segunda-feira, 26 de setembro de 2016

A História e o Tempo

                                                        A Grande Onda de Kanagawa
                                                     
“Desde a idade dos seis anos, eu tinha a mania de desenhar objetos. Por volta dos 50 anos, havia publicado uma infinidade de desenhos. Aos 70, compreendi mais ou menos, a verdadeira natureza: as plantas, as árvores, os pássaros, os peixes, os insetos. Em consequência, aos 80 terei feito ainda mais progresso. Aos 90 terei penetrado no mistério das coisas; Aos 100 anos decididamente chegarei ao estágio de maravilhamento e... quando eu tiver 110 anos, para mim, seja um ponto ou linha, tudo será vivo.” 

O texto acima é um poema prefácio do artista japones Katshuhiko Hokukai, escrito no século XVIII, para sua série de pinturas batizadas de "Trinta e Seis Visões sobre o Monte Fuji" (que na verdade eram 46). A Grande Onda de  Kanagawa, mais conhecida como A Onda, pintura feita em xilogravura é principal obra do bloco. Ao ler o poema “ Marcas da Vida”, de Katshuhiko HoKukai, fui tomada por um encantamento, pela curiosidade e pelo espanto de aluna e professora curiosa que sou. Primeiro, fui saber quem era o autor que tinha tido uma vida tão cheia de experiências e aprendizagens e ainda assim planejava o futuro de forma tão simples, diferente e otimista. O tempo para ele parecia não ter um fim como o conhecemos. Como se o fim pudesse ser o começo. Ainda assim, o poema fala de passado, presente e futuro. Nos mostra a serenidade e a percepção que a sabedoria do tempo e a paciência de nossas reflexões e observações de nossas aprendizagens cotidianas podem nos trazer. O pintor Pablo Picasso tem uma frase maravilhosa sobre o tempo que levou para aprender a desenhar:
"Eu passei anos desenhando como Raphael,mas levei a vida inteira para aprender a desenhar como uma criança."

Esse caminho que a nossa história percorre, à primeira vista, de forma linear e em sentido horário, mas que pode ganhar contornos, retornos, sentidos não lineares e movimentos surpreendentes. O poema nos mostra que a história é uma construção do tempo e que as etapas do tempo se misturam e se completam, interagindo umas com as outras. Presente, passado e futuro não se separam verdadeiramente. Porque a vida é esse tempo como um todo. O poema fala de vida. História, mais que tempo é sinônimo de vida. Hokukai em seus diferentes olhares sobre o Monte Fugi abre possibilidades infindas para exercitarmos nosso olhar. Está aí um excelente exercício para fazermos em nossas escolas: Olhar o nosso cotidiano constantemente e registrar as mesmas cenas, cenários, atividades, brincadeiras, ambientes e situações de diferentes formas e várias vezes, em diferentes tempos. 

Referência : https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Grande_Onda_de_Kanagawa -acesso em 26/09/2016
                                                                                              

domingo, 25 de setembro de 2016

Gaiolas ou asas


“Há escolas que são gaiolas e escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados têm sempre um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam os pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem de voar. Ensinar o voo, isso elas  não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. só pode ser encorajado." (Rubem Alves)

Escolas que são gaiolas
Escolas que são asas
Amam os pássaros engaiolados;

Amam os pássaros em voo;

Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados têm sempre um dono. Seu dono pode levá-los aonde quiser;

Pássaros em voo são livres; Ensinar o voo, isso elas não podem fazer. Por que o voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado;

Deixaram de ser pássaros;

Porque a essência dos pássaros é o voo;

Existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo.


Existem para dar aos pássaros coragem para voar; Não ensinam a voar. Encorajam o voo.

O autor utiliza o aforismo para nos fazer pensar sobre a educação. A educação não pode ser confundida com enquadramento, com padronização, com produção em série. A escola precisa se desatrelar da burocracia a que vem se sujeitando ao longo dos tempos. Precisa repensar a sua função que é a de educar. A ética, a estética, a descoberta e
a alegria têm que estar no centro do processo educativo. O educador precisa encontrar o caminho do encantamento. Educar é encantar, provocar, despertar, estimular, fazer pensar, aprender e ensinar. É espantar.  A educação não pode e não deveria estar desvinculada do prazer e da alegria. A educação prazerosa está conectada aos nossos sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. Está ligada aos movimentos do nosso corpo. Um dos objetivos da educação é desenvolver a inteligência, não é ter resposta. Educar não é aprisionar o conhecimento.

