A
Literatura está e sempre esteve ligada ao seu tempo. As relações da Literatura
Infanto Juvenil com as diferenças sempre existiram, ainda que de forma menos
explícita como nos contos de fada e nas fábulas com animais. As histórias
sempre nos fizeram tomar partido de seus personagens, torcer por eles, sentir
por eles, a favor ou contra eles. Os livros sobre as diferenças estão presentes
nas bibliotecas das escolas. Sempre estiveram, para o bem e para o mal. Durante
a Segunda Guerra Mundial, na Alemanha nazista, um dos livros mais vendidos para
crianças e lido em sala de aula era O Cogumelo Venenoso (em referência ao
judeus, considerados uma praga na cultura germânica).
Crianças na Alemanha nazista lendo "O Cogumelo Venenoso" O mundo mudou. Não que o preconceito contra a religião, raça, cultura, economia, sociedade e com o diferente tenha terminado, mas hoje temos informação sobre a diversidade. Sabemos que o diferente é e está no mundo. Nossas bibliotecas escolares contém diversos gêneros literários sobre o assunto. A forma como as obras abordam a questão também pode variar. Por isso é importante não limitar as possibilidades da literatura para as crianças. Quanto mais variedade de estilos e temas sobre a diversidade forem oferecidos aos jovens leitores, maior será sua capacidade de questionar, de opiniar, de debater, de pensar e repensar sobre as diferenças. Quando exploramos diferentes situações literárias estamos mais próximo de atingir o maior número de "mundos" em nossa sala de aula. Pois conviver com os outros é conviver com as diferenças e conhecendo as diferenças ampliamos a relação com o outro e com o mundo. Com frequência, subestimamos a criança em relação a sua capacidade de compreensão sobre este e outros assuntos. A criança pode e deve ser educada para a cidadania. Isso significa respeitar o outro e sua singularidade. Quando a criança entra em contato com um personagem que lida e enfrenta sua diferença no mundo, ela entra em contado com seu próprio mundo e com suas diferenças dentro dele.
Conversa com Ambayê (personagem do livro O Colecionador de Pedras)
Quando
fiz o projeto As Aventuras do Avião Vermelho na EMEI Marzico na Vila Cruzeiro, uma
das coisas que mais me chamava atenção era a baixa autoestima de muitas
crianças. A ideia de contar a história do patinho que se sentia tão triste por
ser diferente, nasceu ao perceber o quanto as crianças sofriam com as
diferenças. Porque não percebiam como o patinho feio, que nenhuma delas era
feia, mas que todas elas eram e são diferentes. Foi assim que surgiu esta
atividade. Depois de contar a história do patinho que virou um cisne, ofereci
carimbos de patinhos para que elas fizessem cartões. Os cartões começavam
resumindo a história do solitário patinho e terminavam na própria imagem
(imprimi fotos das crianças para finalizar o cartão). Fizemos uma chamadinha
com os cartões. Cada um que era chamado pegava outro cartão e chamava um amigo.Todas
chegaram à conclusão de que ninguém é feio. Elementar meu caro patinho, digo, meu
caro amiguinho.
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