sábado, 30 de novembro de 2019

Uma nova escola é possível

Na interdisciplina de Didática, Planejamento e Avaliação fomos convidados por alienígenas para criar uma escola em outro planeta que originou a postagem "Uma Nova Escola". A proposta do exercício nos fez refletir sobre as escolas que temos em nosso planeta e sobretudo em nosso país e no nosso próprio cotidiano escolar. Criamos uma escola nave, que nos levaria aos locais de aprendizagem e onde não haveria limites de tempo, assunto, nem preconceitos. No primeiro momento parecia mesmo ser coisa de outro mundo pensar uma escola assim: Os alunos não são robôs; O tempo é relativo e não senhor de escravos; Os tempos são mutantes e não inflexíveis; O currículo está sempre em movimento e não é imutável;  As disciplinas não brigam entre si, mas conversam; O aluno tem voz no planejamento; A avaliação não se baseia em notas e conceitos; Existe verdade democrática; Os espaços de aprendizagem não se limitam à sala de aula; São aceitos alunos todos os tipos de aluno; não existe discriminação; A Pedagogia é real e não lenda.
Mas descobrimos que existem aqui mesmo, no planeta Terra, escolas assim: a  Escola da Ponte em Portugal e a Escola Aberta de Paraty, no Rio de Janeiro, são apenas dois exemplos de que uma nova educação é possível. Hoje não penso mais  em escolas de outro mundo, de outro estado ou de outro país como sendo ideais distantes. Tenho aprendido diariamente que a escola é o aqui e o agora, que podemos transformar nossas práticas e que isso não depende apenas do mundo, mas também e sobretudo de nós e de nossas escolhas. A reflexão é o primeiro passo para a reinvenção.
No entanto, continuo acreditando que a educação tem que dar asas aos seus alunos sem que eles precisem entrar numa nave espacial... Ensinar não é subjulgar e medir intelecto. Educar não pode significar entristecer a vida, o professor e o aluno. Está aí o nosso maior desafio: Acreditar que uma outra educação é possível e fazer o possível para que ela se torne realidade. 

Referências:

As flores de plástico não morrem


Em outubro de 2017 fiz a postagem “Sementes de Aprendizagem", onde uso uma visita da EMEI Tio Barnabé ao Planetário, como pano de fundo, para falar sobre as diferenças entre a escola auditório e a escola laboratório, tema da palestra do professor Fernando Becker “- Escola – Mais Laboratório e Menos Auditório”, sobre a função e o objetivo da escola.
A escola laboratório conjuga basicamente os verbos repetir e copiar. Neste modelo de escola, que infelizmente se repete continuamente, o aluno se torna incapaz de pensar, decidir, transformar, questionar, inventar, decidir e refletir.
A escola laboratório ao contrário conjuga diferentes verbos e possibilidades: interagir, indagar, sentir, cooperar, descobrir, construir, compreender, experenciar, tentar, ultrapassar, transformar e refletir. A escola laboratório é descoberta e não repetição.
A postagem também é uma reflexão sobre o papel do professor, que pode escolher: ser um mero transmissor de conhecimento ou um professor mediador e reflexivo. O professor precisa saber que verbos pretende conjugar com seus alunos.
A reflexão me fez lembrar de uma música dos Titãs “Flores”, cuja letra diz que“as flores de plástico não morrem”. Não morrem porque não são de verdade, porque não se arriscam. Não se arriscam porque não têm vida. Para termos uma educação de qualidade é preciso arriscar.


Referências: 
Vídeo: Escola - Mais laboratório e Menos Auditório. Professor Fernando Becker. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=xjfKBGIHPjs



O começo da Ética pela Liberdade



Na postagem Filosofia da Ética na Educação, publicada em 17 de setembro de 2017, falo sobre conceitos de individualidade e coletividade. A postagem é uma reflexão sobre o conceito de ética e a forma como tratamos esta questão na educação na Educação.
Individualidade e coletividade não são conceitos antagônicos. Viver e conviver são verbos e ações conjugados e compartilhados conjuntamente em nossa rotina como humanos. Nosso desafio como professores está em provocar reflexão sobre essa relação entre o que é particular e singular e o que é social e coletivo. Essa reflexão constante é a essência nessa arte do viver e conviver. Muitas vezes, esquecemos que educar para a moral é diferente de educar para a ética. Impor regras de convivência é completamente diferente de conversar e refletir sobre. Conhecer nossos alunos e respeitar suas singularidades pode ser o começo para educar para a ética não apenas em pensamento, mas em transformação. A educação para a ética não pode ser traduzida como a obrigação da ética. Não basta obrigar a fazer o que é certo. Nosso objetivo como professores deve ser o de educar para a compreensão, pensamento e ação do que é certo e bom para o eu e para o outro. A educação da ética não começa pela cobrança da ação e do resultado, começa pela autonomia, pelo respeito à identidade e à diversidade, pela escolha, começa pela liberdade já dizia Sartre:
“A liberdade é o fundamento de todos os valores.” (Jean Paul Sartre)

Referências:
HERMANN, Nadja. Texto “A Aprendizagem na Arte de Viver.”
TIBURI, Márcia. Vídeo “Ética e Filosofia.”



