pensar e refletir. Dentro de mim cabe o mundo. Cada vez mais acredito que a teoria pode e deve caminhar com a nossa prática. Estudar para fazer. Se a gente está aqui é porque acredita que o nosso estudo e o nosso trabalho podem fazer a diferença. Porque acredito que a educação tem o poder de fazer deste mundo uma porta aberta cheia de possibilidades. Eu continuo acreditando que a educação é o caminho que leva para todas as direções.

https://www.youtube.com/watch?v=WJryIAcbRRE

domingo, 13 de dezembro de 2015

Aprender, refletir e sintetizar


Meu pai, que era professor de História e técnico em educação da antiga FEBEM e atual Fase, tinha um dicionário enorme de capa preta. Todos os dias, nós," os três filhos de Saul ", não éramos obrigados a comer um ovo cru para aprendermos a cantar melhor, mas tínhamos uma tarefa diária, cobrada pelo professor Saul, depois da janta , no final do dia: Encontrar uma palavra desconhecida no dicionário e fazer dela uma palavra conhecida.  Sim... Embora pareça uma lenda urbana hoje, houve um tempo em que, o final do dia para as crianças era depois da janta. Foi assim que comecei fazendo minha síntese reflexiva de aprendizagens, procurando entender o que significa fazer uma síntese de aprendizagens. 
Sintetizar significa condensar, resumir, sumarizar, compendiar, juntar. Refletir significa pensar, cogitar, ponderar, raciocinar. Aprendizagem quer dizer, estudo, aprendizado, aquisição, conhecimento. Para fazer uma síntese de aprendizagens dos conteúdos de todas as interdisciplinas deste semestre, eu teria que refletir sobre tudo que aprendi no curso do Pedagogia a Distância até agora e resumir essa aprendizagem, de forma que esse conteúdo reunido retratasse a história dessa contrução. O trabalho deveria conter ainda relatos, questionamentos e vivências dessa aprendizagem no meu trabalho como educadora.
Pensei que não haveria café suficiente no mundo para me manter acordada, duvidei de mim e do que havia conseguido aprender, minhas ideias me abandonavam, o cansaço me dominava, o medo de não conseguir, o prazo apertado, as oito horas de trabalho na EMEI, que são na verdade, no mínimo nove, o vestibular do filho, a casa, minhas dúvidas sobre a forma e o formato do trabalho... O portal do envio fechado pontualmente, quando eu tentava enviar... Meu desespero enviando email para Deus e o mundo. Só depois de conseguir enviar meu trabalho pude relaxar. Relaxar significa repousar, abrandar, atenuar, moderar... 

http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/usar-dicionario-738934.shtml

sábado, 12 de dezembro de 2015

Retrato da Escola




No início, achei que seria muito fácil fazer o retrato da escola. Gosto de escrever, gosto de fotografar, gosto de observar... Tudo isso para mim é e sempre foi prazeroso. Mas sendo eu, uma criatura jurássica em tecnologia, não demorei muito para perceber que, entre o que eu pensava em escrever e publicar e o que o meu domínio da ferramenta me permitia fazer, existia uma distância sheakesperiana entre o céu e a terra. As primeiras noções, dadas na aula do Campus não foram suficientes para essa dinossaura que vos escreve, foi preciso uma tarde de sexta feira na Faced (entrando pela noite), com aula pratica exclusiva( por pura sorte), para que eu conseguisse desvendar os mistérios do PBworks. Devo dizer que não vou fingir falsa modéstia. Antes do cair da tarde, já estava ajudando uma colega mais aflita do que eu no "Código do PBworks".
Vencida esta etapa, tudo o que se disser sobre librianos , suas dúvidas e sua capacidade de decidir é pouco. Fiz e refiz as páginas deste trabalho sem nunca estar satisfeita. Alterei o tamanho das fotos, mudei o texto, troquei legendas, tamanho de letras, acrescentei páginas, inseri links, textos, páginas, mapas e vídeos com o propósito de retratar a escola aonde trabalho. Retratar para mim não é apenas registrar o que se vê num primeiro momento. Eu não queria retratar o óbvio. Eu queria que todos que vissem esse trabalho pudessem ver a EMEI TIO BARNABÉ através dos meus olhos.
Toda a escola tem suas mazelas. Nosso dia a dia na Emei Tio Barnabé não é exceção. Temos horários rígidos, temos limitações, temos exigencias a cumprir, conflitos entre colegas e com as famílias, tempos sem tempo... Às vezes, nossas intenções e propostas perdem terreno para o cansaço e para a decepção com o sistema, mas ainda assim, estamos tentando fazer uma escola diferente. Acredito que o nosso trabalho como educadoras pode fazer essa diferença. Em cada coisa que ensino e aprendo, eu percebo uma escola viva que respira e inspira mudanças. Foi essa escola que eu retratei aqui. É assim que eu vejo a escola.
Espero que eu tenha conseguido atingir meu objetivo e que os colegas, tutores, coordenadores e professores do PEAD consigam conhecer um pouco da EMEI TIO BARNABÉ, das nossas práticas diárias e da proposta de Educação Infantil em que acreditamos.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Manifesto dos Educadores do Séc XXI

Precisamos de todos e estamos todos juntos nessa luta para transformar a educação brasileira e por um sistema educacional justo que tire do papel a Lei  de Diretrizes e Bases da Educação.Acreditamos no poder transformador da escola e da comunidade escolar. Precisamos transformar a escola, para transformar a educação. Uma escola diferente é possível. Foi pensando assim, que nosso "grupo das quatro", composto por mim, pela Ângela Nunes,a Mara Barcellos e a Francyelle Fava, elaborou o Manifesto dos Educadores do Século XXI. Pensando numa escola cidadã, na pluralidade das infâncias, na formação continuada para os professores, no currículo subjetivo, numa escola baseada na afetividade e na participação de todos.                      

“É nisso que acreditamos, é com isso que sonhamos e é para isso que trabalhamos.”       

