domingo, 28 de maio de 2017

Sonho Educação e Neoliberalismo

                                                  

Na interdisciplina de Organização do Ensino fundamental, pudemos assistir ao vídeo com a aula inaugural da Faculdade de Educação da UFRGS sobre as mudanças na LDBEN. Concordo plenamente com o professor Carlos Roberto Jamil Cury: “A educação é um campo de discussão, de diferentes pontos de vista, não é uma escola sem partido, é campo de divergência e divergentes, mas uma coisa é discutir a educação, debates, questionar, discordar, querer modificar, transformar, melhorar... Tudo isso faz parte e deve fazer parte no processo de evolução da educação dentro de um país, o que não pode acontecer e é exatamente o que está acontecendo, é a construção de uma educação de cima para baixo, sem a participação  dos verdadeiros sujeitos da educação.

O que estamos vendo hoje em nosso país é a antidemocracia nas questões de cidadania e nos direitos do cidadão garantidos pela Constituição do Brasil. O que poderíamos esperar de um governo sem legitimidade? A questão aqui, quando se trata de mexer na LDBEN, da forma como o governo está tratando o assunto, não tem o objetivo de melhorar a educação, mas de impor uma educação à serviço do Estado, penso que seria andar na contramão do que se propõe uma modificação que poderia trazer benefícios. Não acredito em um Ensino Médio desigual, que mais parece a perpetuação da Maquinaria Escolar: Para os afortunados economicamente uma educação de qualidade, para os desprovidos de sorte, o trabalho à serviço do poder e das exigências do mercado econômico. Profissionalizar uma geração em que condições? Se o barato sai caro, quem vai pagar o prejuízo? O poder de escolha dos alunos estará restrito à inúmeros fatores que não têm como objetivo a educação. A formação específica é uma vantagem para quem? A ausência ou deficiência da formação geral serve a quem?

A sensação que tenho é de que estamos vivendo uma ditatura disfarçada de democracia mascarada que tudo pode e a nós cabe obedecer. O neoliberalismo nunca foi parceiro da educação e no Brasil hoje, estamos vivenciando o modelo mais radical de neoliberalismo possível, quando a educação está a favor do capital e não o contrário e de uma forma abertamente discriminatória. Penso não haver outra saída que não seja a mobilização da sociedade como um todo para evitar o retrocesso sem precedentes na educação. Leonardo Boff nos convida no vídeo do link abaixo a uma reflexão importante sobre a ascensão da direita em nosso mundo: “A direita não tem sonhos e o que move uma sociedade é o sonho, a utopia, um projeto de país e de povo.” Se estamos condenados a ter sonhos, lutemos para que eles possam tornar-se realidade ou no mínimo para que tenhamos a consciência, de que tudo fizemos para impedir que a educação andasse para trás em nosso país.

https://www.youtube.com/results?search_query=leonardo+boff+neoliberalismo


domingo, 21 de maio de 2017

Uma bússola muitos caminhos

Na interdisciplina de Projeto Pedagógico em Ação elaboramos mapas conceituais para retratar nossas descobertas. É sempre interessante perceber a forma como cada uma de nós organiza suas descobertas de aprendizagem. Essa construção do conhecimento organizado em esquema é mais uma ferramenta de aprendizagem para nossos alunos. O mapa conceitual que fiz baseado nas descobertas do projeto Construtores da Natureza, realizado na turma do Maternal 2, da EMEI Tio Barnabé, onde trabalho, nasceu do espanto das crianças ao encontrar um formigueiro. As formigas foram o ponto de partida para o mundo paralelo que existe no jardim e no pátio da escola. Depois vieram as abelhas, a lagarta, o grilo, o caracol, a joaninha, o passarinho. Uma coisa levando a outra. Ao organizarmos nossas descobertas desta forma, descobrimos um mundo de possibilidades para aprofundar nossas investigações e até mesmo para modificá-las. Podemos com nossos mapas construir e até mesmo desconstruir nosso conhecimento sobre o assunto. Fazer um mapa conceitual é como arrumar a roupa na mala para viajar, podemos acrescentar, retirar, modificar, reorganizar... Olhando os mapas podemos perceber como nossas descobertas foram se conectando e sendo construídas. Nossa intenção agora é utilizar os mapas conceituais que construímos como forma de reforçar nossas aprendizagens e também como uma bússola que possa nos apontar novos caminhos de pesquisa.






