O que me causou espanto na nossa primeira aula, foi
ver que ainda persiste, mesmo entre nós educadoras, essa ideia de que o
laboratório é um lugar indispensável para a experiência científica. Durante
nossas conversas, algumas colegas mencionaram a existência de laboratório em
suas escolas, enquanto outras lamentavam a inexistência do mesmo para o ensino
da disciplina. Uma aula prática de ciências não depende de equipamentos de alta
tecnologia, nem de uma sala específica. Com material alternativo também é
possível produzir experimentos que levam a construção de conceitos científicos
e possibilitam descobertas interessantes. Observações de fenômenos podem ser
feitas no pátio da escola e mesmo dentro da sala de aula. Também não é preciso um
laboratório para ter um microscópio e como vimos no vídeo feito pelo grupo de
pesquisadores do Programa de Pós Graduação em Ciências na UFRGS, o cientista
não tem que ser necessariamente, um cara solitário, de jaleco branco, que quer
descobrir tudo sozinho trancado à portas fechadas. O cientista pode ir aonde o
povo está.
Segundo Russel Rosa, em seu texto sobre os princípios do ensino das ciências na educação infantil, uma das características no ensino de Ciências é a busca permanente de informações, o desassossego, a inquietude, a não acomodação do saber. A autora nos lembra que em Ciências, as verdades são provisórias, são revistas de tempos em tempos. As descobertas podem ser reformuladas a partir de novas descobertas. Há 500 anos atrás, os cientistas não aceitavam que a terra girasse em torno do sol e Galileu, que defendia a ideia, quase foi queimado pela Santa Inquisição. Muito recentemente, Plutão deixou de ser considerado um planeta em nosso sistema solar. O que dizer do Rio Guaíba que sempre foi um lago? Como diria Einstein: "Tudo é relativo." Pesquisar é possibilitar a descoberta. Como manter viva essa possibilidade e o desejo pela descoberta em nossos alunos?
Tão importante quanto manter a curiosidade e provocar o espanto das crianças é não destruir nelas, esse desejo de curiosidade pela descoberta e também seu direito de expressar essa descoberta de forma única e pessoal. Quando o professor inibe a pergunta e até a proíbe, ele mata a curiosidade. Quando o professor corrige a interpretação de uma experiência, ele destrói o pensamento crítico da criança. Quando o professor critica a fala dos pequenos pesquisadores, ele impede a troca de experiências e vivências pessoais que tornariam possível o enriquecimento da pesquisa. Além de nos prepararmos para o que fazer numa aula de ciências, deveríamos também ter em mente o que não deveríamos fazer. A intervenção do professor, esse recurso humano de fala, escuta e percepção dentro da experiência é tão importante quanto o experimento em si. Tornar interessante a aula é necessário, mas perceber o interessante é fundamental.
Referências:
OLIVEIRA, Daisy Laura de. Ciências nas salas de aula. Porto Alegre. Mediação, 1997.
WEISSMANN, Hilda. Didática das ciências naturais: contribuições e reflexões. Porto Alegre. ARTMED, 1998.
http://docslide.com.br/education/ensino-de-ciencias-e-educacao-infantil.html- acesso em 20/10/2016.
Referências:
OLIVEIRA, Daisy Laura de. Ciências nas salas de aula. Porto Alegre. Mediação, 1997.
WEISSMANN, Hilda. Didática das ciências naturais: contribuições e reflexões. Porto Alegre. ARTMED, 1998.
http://docslide.com.br/education/ensino-de-ciencias-e-educacao-infantil.html- acesso em 20/10/2016.
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