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A Onda



ID X SUPEREGO

Todos os envolvidos na situação são forçados a negociar com valores morais e éticos. É como se os personagens do filme vivessem um eterno dilema entre o ID e o SUPEREGO. Mas nessa briga, o ID parece sair ganhando. Os valores de tolerância e respeito, em diversas situações vão sendo trocados por outros como a necessidade de aceitação, o orgulho, a superioridade do grupo, a violência física e mental. A consciência é uma qualidade da mente, que possibilita a subjetividade, o conhecimento de si mesmo, o saber, a compreensão e a capacidade de perceber a relação entre si e um ambiente. No filme, é como se os alunos perdessem essa capacidade de dosar as coisas. É como se o EGO perdesse seu medidor.

Transferência e Contratransferência

Um pai é autoridade, um professor também é autoridade. As crianças e os jovens buscam autoridade e precisam dela. No caso do filme, tanto a aluna Karo, que não tem nenhuma autoridade e limite dos pais, quanto seu namorado Marco, que é insatisfeito com a família e decepcionado com a mãe e seu colega Tim, ignorado e incompreendido em casa, transferem para o professor suas necessidades de carência e atenção. Os alunos precisam de um Norte e eles encontram no professor esse Norte. Mas é impressionante perceber como a autoridade de um professor pode se transformar rapidamente em autoritarismo, em desrespeito pela individualidade do aluno, em abuso de poder. Mais do que isso, o professor tomado de sua autoridade, transformada em autoritarismo, pode sentir a força de seu poder e começar a gostar disso. Foi o que aconteceu com o professor do filme. 
Rainer se sentia ressentido com os colegas, que tinham vindo de melhores universidades, enquanto ele se sentia discriminado por ter estudado em escolas públicas. Ao mesmo tempo em que Rainer se sentia inferior (complexo de inferioridade), diante dos colegas elitizados, ele experimentava um sentimento egocêntrico, de ser o professor preferido dos alunos da escola. Ele reage ao seu compexo de inferioridade forjando um ser superior aos colegas e até à sua mulher e faz isso, não apenas para ensinar, mas para mostrar que é melhor que o outro professor. Ele sabe que exerce poder sobre os alunos e contraditoriamente usa esse poder, sua capacidade de manipulação e seu carisma para fazer com que os alunos façam exatamente o que ele quer. O professor perde sua capacidade de racionalização e quando consegue voltar a si, já é tarde. O filme assusta mas provoca em nós uma profunda reflexão sobre a educação e o papel do professor.

Na transferência, os sentimentos (afetos e desafetos) do aluno em relação aos seus pais, são transferidos para o professor. E se pensarmos bem, fazer essa transferência faz muito sentido. A criança vive uma relação de dominação e submissão com os pais e, na escola, ela vive também uma relação semelhante. O professor é o que tudo sabe, tudo ensina, tudo decide. Essa transferência está ligada ao inconsciente da criança. A criança transfere para o professor as experiências primitivas vividas com os pais. Esses sentimentos podem funcionar como um entrave para o aprendizado. Contratransferência: É a reação do professor à transferência do aluno. O professor reage de forma inconsciente às atitudes do aluno e ele pode se identificar ou rejeitar o aluno, que também desperta nele lembranças, sentimentos, relações e emoções não resolvidas.

Desejo de saber: Surge a partir do momento em que a criança começa a perceber as diferenças sexuais. Esse é um momento decisivo para o desenvolvimento infantil e para a aquisição do saber. Isso porque a criança tem necessidade de definir seu lugar no mundo e essa definição começa com a sexualidade. a partir dessa curiosidade sexual a criança passa a buscar novos conhecimentos. A criança busca, antes de tudo, sua identidade.

"É difícil dizer se o que exerceu mais influência sobre nós e teve importância maior foi a nossa preocupação pelas ciências que nos foram ensinadas ou pelas possibilidades de nossos mestres." 

Com essa frase, Freud introduz a importância da relação professor aluno para o desempenho escolar. Para Freud, o aluno pode aprender ou não, dependendo do que o professor significa para ele. O professor será ouvido, se tiver para o aluno uma importância especial, ou seja, o mais importante para a aprendizagem, não está nos conteúdos, mas na relação que se estabelece entre o professor e o aluno.

https://www.youtube.com/watch?v=brnEKSEvtZg

domingo, 6 de dezembro de 2015

Brincar é um jeito de existir

                            Meninos Brincando (Portinari 1955)

Quando falo em infância, a primeira coisa que me vem à cabeça é o brincar. Ao mesmo tempo, se falo em brincar, lembro automaticamente da minha própria infância e das brincadeiras que dela fizeram parte. Pular sapata, jogar bolita, brincar de cabra cega, de subir em árvore, de pega pega, de carrinho de rolimã. Os amigos, as risadas, as conversas. Aprender a contar, a falar, a dialogar, a questionar, a descobrir, a pensar, a sonhar, a viver.  Meu pai fez um jardim secreto para mim e nele vivi meus melhores dias de princesa encantada e grandes aventuras naquela “Terra do Sempre.”
Brincar é um jeito de existir. Essa frase resume a importância do brincar. Brincar é uma linguagem da criança, sua forma maior de expressão. Quando a criança brinca, expressa sua possibilidade de estar no mundo. A criança descobre o mundo brincando: tocando nas coisas, ficando curiosa das coisas e sendo as coisas. O brincar faz a criança transitar entre o mundo da fantasia e o mundo concreto. O brincar é a porta para as potencialidades da inteligência, da criatividade, da flexibilidade e da capacidade do pensar. Tudo isso precisa da liberdade da infância e tem como ingrediente principal o brincar.
Falamos tanto no brincar, mas será que realmente sabemos qual a verdadeira função do brincar, o quanto é importante para a criança a função humanizadora do brincar? Se é através do brincar que a criança se expressa, mostra sua percepção do mundo e é capaz de transformar a realidade. Se é através do brincar que a criança se torna um sujeito capaz de transformar as relações, redefinir papéis, reinventar a fantasia e a realidade e se tornar alguém capaz de lidar com as diferenças, porque então diminuímos a importância do brincar na escola? Se a escola é na teoria, o espaço para o aprendizado, para o desenvolvimento, para a expressão do lúdico e para o brinquedo, porque estamos diminuindo o tempo e o espaço do brincar?
A filosofia do brincar tem que estar na proposta pedagógica da escola. Temos que compreender filosoficamente o que significa o brincar. Precisamos repensar o que chamamos de pedagógico. O que é isso exatamente. É preciso dar um passo à frente. Precisamos repensar teorias e ideias tão difundidas. É preciso transgredir, acrescentar, mudar, reformar. Exatamente como as crianças fazem. Precisamos ter paciência para observar e humildade para aprender com as crianças. Elas falam enquanto brincam. Falam com sua voz, seus gestos, seu corpo, suas expressões, suas diferenças, suas semelhanças, suas inquietações, desejos, alegrias e tristezas. O brincar é revelador, retrata a infância.
O brincar, o desenvolvimento, a aprendizagem e a cultura estão interligados. Brincar é construir e ampliar conhecimentos. O brincar nos ensina a ver o mundo com nossos olhos e através dos olhos dos outros. Mas para ver é preciso enxergar. A escola precisa ser um lugar vivo e atraente, que envolva o brincar, não apenas para nossos interesses de retorno de aprendizagem e de horários rígidos. A escola precisa reencontrar sua própria dimensão que é e deve ser a dimensão da infância.