domingo, 14 de maio de 2017

Olhar sem preconceito

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                Estamos estudando na interdisciplina de Psicologia da Vida Adulta diferentes questões do ser adulto. Nosso grupo terminou a pesquisa sobre a aprendizagem na EJA. Destaco aqui a questão do preconceito que envolve o aludo da EJA. É interessante perceber a capacidade do ser humano de se reinventar e foi isso que tentamos mostrar em nosso trabalho: essa força humana que caída por si ou derrubada por inúmeras causas é capaz de girar sobre si mesma e sobre o mundo, transformando a vida e criando novos caminhos e possibilidades. A EJA é uma tradução dessa capacidade de se reinventar.
        Os alunos da EJA são extremamente marginalizados, sofrem inúmeros preconceitos, têm vergonha, baixa autoestima, sentem-se solitários e sem perspectivas. As críticas que recebem em relação ao seu “não saber,” acontecem dentro da escola, dentro da comunidade em que vivem e na própria família, que muitas vezes não acredita em seu sucesso de aprendizagem ou precisa deste jovem (e ou) adulto para outra função dentro de casa, no período em que  o aluno está na escola. O aluno da EJA é frequentemente motivo de risadas e piadas cruéis. Chamado de “burro” por tantos que o cercam e que o deveriam apoiar, acaba duvidando de si.  Esquece que existe uma diferença enorme entre saber ler e escrever (ser alfabetizado) e saber ler o mundo. Não sabe ele mesmo, que a experiência de vida, sua história, cultura e visão do mundo são e serão aliados em sua aprendizagem. É essa bagagem de vida que o aluno traz com ele quando volta para dentro da sala de aula, que vai nortear sua aprendizagem.
           Paulo Freire nos diz que a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Mas afinal, o que é a leitura do mundo? Antes de uma pessoa ser alfabetizada e aprender a decodificar códigos e símbolos, ela já sabe ler implicitamente, talvez não as palavras grafadas num livro, mas essa pessoa sabe ler a vida. É na escola que o aluno da EJA vai buscar a força e a motivação para transformar a vida, cada um dentro de sua trajetória única, espera da escola, o que nem sempre encontra. Segundo Naif (2005, p. 402):

         [...] a escola muitas vezes encontra dificuldades para compreender as particularidades desse público, no qual os motivos que os levam à evasão, ainda no início da juventude, e as motivações que envolvem sua volta à sala de aula são informações preciosas para quem lida com a questão. Deixá-los escapar leva à inadequação do serviço oferecido e a um processo de exclusão que, infelizmente, não será o primeiro na vida de muitos desses alunos.

               A escola precisa olhar para o aluno da EJA. Existe uma diferença entre ver e olhar. Para ver basta abrir os olhos. Olhar precisa de tempo, dedicação, percepção. É no sentido de traçar um olhar não linear para este aluno que traz características diferenciadas que o professor e a escola devem planejar suas metas e definir seus propósitos. Do contrário, o excluído continuará sendo excluído. Não basta abrir as portas da escola e deixar o aluno da EJA entrar. É necessário abrir os olhos para ver esse aluno em toda  a sua peculiaridade. 



Referências: 

       NAIFF, L. A. M; SÁ, C. P., & Naiff, D. G. M. (2005). Exclusão social nas memórias autobiográficas de mães e filhas [CD-ROM]. In: Anais da IV Jornada Internacional e II Conferência Brasileira sobre Representações Sociais (pp. 1233-1247). João Pessoa: Editora da Universidade Federal da Paraíba.
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. Editora Cortez. São Paulo, 1998. 
TIBURI, Márcia. Aprender a pensar é descobrir o olhar. Artigo originalmente publicado pelo Jornal do Margs, edição 103 (setembro/outubro, 2017). 
   

    

domingo, 7 de maio de 2017

Pensar e Dizer Coletivo

                                      
                                                      
                                     Pela liberdade de expressão!

"Somos como quatro mosqueteiras, sempre juntas, no melhor e no pior. Tão diferentes, mas tão próximas. Só a gente sabe as milhas de distância pra chegar até aqui e as esquinas por que passamos. Essa luta é nossa. Essa luta é da Mafalda! Seguir e lutar.Temos muita sorte de termos uma a outra nessa caminhada UFRGS. Se a vida é trem bala, somos o Orient Express. Essa luta é nossa! Essa luta é da Mafalda!" 

