domingo, 30 de setembro de 2018

Contação de História

                                     

    A Contação de Histórias faz parte da minha própria história. Minha vó materna contava histórias com todos os netos em sua cama. Já meu pai, gostava de contar histórias para os filhos em sua cadeira de balanço. Ouvíamos essas histórias sempre imaginando os personagens e as ações da narrativa. Entre irmãos e primos, essas contações podiam reunir cerca de 12 crianças de diferentes idades. Foi com minha avó e meu pai, que aprendi o quanto as histórias podem ser adaptadas para diferentes faixas etárias e recontadas muitas vezes, sem nunca deixarem de ser interessantes.
   O contador de histórias para crianças pequenas é uma ponte (o meio) entre a literatura (emissor) e a criança (receptor e futuro leitor). A forma de contar história para os pequenos pode atrair leitores ou afastá-los. Como pode um grupo de crianças se interessar por uma história contada s pressas, mal enxergando as ilustrações de um livro, com páginas que viram sem que possam acompanhá-las e quando são impedidas de manifestar suas opiniões e curiosidades? O processo de formação de leitores começa antes da alfabetização e se a Educação Infantil não cumprir seu papel de despertar esse interesse, o Ensino Fundamental terá o árduo trabalho de resgatar leitores. Quem conta história para crianças deve ter em mente, que não é proprietário da história e que ouvir e contar necessita da prática do compartilhar. É isso que faz a história ganhar vida.
      Para os pequenos a história precisa ser saboreada, tocada, sentida. É sobre isso que nos fala a professora Gládis Kaercher no capítulo E por falar em Literatura, do livro Educação Infantil pra que te quero? “Se observarmos atentamente, veremos que é destas práticas, de ouvir e contar histórias, que surge a nossa relação com a Leitura e a Literatura. Portanto, quanto mais acentuarmos no dia-a-dia da Escola Infantil estes momentos, mais estaremos contribuindo para formar crianças que gostem de ler e vejam no livro, na leitura e na Literatura uma fonte de prazer e divertimento.” (pág. 82)
    Convidada a ser a contadora de histórias na Semana da Criança na EMEI Tio Barnabé, perguntei às crianças que história gostariam que eu contasse. Para minha surpresa, a grande maioria escolheu uma história que achei que já tivessem enjoado: “Bruxa Bruxa venha à minha festa”. Decidida a surpreendê-las, escolhi objetos diferentes para representar os personagens. Assim, um espanador virou unicórnio, meu xale virou o espantalho, um regador virou um tubarão, uma pinha virou o dragão, um chapéu de tricô virou fantasma, uma gravata virou cobra ... Durante a narrativa, as crianças interagiam com a história, adivinhando personagens, tocando nos objetos e sendo seres e coisas.  

                                     

REFERÊNCIAS: 

CRAIDY, Carmem Maria; Kaercher, Gládis Elise P. da Silva.  Educação Infantil pra que te quero? ARTMED. Porto Alegre, 2001.
DRUCE, Arden. Bruxa Bruxa venha à minha festa. Brinque Book.

Arquiteturas de Jogos na Educação Infantil


Quando fiz minha inscrição para o curso de extensão Arquiteturas de Jogos na Educação Infantil, ministrado pelo professor Rodrigo Saballa, do Departamento de Estudos Especializados da Faculdade de Educação da UFRGS, não tinha muita esperança de conseguir uma vaga como aluna, pois o curso é bastante concorrido e eu já havia tentado antes sem sucesso. Também não sabia muito bem do que se tratava e imaginei que teríamos aulas de como pensar e elaborar jogos para as crianças de 0 a 6. Fiquei imaginando que teríamos orientações para atividades, exemplos de atividades, aprofundamento de teorias... Quem sabe algo sobre o brincar heurístico? Quem sabe ainda, algo que trouxesse inspiração do que está sendo feito na Reggio Emilia na Itália ou na Escola da Ponte em Portugal? Que surpresa a minha, quando dei de cara com a primeira aula.
A aula já começou com o que significa arquitetura de jogo. O conceito aqui é de uma arquitetura de modo, de inspiração, de possibilidade e nunca uma seita. Sendo assim, não cabe na arquitetura de jogo a cópia, o endeusamento de escolas, teorias e práticas, que mesmo sendo lindas, não estão, ao contrário do que possamos pensar, acima da Pedagogia que praticamos em nossas escolas. Nos maravilhamos tanto e continuamente com a Pedagogia que é feita em outros lugares, que esquecemos de valorizar e entender que nós também somos produtores de Pedagogia o tempo todo. Incorporamos a colonização da Pedagogia sem nos dar conta.
O objetivo do curso é que nos tornemos capazes de agir de fato como professores de Educação Infantil repensando e discutindo a utilização dos jogos simbólicos na Educação Infantil. Trabalharemos com instalações inspiradas em obras de artistas contemporâneos, constituídas por materiais não estruturados que possibilitam a transformação e a apropriação das crianças por meio do jogo.  Utilizaremos objetos e espaços como meio de comunicação e interação. Educação Infantil tem tudo a ver com a arte contemporânea que impressiona, sacode, convida, inclui e dialoga.
Já parou para pensar porque as crianças gostam tanto de caixas? As caixas permitem a construção e a reconstrução de algo. Permitem narrativa, script e jogo simbólico. Possibilitam a apropriação do espaço e a entrada em cena da criança. Observar uma sessão de arquitetura de jogos é poder ver a relação das crianças com seus pares, a coreografia da ação lúdica, a relação da criança e os materiais (experimentação, investigação e descoberta). É descobrir que existe uma simbologia nos espaços que pode ser ao mesmo tempo de acolhimento e de desafio. A Arquitetura de Jogo envolve Ludicidade, Continuidade e Significatividade. Envolve sobretudo, o protagonismo das crianças.