https://www.youtube.com/watch?v=_lQWGDV81Vs

sábado, 5 de dezembro de 2015

Ainda há lugar para a infância?


A ideia de infância que veio com a chamada Modernidade, tem como geradores, a escola e a família, que junto com os saberes adquiridos até então, sobre a infância, elaborou o conjunto de procedimentos que estruturam a administração simbólica da infância. Esses procedimentos são as normas e prescrições que constrangem a vida da criança na sociedade como: horário de alimentação, tipo de alimentação, horário de descanso, horário de brincar, modelos de brincar, delimitações de lugares, o que a criança pode fazer ou não, a recusa ou aceitação da participação da criança na coletividade...A administração simbólica da infância estabeleceu um ofício de criança, que nada mais é do que aquilo que a sociedade exige e espera dela nesse seu ofício de “ser criança”.
A reinstitucionalização da segunda modernidade é marcada pelo rompimento dos direitos sociais e culturais causado pela globalização. Com o capitalismo vivendo uma nova fase de produção e a disputa neoliberal da economia, aumentaram as condições de desigualdade, trabalhos e trabalhadores foram desvalorizados, a degradação das condições de vida de muitos, a cultura da sociedade de consumo a segunda modernidade é marcada pela contradição da globalização, que deveria igualar e desiguala. Há ainda a escola, que homogeniza a infância, como se só houvesse uma única infância e a família que se desestrutura e se reconstrói com formas e tempos diferentes para a criança. Tudo isso influencia e interfere no viver da criança que por sua vez interfere e influencia tudo isso.
Sempre haverá lugar para a infância. A infância se reinventa e se recria todos os dias. Como educadora, assisto diariamente a esse renascimento. A infância não só existe, mas resiste. A criança cria sua própria forma de inteligibilidade, representação e simbolização do mundo. As crianças são protagonistas atuantes. Com sua autonomia elas resignificam o ofício de “ser criança”. Mas nós como educadores precisamos encontrar meios de resgatar e garantir os sentidos da infância em nossas práticas diárias, nosso planejamento, nossas formas de avaliação sobre a infância, nossa interação com a criança e suas culturas.

http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/161/artigo234827-1.asp

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Ser adulto e Sexualidade Infantil



A sexualidade infantil está mais próxima do “ser adulto” do que podemos imaginar. A forma como a criança vivencia e experiencializa sua sexualidade está ligada à conflitos e desejos internos que vão crescer com ela. Durante a fase anal , por exemplo,  a criança vivencia sentimentos intensos de amor e ódio em relação aos pais. É a fase em que a criança passa por um processo de maturação  e controle de esfíncteres, a criança vivencia isso com prazer e ambivalência. A zona anal é fonte de prazer para ela. Nessa fase, a criança se distancia da figura materna e percebe com mais clareza a existência do outro e do próprio corpo. Ao notar que após a evacuação, ela sente um grande alívio, a criança vê o cocô, como uma coisa boa e desperta para o prazer anal. Quando a criança consegue ter domínio voluntário da musculatura anal e percebe que consegue reter e liberar o cocô, está aberto o caminho para trocar a fralda pelo vaso sanitário. Poucos adultos percebem o quanto esse momento é importante sob o ponto de vista emocional. Para a criança, a privada pode representar um monstro que está engolindo o cocô.  Se essa passagem não for resolvida, a criança pode usar a produção de fezes, como uma arma para agredir os pais. Também é difícil evitar o contato da criança com o cocô e por isso, muitas vezes, a criança põe a mão em suas fezes. Os adultos não devem reprimir, nem demonstrar nojo ou debochar de algo com que a criança está, não apenas aprendendo a lidar, mas com o qual está ligada física e psicologicamente. Se os pais e adultos que lidam com a criança não a ajudarem a viver de forma natural essa fase, a criança pode se tornar um adulto problemático e obsessivo. Crianças que passam bem pela fase anal têm maior probabilidade de se tornarem adultos equilibrados. Crianças reprimidas sexualmente, podem se tornar adultos neuróticos, desconfiados, ansiosos, inseguros, pessimistas, agressivos, medrosos, com baixa auto-estima... A sexualidade infantil reprimida pode se tornar um obstáculo ao crescimento emocional. 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A Infância Como Fenômeno Social

                                

