sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Espaço e Forma nos Anos Iniciais

Porque ensinar espaço e forma nos anos iniciais?

A eletiva de Matemática nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental I, iniciou com um questionamento importante para compreendermos e dar sentido ao ensino da Geometria nos Anos Iniciais: Porque ensinar espaço e forma nos anos iniciais?
É fundamental que a criança perceba que o espaço e a forma estão presentes em todos os ambientes em que vive. A Geometria está em todo o lugar. Nesta fase é importante propiciar à criança a visualização, exploração, contato e manuseio de diversos objetos que compõem o universo desses ambientes. A diversidade no modo de tratar a noção de espaço e forma é essencial para facilitar a percepção do mundo em que vive e dos conceitos matemáticos que fazem parte deste mundo.
Aprender Geometria é mais do que aprender conceitos e formas geométricas. O aprendizado da Geometria está ligado ao desenvolvimento de habilidades da criança: de visualização, de verbalização, de raciocínio, de lógica, de aspectos físicos, de organização de espaço, de localização, de percepção, de entendimento, de aplicar conhecimentos adquiridos, de generalizar, de analisar, de sistematizar, de inferir, de formular hipóteses, de deduzir, de refletir e de argumentar.

Existência e Corporeidade



No último bloco proposto pela interdisciplina Corporeidade – Epistemologia do Viver e Aprender discutimos as percepções de Corporeidade em diferentes culturas. Neste módulo o conteúdo nos fez refletir sobre corpo, cérebro, sociedade, estímulos ambientais, aprendizagem, afetividade e conhecimento, sobretudo na forma como tudo isso está interligado.

Esse entendimento de que somos soma e não pedaços que podem ser separados faz com que possamos retomar nosso papel na construção do conhecimento, nossa e de nossos alunos. Se somos tudo aquilo que nos constitui também somos aquilo do que constitui nossa vida e experiência escolar. É aí que estão as regras que cada um de nós estabelece para construir aprendizado.

A consciência de si, do outro, do mundo e das coisas do mundo acontece pela exploração das experiências e do estímulo à curiosidade, aonde errar não é errado e o planejamento faz parte do ato reflexivo. É a através da relação corpo, mundo e existência que os seres humanos se constituem. Perceber o corpo faz perceber a própria existência e o mundo.

É importante que pensemos em afetividade não apenas como conceito de carinho, mas sobre tudo aquilo que nos afeta:

“Afeto diz respeito àquilo que afeta, ao que mobiliza, por isso reporta à sensibilidade, às sensações. Podemos, ainda, referir afeto como ser tomado por atravessado, perpassado, quer dizer: afetado. Esse atravessar, perpassar é o que propriamente dá o caráter de afecção.” (Gomes & Mello, 2010, p.684).




REFERÊNCIAS:


GOMES, C. A. V.& MELLO, S. A. (2010). Educação escolar e constituição do afetivo: algumas considerações a partir da Psicologia Histórico Cultural. Perspectiva, 28(2), 677-694.
RESTREPO, L. C. O Direito à Ternura. Petrópolis: vozes, 1998.





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A Emoção no Cotidiano Escolar



É fundamental que conheçamos nossos alunos para planejarmos e propormos situações de aprendizagens e que mantenhamos em mente que criança aprende tocando, vivenciando, sendo e experimentando as coisas. Para que o processo de construção de conhecimento ocorra é preciso que haja uma ponte de comunicação entre os sujeitos envolvidos nesse processo.
Essa comunicação só é possível quando se estabelece uma relação de afeto, emoção e ternura entre as partes. Isso implica em percepção e aceitação de si e do outro, de suas expressões, falas, desejos e movimentos. O texto da professora Dra. Maria Luiza Cardinale Baptista: “Emoção e Ternura: A Arte de Ensinar”, nos fala exatamente sobre isso, da relação da emoção e da ternura com a arte de ensinar. Nos acorda para a percepção do outro e da necessidade de encontrar o universo do outro.
Na rotina da Educação Infantil essa constatação fica explícita em muitos momentos, começando pelo acolhimento da criança na escola, no momento em que ela chega e na forma como a criança se despede dos pais e é recebida. Se a criança não sentir que é acolhida com carinho o dia com certeza começará com choro e revolta. Nas primeiras brincadeiras e jogos que se estabelecem em sala, mesmo antes do café da manhã entre as crianças e seus pares, seus afetos e desafetos, no que e a quem a criança aceita e rejeita. Na hora da roda e na liberdade expressão que inclui a linguagem do corpo neste momento tão importante. Na forma como as refeições são servidas às crianças, com imposições ou sugestões. No tom da fala que usamos. Nas permissões ou proibições de movimentos e falas à mesa.
Não podemos esquecer das brincadeiras do pátio e nas relações do brincar que incluem o nosso olhar sobre o brincar e a importância do afeto nesse brincar. Na hora do soninho e no respeito ao tempo e forma de cada descansar. Durante as atividades propostas e na maneira como cada criança realiza e participa do proposto. Nos momentos de higiene que incluem diferenças e diferentes relações. No respeito ou na falta dele em relação à autonomia do ser criança. Na forma como reagimos aos conflitos que surgem entre as crianças, entre nós adultos e as crianças e entre nós e nossos pares. Na consciência que devemos ter de que o olhar também fala e de que o corpo também diz e pode ser forma de prisão ou de comunicação. É portanto fundamental que nos demos conta da necessidade de dar sentido ao que fazemos.

“O que nos caracteriza e diferencia da inteligência artificial é a capacidade de emocionar-mos, de reconstruir o mundo e o conhecimento a partir dos laços afetivos que nos impactam.” (RESTREPO, 1998, p.18)

REFERÊNCIAS:
BAPTISTA, Maria Luíza Cardinale. Disciplinas Teóricas: de entulho de currículo a campo do desejo e autopoiese. In: VI FÓRUM NACIONAL DE JORNALISMO, 2003, Natal. Anais eletrônicos CD ROM.
RESTREPO, Luís Carlos. O Direito à Ternura. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.