Para
compreender a Cidade Baixa, suas características peculiares como bairro de
Porto Alegre, resgatando assim, a memória e a identidade do bairro.
Cidade Baixa coração pulsante de Porto Alegre
A delimitação atual do bairro Cidade Baixa abrange as avenidas Praia de Belas, Getúlio Vargas, Venâncio Aires, João Pessoa e parte da Borges de Medeiros. A “Cidade Baixa Antiga” era bem maior: compreendia toda a região que ficava ao sul da Rua Duque de Caxias. Já havia projetos para arruamento do bairro desde 1856, mas boa parte do bairro permaneceu desabitada por muitos anos.
Era
na Cidade Baixa que se refugiavam os escravos fugidos e também os foragidos da
justiça. É difícil para quem conhece hoje o bairro tão badalado e valorizado atualmente,
imaginar que houve um tempo, em que o trecho entre a Avenida Venâncio Aires e a
atual Rua da República era conhecido como “Emboscadas” (um terreno baixo e
acidentado coberto de árvores e capões), que segundo a imprensa da época, era
uma zona de meter medo aos mais valentes.
Foi
com a implantação das linhas de bonde de tração animal, que passava pelo
Caminho da Azenha (Avenida João Pessoa) e da Rua da Margem (João Alfredo),
contribuiu para a urbanização do local. A antiga Rua da Margem era atravessada
por várias ruelas chamadas de becos: Beco do Vintém, Beco do Curral das Éguas,
Beco dos Coqueiros e Beco Ajuda-me a Viver.
Em
1880 as ruas surgiram no bairro com nomes de políticos famosos: Lopo Gonçalves, Luiz Afonso, José Bonifácio,
João Alfredo, José do Patrocínio. A Rua Joaquim Nabuco também surgiu nessa
época, mas era chamada de Travessa dos Venezianos (para homenagear “Os
Venezianos”), famoso grupo carnavalesco.
O
bairro ficou conhecido como um bairro de “classe média”. As famílias sentavam
em suas cadeiras na frente das casas para longas conversas e compravam o que precisavam em armazéns d e “secos e
molhados” ( o super mercado de antigamente).
O
carnaval da Cidade Baixa era conhecido e famoso. Depois o carnaval de Porto
Alegre foi sendo elitizado indo para dentro dos clubes (em 1930 quem tinha
berço só brincava nos clubes) e foi assim por décadas. Até o carnaval retornar para a rua com as
escolas de samba, as tribos e os blocos dos clubes. A primeira escola de samba
de Porto Alegre foi a Praiana criada em 1960. Recentemente, o carnaval de rua de
Porto Alegre renasceu em seu berço: A Cidade Baixa. Esse renascimento aconteceu
com a volta dos blocos de rua que hoje atraem multidões para aquele que é
considerado o melhor carnaval de Porto Alegre.
A
Cidade Baixa é hoje um dos metros quadrados mais valorizados de Porto Alegre e
um lugar badalado repleto de barzinhos, cafés e vida noturna, mas não é só isso
que torna o bairro peculiar e atrativo: A proximidade com o centro da cidade,
com a UFRGS, com os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, com o
pulmão da cidade (o Parque da Redenção, com a alma dos porto alegrenses
permeada pelo Lago Guaíba (eternamente Rio), com a herança quilombola e um
carnaval de rua maravilhoso faz do bairro uma espécie de coração pulsante de
Porto alegre. Palco de manifestações políticas que geram polêmica, mas mantêm
eterna a voz dos excluídos, dos que não se conformam, dos que lutam. Não foi
assim que o bairro começou?
Referências:
FERREIRA, Athos. Colóquios com a minha cidade. Porto Alegre: Editora Globo, 1974.
WERNER, Gilberto. Antiga Cidade Baixa - A História. Porto Alegre: Editado pela Prefeitura de Porto Alegre, 2013
WERNER, Gilberto. Antiga Cidade Baixa - A História. Porto Alegre: Editado pela Prefeitura de Porto Alegre, 2013
FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre. Guia Histórico. Editora
UFRGS, 1992.
MACEDO, Francisco Riopardense. Porto Alegre história e vida da cidade.
Porto Alegre: Editora UFRGS, 1973.