A Sociologia da Infância tem como objetivo compreender o mundo pela perspectiva da criança. As crianças são agentes sociais ativos e criativos e produzem suas próprias e exclusivas culturas infantis, ao mesmo tempo, contribuem para a produção da sociedade. A infância é uma construtora social, política e econômica e não apenas um agente passivo dessa construção. Sendo assim, a criança é mais que um ser social, é uma categoria social. Ela não apenas existe, mas atua no sistema como um todo. Para estudar a infância dessa forma, é preciso uma abordagem interdisciplinar do estudo da infância, para poder ampliar o conhecimento sobre as relações entre as crianças e seus pares, suas relações com os adultos, suas competências como protagonistas de suas vidas, como agentes sociais que transformam e modificam o mundo. Porque do ponto de vista da micropolítica, do espaço local onde se relacionam e vivem as crianças, elas não falam por elas mesmas. São os pais, os professores, as escolas, os médicos que falam sobre e pelas crianças. Do ponto de vista da macropolítica, as crianças não tem opinião política, não podem ser representadas, não são porta vozes de si mesmas. Ainda assim, a criança é um agente ativo e transformador. A compreensão da infância deve ser construída por ela e não apenas sobre ela. As nove teses elaboradas pelo pesquisador dinamarquês Jeans Qvortrup, trazem os elementos necessários para a compreensão das crianças como sujeitos sociais. Se as crianças são capazes de fazer mudanças no sistema em que vivem, isso significa que se a política,a economia e a sociedade influenciam a vida das crianças, elas também são capazes de interferir e influenciar nesse sistema. O nível macro e o nível micro estão ligados o tempo todo.O que a criança faz e experencia influencia o mundo e o que acontece no mundo tem influencia sobre o viver da criança. Seria bom que em nossas práticas tivéssimos isso em mente: A criança é um ser ativo da sociedade no mundo.

Conceber a infância como construção social ou categoria estrutural promove a ideia de que ela “é uma estrutura permanente em qualquer sociedade, mesmo que seus participantes sejam regularmente repostos” (QVORTRUP, 1991, p. 12)

http://revistaeducacao.com.br/textos/0/olhares-sobre-infanciaedicao-especial-da-revista-educacao-apresenta-pesquisas-dos-279748-1.asp

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Tendências Literárias Étnico-Raciais

Sou uma devoradora de livros e uma contadora de histórias na escola onde trabalho. Por isso, para mim, foi importante aprender sobre as tendências literárias étnico-raciais.  No nosso trabalho como educadoras muitas vezes percebemos e tratamos de forma superficial o racismo, os preconceitos e utilizamos uma maneira simplória de ver e tratar uma cultura. Perceber isso me fez escolher com mais cuidado os livros que abordam o assunto. E assim como descobrimos que existem vários conceitos de infância, aprendemos também, que existem diversas formas de conceituar a infância. E mais do que isso, a perceber a criança como um ser ativo e capaz de influir no mundo em que vivemos de forma econômica, política e social. Um ser de quem se constroem modelos de desenvolvimento e aprendizagens idealizados e idealizantes, que não conseguem limitar suas potencialidades e capacidades.

Primeira Tendência: As diferenças étnico-raciais são apresentadas através de situações conflitantes que envolvem racismo e preconceitos. Durante a história, o conflito vai sendo superado,o que sugere o respeito e a aceitação do “diferente” pelo leitor que pode aprender a lidar com o preconceito. 

Segunda Tendência: A trama central da história não é o conflito racial, mas a diversidade está presente na narrativa, de forma estética, cultural, ancestral... A questão racial está diluída na estética da história.

Terceira Tendência: São histórias onde a diversidade étnica e cultural é tratada como uma celebração das diferenças. A temática racial se mistura na abordagem dedicada às questões mais amplas da diversidade como um todo.


Felicidade Não Tem Cor, de Júlio Emílio Braz. O menino Fael sofre bullying por ser negro e vive isolado, até encontrar uma boneca da mesma cor que ele, Maria Mariô. A boneca é a única que o entende. Seu ídolo é Michael Jackson, que sabe a fórmula para ser branco. Boneca e menino saem em busca de um locutor da rádio que toca as músicas do cantor. O objetivo? Descobrir o endereço de Michael e sua fórmula. Para isso, Fael vai até a rádio, conhecer o famoso locutor Cid Bandalheira, que toca as músicas do ídolo de Fael, e para surpresa dele, é negro e cadeirante. A partir daí, Fael muda seu próprio jeito de ver a vida e sua cor. A história é deliciosa e ensina a lidar com o preconceito (primeira tendência).


O Colecionador De Pedras, de Prisca Agustoni: É a história do menino Ambayê, um menino que sabia transformar os desertos. Ambayê anda pelo caminho de terra vermelha, a procura de pedras... Um dia, ele encontra Noêmia, que vive só e triste desde que sua tribo foi despovoada. Pelos olhos de Ambayê, vemos não apenas a natureza da África, mas um outro olhar sobre o mundo. As crianças vivenciam a história e começam a perceber que existem outras formas de viver e de ser. Ambayê fala de amizade e coleciona leitores. É uma de minhas histórias preferidas, fez parte do projeto As Aventuras do Avião Vermelho, que fiz no Maternal 2, da EMEI Marzico em 2013. Penso que se encaixa na segunda tendência, porque trata ainda que de forma sutil, do que acontece no continente africano, de guerras, de solidão. Nos faz perceber a importância do “outro” e do “ser” diferente em nossas vidas.



Tudo Bem Ser Diferente, de Todd Parr: Tudo bem ser diferente, trabalha de maneira divertida e abrangente, com assuntos da diversidade: Adoção, separação dos pais, deficiências físicas, alimentação, formas de vestir, preconceitos raciais. As crianças começam a perceber as diferenças entre elas e aprendem a lidar com essas diferenças. As crianças também adoram o colorido das ilustrações e as possibilidades para atividades são infindas... Definitivamente, terceira tendência.