Referências: El Jogo Simbólico. Autores: Javier Abad  Molina e Angeles Ruiz de Velasco Galvez

Iniciar sem estagiar


Meu semestre de estágio começou sem estágio. Parece estranho? Imagine então, participar de uma oficina de extensão de PBworks com o objetivo de construir o PBworks do estágio. Na primeira aula, me senti um peixe fora da água, pensei em desistir porque achei que não teria nada sobre o que escrever e nada para compartilhar. Teria cometido um erro enorme.
A extensão do PBworks traz para os participantes, todas as orientações sobre o Estágio Curricular Obrigatório, A súmula da atividade de estágio, o manual de estágio e TCC, a planilha de acompanhamento inicial, a planilha de acompanhamento semanal, esclarecimentos sobre as orientações do estágio e orientações para o relatório final. Então, ao invés de lamentar o não feito, porque não planejar o que farei, aprendendo com quem está fazendo?
O PBworks é um recurso online e colaborativo que nos oferece uma forma diferente de aprender e registrar nossas aprendizagens. É ferramenta digital inovadora que torna possível visibilizar nossa construção de conhecimento e permite compartilhar aprendizagens de múltiplas formas, podendo ser somado a outros recursos e ferramentas.
Aprender a utilizar o PBworks de forma mais aprimorada, tem sido fundamental para aprender a organizar informações importantes que vão facilitar e fortalecer a estrutura do meu futuro estágio: informações sobre minha formação e atuação na área, sobre a escola em que atuo, sobre minha turma, uma bibliografia e um banco dados de interesse, vídeos relacionados ao que planejo e a melhor forma de elaborar um quadro de certezas e dúvidas, além de ampliar recursos para melhorar  visualmente meu PBWorks.

Ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez velho e se “dispõe” a ser ultrapassado por outro amanhã. Daí que seja tão fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos à produção do conhecimento ainda não existente. Ensinar, aprender e pesquisar lidam com esses dois momentos do ciclo gnosiológico: o que se ensina e se aprende e o conhecimento ainda não existente.” (PAULO FREIRE, 1996, p.14).



Referências:

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários a prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996.
SEIB, Káthia. Como o PBworks pode contribuir na construção do processo de entendimento e aprendizagens? Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia EAD da Faculdade de Educação; UFRGS, Dezembro, 2010.

Precisamos falar sobre estágio


Iniciando o blog do VIII Eixo com atraso, mas com a intenção de continuar aprendendo e compartilhando experiências e aprendizagens com a Turma C. É estranho iniciar o blog sem estar fazendo estágio num semestre em que tudo é voltado para o exercício e a concretização de tudo que aprendemos em nosso curso de Pedagogia. É estranho e desafiador. Por um lado, não há como negar a enorme frustração de não estar fazendo isso: Tornar real nossas aprendizagens. Não é fácil para mim engavetar ideias, as tenho em profusão, porque antes mesmo do semestre começar, eu já sonhava com ele e com o leque de infinitas possibilidades de planejamento e condução de projeto.  

Então dói não fazer, mas não há motivo para desespero, porque o sonho foi adiado, não abandonado. Por isso, estou aproveitando o semestre para concluir minhas horas complementares e a cadeira eletiva, além de ter o privilégio de poder aprender mais sobre as possibilidades do uso do Pbworks no curso de extensão. É um semestre de estruturação e restruturação para mim em todos os sentidos.  Estou aprendendo a planejar melhor meu tempo sem pertencer a ele, fazendo dele um aliado e não um inimigo. Isso não significa negligenciar o estudo, as leituras, as atividades ou os planos que tenho para fazer um estágio de qualidade, antes pelo contrário. Pretendo construir um caminho para o estágio firmemente alicerçado nesses “oito” semestres que o antecederão. Aprenderei também e muito pela experiência de estágio e pelo olhar de vocês registrado aqui. Trocaremos saberes como sempre fizemos.