segunda-feira, 2 de maio de 2016

A Literatura e as Diferenças

                   A Literatura está e sempre esteve ligada ao seu tempo. As relações da Literatura Infanto Juvenil com as diferenças sempre existiram, ainda que de forma menos explícita como nos contos de fada e nas fábulas com animais. As histórias sempre nos fizeram tomar partido de seus personagens, torcer por eles, sentir por eles, a favor ou contra eles. Os livros sobre as diferenças estão presentes nas bibliotecas das escolas. Sempre estiveram, para o bem e para o mal. Durante a Segunda Guerra Mundial, na Alemanha nazista, um dos livros mais vendidos para crianças e lido em sala de aula era O Cogumelo Venenoso (em referência ao judeus, considerados uma praga na cultura germânica).
                     Crianças na Alemanha nazista lendo "O Cogumelo Venenoso"              
                
               O mundo mudou. Não que o preconceito contra a religião, raça, cultura, economia, sociedade e com o diferente tenha terminado, mas hoje temos informação sobre a diversidade. Sabemos que o diferente é e está no mundo. Nossas bibliotecas escolares contém diversos gêneros literários sobre o assunto. A forma como as obras abordam a questão também pode variar. Por isso é importante não limitar as possibilidades da literatura para as crianças. Quanto mais variedade de estilos e temas sobre a diversidade forem oferecidos aos jovens leitores, maior será sua capacidade de questionar, de opiniar, de debater, de pensar e repensar sobre as diferenças. Quando exploramos diferentes situações literárias estamos mais próximo de atingir o maior número de "mundos" em nossa sala de aula. Pois conviver com os outros é conviver com as diferenças e conhecendo as diferenças ampliamos a relação com o outro e com o mundo. Com frequência, subestimamos a criança em relação a sua capacidade de compreensão sobre este e outros assuntos. A criança pode e deve ser educada para a cidadania. Isso significa respeitar o outro e sua singularidade. Quando a criança entra em contato com um personagem que lida e enfrenta sua diferença no mundo, ela entra em contado com seu próprio mundo e com suas diferenças dentro dele.

                                       
         Conversa com Ambayê (personagem do livro O Colecionador de Pedras)

              Quando fiz o projeto As Aventuras do Avião Vermelho na EMEI Marzico na Vila Cruzeiro, uma das coisas que mais me chamava atenção era a baixa autoestima de muitas crianças. A ideia de contar a história do patinho que se sentia tão triste por ser diferente, nasceu ao perceber o quanto as crianças sofriam com as diferenças. Porque não percebiam como o patinho feio, que nenhuma delas era feia, mas que todas elas eram e são diferentes. Foi assim que surgiu esta atividade. Depois de contar a história do patinho que virou um cisne, ofereci carimbos de patinhos para que elas fizessem cartões. Os cartões começavam resumindo a história do solitário patinho e terminavam na própria imagem (imprimi fotos das crianças para finalizar o cartão). Fizemos uma chamadinha com os cartões. Cada um que era chamado pegava outro cartão e chamava um amigo.Todas chegaram à conclusão de que ninguém é feio. Elementar meu caro patinho, digo, meu caro amiguinho.

                      


                      
                                                                  
                   

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