http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/1111

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Infância Roubada


A foto é da menina Thylane Blondeau, de 10 anos de idade, para o ensaio de uma revista francesa de moda internacional. A imagem tem um forte apelo de sensualidade com toques de ingenuidade. Como se quisesse provocar o desejo pela inocência. Ao mesmo tempo, em que a menina vestida de mulher, faz pose e olhar sensual, usa um vestido com decote profundo, sandália de salto alto, bijuteria exagerada e cheia de fetiche no decote e nos tornozelos, está deitada sobre tecidos de feras selvagens, ela está acariciando dois coelhinhos "fofos", que inspiram um toque de pureza à foto. É uma menina vestida de mulher. Uma menina que quer ser mulher e ainda é menina.
    O retrato de uma inocência nem tão inocente. Mas uma inocência que vende, e vende muito. A menina vende erotismo e muito mais, o que Thylane vende na verdade, é a imagem da mulher que gosta de dinheiro, luxo, ouro e jóias e está disposta a tudo para isso. Até mesmo ser domada como uma fera. É uma distorção do que é e do que quer a mulher de fato. Uma distorção de gênero e de sexualidade. É isso que significa ser feminina e mulher? Thylane vende sensualidade, juventude e beleza. E se as fotos foram feitas pela revista, é porque o mundo adulto quer essa imagem e mais do que isso, o que ela vende e representa: Um ideal. 
    No entanto, olhando a foto da criança, temos a certeza de que o mundo adulto está obscurecendo a infância com seus padrões estéticos e econômicos. Mas se pararmos para tentar entender a foto, para enxergar além do que os olhos veem, talvez a gente chegue a conclusão, de que é da infância que a vida adulta está roubando seus padrões de aparência e comportamento. A sexualidade precoce e forçada de Thylane, somada ao gênero de feminino distorcido que traz a foto, talvez represente uma característica típica da sociedade contemporânea, a vontade de não crescer, de sermos eternamente crianças, jovens e belos. Como se a Terra do Nunca fosse aqui e estivesse a nosso alcance. Ainda que para chegar lá seja preciso mais que o pó de prilimpimpim. Nem que para isso tenhamos que roubar a infância.

domingo, 8 de novembro de 2015

Modernidade Pedagógica



As transformações sociais e as políticas públicas sempre andaram junto com a educação. No Brasil, a urbanização e o crescimento das cidades forçaram as políticas públicas a buscar uma escolarização de espírito moderno. Uma modernidade que garantisse instrução, saúde, moradia, segurança... Ainda que esse espírito moderno significasse varrer a pobreza para longe da cidade. A escola foi deixando de ser uma extensão da família, deixando de existir em pequenas casas e núcleos, para existir em grandes centros de estudo. Mais uma vez, a finalidade da educação não era a de apenas educar e instruir seus alunos de acordo com as necessidades do governo, da política e da economia. Novamente, as escolas ou centros de estudo serviram como moldes de comportamento. Contraditoriamente, foi na escola que as classes menos favorecidas, negros, operários e imigrantes fizeram sua resistência. E ainda que a política determinasse o rumo seguido pela escola, foi durante a construção dessa modernidade pedagógica, que começou a surgir uma real qualificação e organização dos professores e da escola no Brasil. A escola foi assim construindo lentamente sua identidade até os nossos dias, ainda que essa identidade tenha sido forjada pelas políticas públicas.

“Quando optamos pelos (des)encantos da modernidade pedagógica, pretendíamos vislumbrar a resistência e a diversidade para além da construção dos espaços da cidade e da escola como produção/reprodução de controle e de opressão. As cidades são espaços de contradição, de luta, de criação de novos desejos, de negação da unitelaridade da História. Assim também consideramos a escola.”(pág.394)

Depois de ler o texto (Des)Encantos da Modernidade Pedagógica, de Clarice Nunes, somos forçados a pensar e repensar em uma nova forma de educar e mais do que isso, em nossa própria forma de educar. Pensar em uma nova forma de escolarização, que tenha como prioridade as necessidades da criança, onde o poder e as políticas públicas sigam essas necessidades e não o contrário. Pode parecer utópico acreditar nisso, mas o que seremos senão acreditarmos numa escola que transforma e numa sociedade mais justa para todos?

     
                www.youtube.com/watch?v=blw9t4RBITU             
               www.youtube.com/watch?v=EcW8BXA8wyE                                       

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Revolução Alfabetizadora

“Por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa.” Emília Ferreiro


Tive a oportunidade de conhecer as ideias de Emília Ferreiro, quando fiz meu curso de Magistério no Emílio Meyer, em 2012 e 2013. A Psicogênese da Língua Escrita é mais do que um processo de como a escrita se constitui num objeto de conhecimento para a criança. É uma mudança radical sobre a questão mais importante da alfabetização. A pergunta: “Como alfabetizar as crianças?”Deixou de ser a mais importante, para dar espaço à outra pergunta: “Como as crianças aprendem?”A criança é vista, a partir dessa mudança, como centro e agente do processo de aprendizagem. Passa a ser sujeito ativo e inteligente desse processo. As ideias de Emília Ferreiro provocaram uma revolução alfabetizadora. A alfabetização tradicional dá um peso muito grande ao exterior da escrita e deixa de lado as características conceituais dessa escrita. Assim, o contato com a organização da escrita vai sendo adiado para quando a criança for capaz de ler palavras isoladas, quando as relações que a criança estabelece com textos inteiros são enriquecedoras desde o início. A escrita é um objeto de conhecimento, levando em consideração, as tentativas individuais infantis, a interação, o aspecto social, onde a alfabetização é um processo discursivo. A criança aprende por sua própria lógica. Sou no meu dia a dia, uma testemunha ocular, de como o ambiente pode incentivar ou prejudicar o processo de alfabetização. Um ambiente alfabetizador desperta, valoriza e estimula a curiosidade e o aprendizado da criança. Nos faz refletir sobre a questão de não haver déficits, mas oportunidades e no quanto é importante levar em consideração o conhecimento trazido pela criança.