A descoberta de si mesmo



Em 7 de outubro de 2018, publiquei sobre Corporeidade. A postagem “O que é Corporeidade”, fala sobre sobre a importância do conhecimento de si mesmo para a aprendizagem e está alicerçada no  texto de Maturana e Varela: "Ao Pé da Árvore", onde os autores dizem ser a vida, processo de conhecimento: Somos cognitivos e a vida é cognição, mas vivemos no mundo compartilhando esse mundo com outros seres e aprender não é acumular conhecimentos. A construção do conhecimento requer autonomia, significado, respeito às diferenças, sentido, afetividade e corporeidade.
Estranhamente a escola como digo no texto, tende a aprisionar o corpo em benefício da aprendizagem, fazendo o contrário. Nessa contradição evidente, o professor pode desenvolver uma intencionalidade educativa em relação ao movimento, observando os alunos, percebendo suas necessidades, integrando na rotina diferentes possibilidades de ação. É fundamental também, respeitar as diferenças e não estabelecer rótulos.  Essa mudança começa por nós e pela forma como encaramos os movimentos dos nossos alunos como expressão de afetividade, de socialização e de emoção. 

Na proposta Livres na Teia, criei teias circulando o espaço do brincar cotidiano das crianças que criaram novos ambientes, ricos em possibilidades e descobertas. Ao circular pelo espaço proposto, as crianças se sentiram aranhas, desafiando limites, transpondo obstáculos, criando novos espaços e formas de brincar ao adentrar e desbravar este mundo de teias. Foi um momento de singularidades e de pluralidades. De vencer os próprios limites e de aprender com o outro. Protagonistas do seu brincar elas estabeleceram seus próprios limites e tempos. Desafiando as leis da gravidade os corpos se apropriam da leveza.  Com a delicadeza das aranhas elas teceram linhas de fios que pareciam bordar o movimento do corpo. A solidão da linha. A conjunção as linhas. O corpo livre em movimento. A consciência de que corpo e mente não se dividem, são, antes de tudo, extensão um do outro, se complementam, são soma. 

Esse entendimento de que somos soma e não pedaços que podem ser separados faz com que possamos retomar nosso papel na construção do conhecimento, nossa e de nossos alunos. Se somos tudo aquilo que nos constitui também somos aquilo do que constitui nossa vida e experiência escolar. É aí que estão as regras que cada um de nós estabelece para construir aprendizado. A consciência de si, do outro, do mundo e das coisas do mundo acontece pela exploração das experiências e do estímulo à curiosidade, aonde errar não é errado e o planejamento faz parte do ato reflexivo. É a através da relação corpo, mundo e existência que os seres humanos se constituem. Perceber o corpo faz perceber a própria existência e o mundo. É importante também que pensemos em afetividade não apenas como conceito de carinho, mas sobre tudo que nos afeta:“Afeto diz respeito àquilo que afeta, ao que mobiliza, por isso, reporta à sensibilidade, às sensações. Podemos, ainda, referir afeto como ser tomado por atravessado, perpassado, quer dizer: afetado. Esse atravessar, perpassar é o que propriamente dá o caráter de afecção.” (Gomes & Mello, 2010, p.684).

REFERÊNCIAS:
GOMES, C. A. V.& MELLO, S. A. (2010). Educação escolar e constituição do afetivo: algumas considerações a partir da Psicologia Histórico Cultural. Perspectiva, 28(2), 677-694.
RESTREPO, L. C. O Direito à Ternura. Petrópolis: vozes, 1998.

Revisitando o olhar sobre a Inclusão


Em novembro de 2018 fiz uma postagem falando sobre a questão da inclusão na Educação Infantil  “A polêmica da necessidade do laudo”, que fala não apenas da realidade da inclusão, mas dos problemas que envolvem este assunto tão delicado envolvendo muitos ângulos de abordagem e experiências pessoais.
Para a família há sempre um sentimento de divisão entre o amor e a negação. Para a escola sempre uma insegurança de como lidar com a questão. Para o professor pouco ou nada de apoio. Para a criança a garantia de vaga e o reconhecimento da LBI (Lei Brasileira de Inclusão) que traz o entendimento de que deficiente não é a criança, mas os espaços deficientes para incluir a todos. Encerro a postagem falando sobre a necessidade da escola em rever conceitos de estrutura de trabalho, mas hoje passado apenas um ano penso diferente e muito sobre o assunto.
Embora as condições da Educação Infantil ainda não sejam ideais, planejar para todos de fato é o que realmente faz a diferença em relação à inclusão. O fato é que a inclusão é uma realidade e apresenta uma nova concepção de educação, em que todos, com deficiência ou não, aprendem pela interação e pela diversidade. A inclusão faz com que a maquinaria escolar, programada para aceitar a padronização do sujeito, reconheça a singularidade do sujeito. É um avanço, uma transformação na maneira de pensar e fazer a educação e educar leva tempo. 
Se um dos grandes trunfos da LBI é a mudança no conceito de deficiência, que antes era entendida como condição das pessoas e agora se compreende como situação dos espaços físicos e sociais), que não estão prontos para receber as pessoas, é bom lembrar que a escola é um desses espaços e precisa se transformar, de fato, em espaço de inclusão.  Os espaços, as metodologias e material humano e pedagógico das escolas devem ser estruturados para acolher e educar a todas as crianças. Se ainda não são é preciso que atravessemos as pontes que distanciam a intenção da prática.