Precisamos romper os muros que cercam a escola, porque um dos problemas da escola é que ela ignora quem são e como vivem seus alunos além de seus muros. Quais são os interesses dos nossos alunos? O que lhes poderia causar espanto, curiosidade, inquietação?  Precisamos pensar no que a escola é, no que ela deveria ser e no que ela pode ser. Precisamos estimular a curiosidade e as novas descobertas.  Precisamos aprender a não limitar o pensar.  A escola precisa parar de proibir o pensar. Nossa função como educadores é estimular o pensamento, não  é pensar pelo aluno. A educação tem que dar asas aos seus alunos. Ensinar não é subjulgar e medir intelecto e não pode significar entristecer a vida, o professor e o aluno. Está aí o nosso maior desafio: acreditar que uma outra educação é possível e fazer o possível para que ela se torne realidade. Cabe a nós educadores a tarefa de acreditar.

Esta reflexão me fez lembrar uma das músicas que as crianças da EMEI Tio Barnabé (onde trabalho), mais gostam de cantar:
Pássaro triste/ Preso na gaiola/Se fosse livre/Era bem melhor/Chega de gaiola/Chega de prisão/Lugar de passarinho/Não é a gaiola não...

REFERÊNCIAS:
ALVES, Rubem. Gaiolas ou asas? In: ALVES, Rubem. Por uma educação romântica. Campinas: Papirus, 2002, p. 29-32.
Documentário https://www.youtube.com/watch?v=77S56jvPHY0 -acesso em- 24/09/2016.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

A Liberdade da Escrita


"Quando somos o que escrevemos, a(r)riscamos:  somos escritores, protagonistas de nossa obra.” (Trece, 2003. p. 115)

São muitas as possibilidades da escrita. Quando escrevemos podemos utilizar estratégias: Argumentação, dissertação, descrição e narração, combinar essas formas entre si, misturá-las, acrescentar outros estilos e formatos. Escrever abre portas para infinitas possibilidades. No entanto, há algo em comum em todos os textos: intencionalidade. Quem escreve quer dizer algo, ser compreendido, acreditado.
Por isso, é importante que tenhamos ao escrever, esse cuidado com a preocupação do sentido da nossa escrita, com o foco do nosso texto, com a unidade do que estamos a dizer, com o propósito daquilo que estamos dizendo e nosso argumento de convencimento do leitor, com o uso de citações de textos autorizados e a forma correta de utilizar essas citações para que nos ajudem a dizer e não o contrário e com o uso de argumentos de exemplos concretos que se apliquem à realidade.
No entanto, o que considero de suma importância, mais do que  qualquer técnica que possamos aprender para construir um texto argumentativo com evidências e bem construído é justamente aprender a desconstruir ideias pré concebidas sobre escrever. Precisamos manter em mente que escrever é uma obra aberta que permite modificar, acrescentar, corrigir, reformular. Segundo o autor Onildo Sena:

“Diferentemente do que muitos pensam, escrever é uma obra sempre aberta, passível de receber ajustes, reformulações e aperfeiçoamentos nas mais diferentes circunstâncias.” (p. 181, A engenharia do texto)

Escrever torna-se assim, um ato de liberdade. Liberdade da palavra. Liberdade de expressão. Liberdade de estilo na escrita. Liberdade de autoria. Liberdade daquilo que queremos dizer e comunicar. Escrever exige prática e apenas um exercício: escrever, escrever e escrever...

Referências:

Sena, Odenildo. A engenharia do texto: um caminho rumo à prática da boa redação. 4. ed. Manaus: Editora Valer, 2011.
Trece, Liane. O a(r)riscado; reflexões sobre a angústia e a letra. In: Fernades, Maria auxiliadora Mascarenhas (org). Quando uma criança precisa de análise. São Paulo: Casa do psicólogo, 2003, p. 101- 118.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Registros de Aprendizagens

O Eixo IV começou com a abordagem dos focos deste semestre: O fortalecimento do Portfólio, dando ênfase para os aspectos da autoria, referências, evidências e argumentos e também a sequência dos projetos de aprendizagens. Em seguida retomamos a Síntese Reflexiva do Eixo III. Foram levantadas questões importantes para discussões em grupos:

Qual o significado atual do Portfólio? Houve alguma mudança na sua forma de entendê-lo e nas suas postagens? O que se aprende nessa escrita? Que dificuldades envolvem esta escrita?

O portfólio tem sido minha principal fonte de registros das aprendizagens do PEAD. Funciona para mim como uma bússola. É ele quem me aponta o Norte. Procuro postar o que mais me impactou em cada interdisciplina. Isto faz com que este material, com textos organizados e compilados, se transforme no fio condutor da minha escrita para o Workshop. O exercício desta escrita, tem feito com que eu busque qualificar cada vez mais minhas postagens com argumentos, evidências e referências que mostrem a ligação entre a teoria e a prática. Minha maior dificuldade tem sido conciliar o prazo para postar e a vontade de aprofundar mais o assunto.