terça-feira, 27 de outubro de 2015

O Labirinto Interno da Sexualidade


A sexologia tem a ver com o biológico, com sexo ligado ao instinto de procriação. A sexualidade vai mais fundo. Sexualidade tem a ver com energia, uma energia sexual que não está só no genital. É mais do que físico, está pulsante dentro de nós, viva o tempo todo. Essa pulsação é um labirinto, um caminho que nos leva para dentro de nós. E aquilo que nos parece estranho e pervertido, é um poderoso agente revelador do que somos e sentimos. Talvez por isso, a sexualidade tenha sido e ainda é algo assustador para tantos. Porque "caminhar para dentro", não é fácil. A questão da sexualidade é tão complexa, que lidar com ela exige extintos pessoais e intransferíveis: autopreservação, prevenção do sofrimento e maximização do prazer. A forma de lidar com isso, pode levar à inibição ou à repressão dos sentidos. Um dos resultados desse processo é a sublimação que reelabora a pulsão do prazer transformando-a em produção cultural. A escola poderia ser esse agente perceptivo e transformador.  Mas Freud fez, entre todas as suas observações, uma que acho fundamental para reflexão e entendimento não apenas dos pais, mas também dos educadores: “Nós nos preocupamos demais com os sintomas e muito pouco com o lugar do qual provêm. E quando criamos os filhos queremos simplesmente ser deixados em paz, queremos uma criança modelo, sem nos perguntarmos se isso é bom ou ruim para ela.” Será que nós como educadores, também não estamos querendo alunos perfeitos, crianças que só sigam na direção apontada por nós? Será que estamos conseguindo perceber a “pulsão” de cada uma delas? O que fazemos com a energia das crianças é o que realmente podemos fazer? Do que nós temos medo? Freud escreveu que a educação, a política e a psicanálise, são atividades impossíveis, pois as três lidam com a palavra. Mas é preciso interpretar o que Freud disse. O pensamento de Freud não significa que não há como exercer essas atividades. Nós educadores, sabemos que a linguagem é um poderoso instrumento para a educação. A psicanálise pode ajudar a compreender a criança, mas não substitui a educação. Escutar o que a criança diz e compreender seus anseios, conflitos, necessidades e curiosidades, pode ser revelador para nos apontar o caminho a seguir. Encontrar a saída para o "labirinto" pode estar diante de nós e está, quase sempre.

https://www.youtube.com/watch?v=k11vFj0qNw0

domingo, 25 de outubro de 2015

Bo-la na Ro-da

Fiz esse exercício de Consciência fonológica com a turma do Jardim B. Estavam presentes dezoito crianças ,das vinte e três da turma. 

Chamada Mandala
Primeiro, fizemos uma Chamada Mandala.  A Mandala, seu significado e diferentes interpretações, já foram trabalhados pela turma. Por isso, eles adoram tudo que se refere à mandalas. Fizemos uma roda deitados no chão. Braços e pernas abertos, para encostar nos amigos. Com as cortinas e olhos fechados começamos a brincar. Primeiro, pedi que as crianças fizessem  silêncio... Comecei, tocando um por um na roda e cada criança dizia seu nome baixinho. Depois sugeri que cada um respondesse ao meu toque falando o nome em voz alta. Por fim, repeti o nome de todos, que ainda deitados, foram convidados a pensar nas partes do seu nome.



Bo-La na Ro-da
Num segundo momento, com as crianças sentadas e já de olhos abertos propus abrir as cortinas e prosseguir com a brincadeira. Elas toparam e nós passamos à bola na roda. Cada um que pegava a bola de fisioterapia, tinha que sentar nela e dizer seu nome inteiro. Depois, tentar dividir seu nome em partes. Cada parte correspondendo a um pulo na bola sentado. EX: PAULO: Pau-lo (dois pulos, um para cada sílaba). Terminado o exercício, cada um escolhia o próximo participante. Foi extremamente interessante para eles brincar assim. Percebi que a maioria conseguiu separar seu nome corretamente. Os poucos que não conseguiram foram ajudados pelos colegas. De tal forma, que todos ficaram satisfeitos no final. Eu fui convidada por eles a separar o meu nome também e fingi ter dificuldade. Todos me ajudaram. As crianças chegaram a conclusão de que pode ser difícil, mas também pode ser divertido separar as sílabas. “Depende do jeito que a gente fala.” “Se a gente falar de um jeito pode aumentar as partes né prof?” “Mas se tiver bola é tri.” “Mas tem letra que é difícil de separar porque gruda.” “Gruda mesmo.” Risadas que fazem meus dias valerem à pena. 

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A Educação na Pós-Modernidade

Diante da chamada pós-modernidade, são muitos os desafios da educação. Se a sociedade pós-moderna vive o presente absoluto onde  tudo é passageiro, nossas relações humanas e afetivas, nosso trabalho, nossa individualidade, nosso querer, nossa realidade e nossos sonhos, não podemos simplesmente esperar que a infância seja diferente. A criança faz parte da sociedade, faz parte desse contexto político, social e histórico que estamos vivendo. Se vivemos numa sociedade formatada pelo consumo midiático, imediato e efêmero, onde não há tempo sequer para  o tempo, onde não há tempo  para ser pai e mãe, não há tempo para o brincar, nem tempo suficiente para ensinar e aprender, como educar essa nova infância que existe, está diante de nós todos os dias e não pode ,nem deve ser ignorada. Educar a infância na pós-modernidade requer novos  desafios para os educadores. Se a mídia pode facilmente seduzir o adulto com uma felicidade, beleza, saúde  e status ,convencendo-o  do  que ele pode e deve ser imagine a força descomunal da mídia no universo infantil.
Mas a mídia não está sozinha nessa. Estamos nessa  juntos: Família escola, governo,sociedade e também os meios de comunicação. E enquanto culpamos uns aos outros por essa infância pós- moderna, deixamos de pensar no que podemos fazer para educar essa criança da pós-modernidade. Quando se fala em educar a criança, um dos maiores erros que podemos cometer está na falta de planejamento e para haver planejamento é preciso observar a criança. O que a criança faz,  o que ela pensa, do que gosta, o que gostaria de aprender, qual é o universo dessa criança. Não pode haver educação sem observação. Ensinar requer humildade. Não apenas para aceitar a realidade como ela é, mas para poder entender essa realidade, trabalhar com ela e através dela. Educar a infância na pós-modernidade exige que rompamos os muros da escola e nossos muros internos.  A criança que está na escola, não está ali sozinha. Junto com ela está a família, a comunidade em que vive, suas crenças, sua moradia, seu lazer, o que come, o seu brincar, suas angústias e alegrias.
 Ao invés de pensar no poder da mídia, a educação precisa pensar no poder que tem sobre à infância. As crianças passam grande parte desse seu “tempo sem tempo” na escola. Então, porque não repensar  o tempo e  o proposto nas atividades escolares? A educação hoje não pode ser dominante, precisa aprender para poder ensinar. Precisa parar de buscar o êxito o escolar e repensar a forma de ensinar. Se queremos uma criança aberta à todas as possibilidades de aprendizagem, uma criança que  não apenas repita e se adapteao mundo adulto, uma criança capaz de pensar, criar e recriar o mundo, uma criança que possa exercer seu brincar livre de rótulos e fórmulas, uma criança que possa“ser” criança, precisamos continuamente, nos questionar sobre o que estamos fazendo e o que podemos fazer para isso. O maior desafio da educação não é o de mudar o mundo, mas de mudar seu próprio mundo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Sem ser criança verdadeiramente não é possível ser verdadeiramente adulto