Estamos construindo nosso blog coletivo(eu e as colegas Angela, Franciely e Mara), na interdisciplina de Projeto Pedagógico em Ação, absorvendo textos de diferentes autores, tentando encontrar um caminho de ligação em nossas aprendizagens e um elo de troca de conhecimento. Dentro do Projeto Mafalditas (inspirado no personagem questionador e lutador de Quino), tem sido um desafio muito grande organizar nossas intenções e nossas práticas em nossa escrita. 
Somos quatro estudantes do PEAD com trajetórias de vida distintas, diferentes pensamentos e ideias sobre tudo e sobre todos, somos educadoras com funções diferentes em diferentes escolas, com quatro projetos que trazem elaboração e propostas diferenciadas também. Sendo assim, como trabalhar deforma coletiva na intenção de uma escrita que traduza nosso pensar coletivo sem perder nossa individualidade?
DUPRAW e AXNER, CAMPOS et al (2003, p. 70), falam sobre os diferentes aspectos culturais, que afetam as interações em grupo, tais como: diferentes estilos de comunicação (nem sempre a comunicação é fácil, mesmo quando há conhecimento mútuo entre os alunos); diferentes atitudes diante de conflitos; decisões; diferentes atitudes diante de novas descobertas e diferentes abordagens sobre o conhecimento:"A aprendizagem colaborativa parte da ideia de construção coletiva, na busca de novos conhecimentos, que por sua vez, resultam da interação entre os indivíduos."
Nesse sentido, as diferenças que nos distanciam são as mesmas que nos aproximam na construção do blog e na busca pelo conhecimento. Existem diferenças entre nós e entre o fazer individual e o fazer coletivo. A solidão que existe em ser reflexivo individualmente nos acorda para a importância da criação de lógicas de trabalho coletivas, para a necessidade da troca de experiências e de compartilhar nossas reflexões. Para gerar reflexão efetiva e gerar conhecimento é preciso compartilhar. Estamos aprendendo que o fazer coletivo não significa exclusão da individualidade, mas a soma dessas individualidades, que traduz em si, nossas dúvidas e descobertas.



Referências: CAMPOS, F. et al. Cooperação e aprendizagem on-line. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.


sábado, 6 de maio de 2017

Analisar o Subjetivo

                 

Escrever não é tarefa fácil. Requer coragem para expressar as próprias ideias. Analisar a escrita de outra pessoa é algo ainda mais difícil.  Se pensarmos que o que está escrito parte da visão, da lógica e do pensamento de quem assim escreveu, parece ser inviável que outro julgue aquilo que é estritamente pessoal: O modo de ver e pensar sobre as coisas.
A interdisciplina de Seminário Integrador nos propõe o exercício do nosso olhar sobre a escrita do outro, ou seja, do nosso olhar sobre o olhar do outro. Ao analisar a escrita do blog da colega Angela Nunes, qualificando e quantificando suas postagens, fui constantemente invadida por dúvidas sobre esta qualificação e quantificação. A postagem é descritiva, questionadora ou reflexiva?
Minha observação ficou limitada à conceitos determinados. Tentei ser objetiva sem deixar de tentar compreender a subjetividade dos textos. Não sei se consegui. Não sei se fui justa em minha análise. Não sei se compreendi a profundidade dos textos e o que eles realmente querem dizer. Para mim, a reflexão, às vezes, pode estar num contexto, numa frase, numa pergunta. Será que o outro não se faz compreender em sua intenção ou eu não consigo compreender o outro em minhas próprias limitações?
Sartre nos diz: “ O inferno são os outros”, numa referência ao olhar do outro.  Ao mesmo tempo, é pelo olhar do outro que reconhecemos a nós mesmos, com erros e acertos. Sendo eu o outro nesse olhar, espero não ter sido o inferno da colega Angela em minha análise. Do contrário, terei eu roubado o significado daquilo que chamamos subjetivo:
“Os sentimentos que tomam conta é o de exílio, de expatriação, de abandono, de falta de identidade; sente-se o esvaziamento da liberdade [...] sente-se a morte da singularidade do ser sujeito, pois a impressão é de que o outro rouba o significado da própria subjetividade.” (AGUIAR, 2003, p.101).


Referências: AGUIAR, E. P. Conflito e intersubjetividade em o ser e o nada de Sartre. 2003.Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. 2003.