O que a Síntese Reflexiva do Semestre? O que se aprende nessa escrita e na apresentação da Síntese? Que dificuldades envolveram esta escrita?

A síntese reflexiva é a reunião das aprendizagens do semestre. Neste conjunto, onde tudo cabe e se encontra estão as aprendizagens mais significativas das interdisciplinas. Esta síntese me ensina a refletir não apenas sobre o que aprendi, mas também sobre a forma como me organizo e organizo meus conhecimentos. É através dela que percebo a ligação que existe entre as interdisciplinas. A apresentação da síntese reflexiva é fundamental para a troca de aprendizagens, vivências e conhecimentos entre as colegas. Essa troca nos alimenta, nos estimula e nos inspira.Neste semestre, a maior dificuldade, além das normas da ABNT, foi o desafio de interligar conceitos das interdisciplinas. 

O texto é apresentado como uma construção de signos, que podem ser elaborados com auxílio das estruturas internas ou externas por um sujeito, para expressar o seu pensamento, suas opiniões, suas concepções, seus valores ou crenças, que surgem do processo de interação com outros sujeitos a partir da experiência num determinado tempo e contexto histórico. E se esse sujeito revela as suas interações por meio da escrita, é porque deseja se comunicar, ou seja, alguém para ler o comunicado (VYGOTSKY, 1987; BAKHTIN, 2000).

Referência: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução: Maria Ermantina G. Gomes. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

domingo, 11 de setembro de 2016

O Mundo e o Eixo IV

E que venha o Eixo IV com sua Representação do Mundo. 

Resultado de imagem para a criança e o mundo


Interdisciplinas 
Professor (a)
Tutor (a)
Representação do Mundo pela Matemática


Representação do Mundo pelas Ciências Naturais


Representação do Mundo pelos Estudos Sociais
Simone Valdete e Caroline

Seminário Integrador IV
Cíntia Inês Boll
cintiaboll@gmail.com




Castro (2004), afirma que o saber científico não é meramente transmitido, revelado ou adquirido. Ele é construído a partir de várias referências, num constante processo de ir e vir, e num incansável exercício de aproximação e distanciamento que engendra uma visão do mundo que se modifica constantemente.

sábado, 10 de setembro de 2016

Apresentação Eixo III

        Fiz minha apresentação do Workshop III na banca de número sete, meu número de sorte e também um número que envolve cabala e misticismo. As palavras chaves para o número sete são: análise, investigação, lógica e reflexão. Eu estava destinada a apresentar minha síntese reflexiva na banca da reflexão. Coisas de magia? Sei lá. Paralelo 30. Mesmo sentindo que a sorte estava ao meu lado, organizei com cuidado a apresentação, porque  eu já havia aprendido muito com os erros da minha primeira apresentação durante o Workshop II. Especialmente a não extrapolar o tempo de dez minutos permitido. Meu objetivo era limitar o número de slides e utilizar imagens e palavras chaves que pudessem ajudar a fala tornando dinâmica a apresentação. Eu queria ter tempo suficiente  para falar sobre o que considerei mais relevante na aprendizagem do Eixo III e de que forma estou utilizando este conhecimento na minha prática como educadora.
        Fiquei bastante orgulhosa do resultado final. Penso que consegui fazer uma boa apresentação, porque texto e imagens falavam a mesma língua. As colegas prestaram atenção no que eu dizia e interagiram comigo durante a apresentação. Consegui responder as perguntas feitas pelo professor Credine Menezes com tranquilidade e durante a apresentação meu nervosismo foi desaparecendo e dando lugar à sensação de segurança e de dever cumprido, por ter feito e dado o melhor de mim. O que mais me chamou  atenção durante as apresentações foi perceber que não basta saber sobre o assunto sobre o qual vamos falar. É preciso saber dizer sobre o assunto. Porque como eu penso é algo pessoal, mas como eu falo é algo que precisa ser democrático. Pode transmitir ideias ou bloquear essa transmissão. Nesse sentido, a fala precisa ser um canal de comunicação e não uma barreira do conhecimento. Isso vale para a sala de aula, na relação professor e aluno, entre nossos pares educadores e na relação com toda a comunidade escolar. Já dizia Chacrinha, o Velho Guerreiro: "Quem não se comunica, se trumbica."

         Resultado de imagem para quem não se comunica se trumbica