Freud estava convencido da origem dos distúrbios neuróticos dos seus pacientes nas experiências da infância e foi um dos primeiros teóricos a enfatizar a importância do desenvolvimento infantil. De acordo com a sua teoria psicanalítica do desenvolvimento, as crianças passam por uma série de estágios psicossexuais. O papel do inconsciente, a importância das experiências da infância e a operação dos mecanismos de defesa são alguns exemplos das noções psicanalíticas freudianas que fazem parte da psicologia contemporânea. Ao “dar ouvidos” ao inconsciente, Freud abriu as portas para sentimentos, fantasias, sonhos, desejos e pensamentos reprimidos. Foi Freud quem descobriu que a fala podia ser um importante instrumento para a cura das doenças. Hoje, graças às descobertas freudianas, procuramos o porquê dos comportamentos excessivos, sabendo que as neuroses humanas não são sinônimo de loucura.  E mais do que isso, aprendemos com Freud que podemos ser “eu”, sendo muitos.
Os estágios do desenvolvimento infantil definidos por Freud são fundamentais no aprendizado da criança. Conhecendo esses estágios é possível entender e pensar na melhor forma de planejar esse aprendizado e educar a criança. O inconsciente é um poderoso agente do comportamento. Quando o inconsciente é reprimido e ao seu conteúdo é negada a conscientização, o consciente acabará sendo esmagado por esse inconsciente que mesmo aprisionado encontrará um jeito de sair. Realidade e fantasia fazem parte da vida da criança. Assim como nos contos de fada existe sempre o herói e o vilão, o bem e o mal, é fundamental para a criança, conseguir externar suas ansiedades e aflições. Pois a vida não é só feita de coisas belas. As crianças precisam conseguir elaborar em suas mentes, formas de lidar com isso. Sem ser criança verdadeiramente, não é possível ser verdadeiramente adulto. 
                                         
             "Brincando se pode dizer de tudo, até a verdade." Sigmund Freud
               www.youtube.com/watch?v=bIlFz3a0vJw

terça-feira, 20 de outubro de 2015

A Serpente das Vogais

Achei sensacional o material disponibilizado sobre os aspectos neurológicos da aprendizagem. Eu sei muito pouco sobre o assunto e gostei muito de saber sobre como maximizar a atenção e as emoções positivas da criança pode ampliar as aprendizagens. Por isso, no nosso dia a dia, precisamos planejar e executar atividades que envolvam a atenção e o prazer da criança. Usar esses ingredientes é essencial na alfabetização. Atividades em que a criança se sinta capaz, tenha êxito. Cabe ao professor propor essas atividades. Atenção e prazer estão muito associados à música e a jogos. Na educação infantil, o brincar e o aprender andam juntos. Essa brincadeira, mistura a música da serpente, que é bem conhecida das crianças com o aprendizado das vogais. É como um trenzinho, mas para fazer parte do rabo da serpente, tem que dizer uma palavra que comece com a letra A e só depois passar por baixo das pernas de todo mundo. Depois, numa segunda rodada, para entrar no rabo da serpente, tem que dizer uma palavra com a vogal E, e assim por diante. É divertido porque as crianças não podem soltar o rabo da serpente e aprendem a brincar em equipe. Tudo fica ainda mais divertido, quando a professora aparece com uma serpente gigante de pano. Todos dependem uns dos outros para a brincadeira dar certo.

"-Eu perdi o rabo." "-Então me segura." "-Acabô e agola?" "-Pega a minha mão."

“Quando a criança desenha ou canta, ela representa algo que lhe chamou a atenção. A criança canta uma música de que gosta, cujo texto lhe diz algo ou significa alguma coisa importante para ela.” (Prosser, 2003, pag.2)                         

sábado, 17 de outubro de 2015

Maquinaria Escolar X Pink Floyd

O livro Maquinaria Escolar nos mostrou como surgiu e foi se transformando o processo de escolarização. Como a escola foi se institucionalizando ao longo do tempo. A definição do estatuto da infância é fruto dessa transformação histórica do conteito de infância. As atitudes em relação à criança e a escolarização da infância evoluíram, não isoladamente, mas dentro de um contexto histórico de evolução abrangente, que envolve economia, política, religião, família e sociedade. De tal forma, que podemos perceber ao ler Maquinaria Escolar, que o modo de ver a infância e a escola não foi se adaptando tendo como foco e objetivo a educação, mas ao contrário, a educação foi se moldando, conforme a necessidade do poder, da política, da economia, das instituições religiosas e das classes dominantes.
Mas foi na aula presencial ao som de Pink Floyd, com o videoclipe de "Another Brick In The Wall", que realmente me impressionei, ao ver como o texto do livro está mais próximo da realidade do que poderíamos supor, ou mesmo, do que gostaríamos de admitir. A cena que mais me causa impacto é a do professor destruindo o potencial criativo do aluno. Outra coisa que nos remete à uma reflexão imediata é questão dos muros da escola. Os alunos, nos primeiros centros de ensino, foram isolados, cercados por muros de monastérios, em centros de estudos, para serem moldados e aprenderem. O clipe do Pink Floyd, nos mostra que os muros escolares continuam moldando alunos em série. A educação massificada continua destruindo o processo de aprendizagem em suas potencialidades. Tivemos um debate acalorado, porque quando se discute a maquinaria escolar é impossível não deixar de questionar o papel do professor nesse processo. Que escola é essa, que prende seu aluno entre muros externos e internos, quando deveria dar asas ao conhecimento e liberdade para o pensar?


Obs: Curti muito Pink Floyd na minha adolescência e essa música é um marco na minha história, que inclui rebeldia escolar. Posso ver esse clipe mil vezes e mil vezes vou me emocionar. É um grito de liberdade. Adoro!!!!!!!


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Infância na Mídia

 Vivemos numa sociedade baseada no agora e no ter. Com a criança não é diferente. Ser criança hoje é comprar. Comprar para ser feliz. Comprar sem parar, porque o objeto do desejo de consumo da criança muda rapidamente. Como se a felicidade da criança dependesse de determinado brinquedo, roupa, mochila, tênis, lanche... Trabalho na Educação Infantil há três anos e as frases que mais escuto na nossa roda de conversa, no retorno das crianças, segunda feira são: "Ganhei da minha mãe no shopping.” "Trouxe do Mc e eu comi um montão de batatinha. Agora só falta um pra completar a coleção." "O meu pai vai comprar pra mim, se eu me comportar.” “O teu tênis é frau." "Eu tenho muitas bonecas." "Eu tenho mais." "Eu tenho todas."  Raramente, alguém me diz que foi brincar na praça ou no parque, ou ainda que brincou com os pais... Quem não tem, sofre por não poder ter. Quem tem, sofre por sempre querer mais. Isso, sem falar na erotização da criança e na propagação de ideias racistas, homofóbicas e machistas através da música, da dança, dos comerciais, dos programas de TV e da forma e fórmulas massificadas da infância nos meios de comunicação. A massificação destrói a identidade da criança. Mas a questão do consumo infantil vai muito além da mídia. Antes de educar a criança é preciso reeducar os próprios hábitos. Hábitos de consumo estão diretamente relacionados à rotina diária, ao lazer, à alimentação, à prática de esporte, ao convívio familiar e escolar das crianças. Enquanto cruzamos os braços diante do assunto e culpamos a mídia, estamos criando uma geração triste e infeliz. Porque ninguém pode ter tudo e vamos combinar, que ninguém precisa ter tudo para ser feliz. 
 *Frau é uma gíria para lixo, feio, nada a ver. 
Navegando na internet descobri o Milc (Movimento Infância Livre de Consumismo).Para conhecer o trabalho do Milc, acesse o blog e siga o Milc nas redes sociais como Facebook, Twitter e Youtube. As ilustrações abaixo, fazem parte da campanha do Milc para o subtituir o consumismo infantil por uma presença maior dos pais e pelo brincar na infância.

Li na página do face T de Tati uma reportagem do Brasil Post muito interessante: Lugar de criança não é no shopping : 
http://www.brasilpost.com.br/carolina-delboni/lugar-de-crianca-nao-e-no_b_8103536.html
No YouTube, além do excelente documentário "Criança a Alma do Negócio" sugiro os vídeos: "Vida É Atitude - Mídia e Infância" e "Racismo Desde Criança Comparando as Bonecas." 


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Entrando na História

                                                                            
Existem quatro tipos de conhecimento envolvidos no processo de aprendizagem: Conhecimento físico, conhecimento motor, conhecimento lógico e conhecimento social. Pensando numa atividade que reunisse todos esses conhecimentos, escolhi uma “contação.” Todos nós temos necessidade de contar aquilo que vivenciamos, sentimos, pensamos, sonhamos... Foi dessa necessidade humana que surgiu a literatura, do desejo de ouvir e contar para compartilhar. Eu adoro contar histórias para as crianças. Elas sabem disso e sabem que quando eu conto histórias, as faço entrar dentro delas...

                                               
Prof. conta uma história
“Prof. conta uma história legal.” “É... Daquelas !” “Com muita coisa legal! ”  “ É ... Uma história legal com muita coisa legal.” “A do Peter Pan!!!” “ÉEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!!!!!!”
E foi assim, atendendo à  pedidos,  que levei minha sacola de histórias para o Maternal  2. Sentadas na Hora da Roda, elas não apenas ouviram a história, mas entraram dentro dela, participando ativamente da “contação”. O que pode ser melhor que ouvir história? Ouvir história e entrar dentro dela.
Conhecimento físico:  As crianças tocam e manipulam os diversos objetos da história que passam de um para outro: O boneco do Peter Pan, o crocodilo TIC TAC, a concha das sereias, o céu estrelado de pano, a lagosta e seu filhote, a pequena espada do Peter Pan, o livro da história...
Conhecimento motor: As crianças imitam as sereias cantando, correm dos piratas batendo os pés, do crocodilo batendo os braços e nadando bem rápido, imitam o movimento do crocodilo dentro e fora da água. Sentam com os índios e tentam reproduzir o modo índio de se comunicar e dançar, voam como o Peter Pan, com a Sininho e os meninos da Terra do Nunca. Depois de ganharem o pozinho de pirlimpimpim, é claro.
Conhecimento Social:  Enquanto participam da história, as crianças falam de si mesmas, da história, dos elementos apresentados, ouvem os colegas, conversam, enriquecem seu vocabulário e o conhecimento de si, do outro e do mundo: “Eu adoro essa história.” “Mas eu não gosto do Gancho.” “É o barulho do mar. Que legal!” “Será que tem seleia dentro da concha?”  “ Eu tenho uma concha. Peguei no mar.” “É lindo o mar.” “A Terra do Nunca é muito longe?” “O crocodilo morde?”
Conhecimento lógico: Distribuo os materiais novamente e peço a cada criança que conte uma parte da história com o objeto que pegou: “Daí o Pete Pan voou, voou assim ó. Ele cantava uma música. Todo mundo junto...” “O cocodinho fazia tic tac, tic tac , daí o Capitão Gancho tinha medo né prof.?” “ As sereias moram no mar. Lá no mar tem  concha. E na concha também tem o mar. Né prof?”  
Fim da história: Vamos todos brincar no pátio de Peter Pan. Eu quero ser a Sininho e por isso coloco o pó de pirlimpimpim em cada um, antes de saírem voando. Lá fora, a Terra do Nunca nos espera...


                          "Pensamentos felizes fazem a gente voar." Peter Pan