sábado, 30 de julho de 2016

A Importância do Brincar

                                       

Porque brincar?
O brincar socializa a criança. Brincando a criança aprende que existe o outro, que o outro é diferente, que é preciso respeitar o outro, aprende a dividir brinquedos, dividir tarefas, aprende o que é coletivo, aprende a conviver na sociedade. Brincando a criança aprende que existem pontos de vista diferentes, tenta fazer com que o outro também entenda seu ponto de vista, nessa troca são estabelecidos interesses comuns, surgem razões, interações e novos meios de brincar. Aí está o difícil e o fácil do brincar que é conviver com o outro. O brincar impulsiona, desafia, faz a criança ir além dos seus limites. O brincar estimula a criatividade, o raciocínio, o esporte, torna a criança capaz de resolver problemas, fortalece a autoestima, educa, faz crescer. A criança vive e transforma o mundo através do brincar.

Brincar é coisa séria
Brincar é coisa séria. Quando a criança brinca desenvolve sua identidade, autonomia e imaginação. É brincando que a criança desenvolve sua capacidade de socialização, por meio da interação, da utilização e experimentação de regras e papéis sociais. Brincando a criança aprende a conhecer a si própria, as pessoas que a cercam, a natureza, as relações entre as pessoas e o papel que cada um tem. Brincando as crianças aprendem umas com as outras. A brincadeira estimula a afetividade e a intelectualidade da criança. Brincar é ao mesmo tempo, uma forma entrar e de sair de si mesmo.

Por que as crianças brincam?

As crianças brincam de uma forma espontânea. Brincam porque é divertido brincar. Para elas o brincar faz parte da rotina de ser criança. Brincar para a criança é o mesmo que trabalhar para o adulto. Se perguntarmos a uma criança porque ela brinca com certeza ouviremos: “Brinco porque gosto”. “Brinco porque eu quero.” “Brinco porque brinco”. A criança vê o mundo através do brinquedo. O brincar é uma forma de linguagem para a criança. A criança se expressa através da brincadeira. É brincando que ela se comunica com ela mesma, com o outro e com o mundo. Através do brinquedo, a criança pode compreender, mostrar o que sente (suas alegrias, medos e tristezas, sua criatividade, sua percepção das coisas e das pessoas) e assim  interagir com tudo que a cerca. É também pelo brincar e repetir a brincadeira que a criança saboreia a vitória de ter aprendido um novo saber fazer e a cada novo brincar ela aprende algo novo. Brincando a criança experimenta, se organiza, se auto regula, constrói normas para si e para os outros. O brincar com o outro socializa a criança, faz com que a criança aprenda a conviver com as diferenças. A brincadeira pertence à infância. A brincadeira tem em cada momento da vida da criança um significado diferente e especial para a criança, uma razão para a criança brincar. Brincar é ser criança.



quarta-feira, 20 de julho de 2016

Contos de Fadas

                                                                   

“Clássico não é livro antigo e fora de moda. É livro eterno que não sai de moda”. (Ana Maria Machado)  p.15; Deve articulado, rápido e perigoso.

Os Contos de Fadas são narrativas reveladas aos poucos e neste processo de construção e contação de história, vão fazendo sentido, tendo uma explicação e um porquê desta história, de determinado personagem, conflito, desfecho.  Neste quebra cabeça, o leitor encontra sempre uma resposta. Segundo Ana Maria Machado: “É para isso que o homem conta histórias — para tentar entender a vida, sua passagem pelo mundo, ver na existência alguma espécie de lógica”.

Os contos de fadas são criações populares e coletivas.  Foram sendo contados e recontados, construídos e modificados oralmente ao longo do tempo, por artistas do povo, que não são conhecidos pelos leitores porque ficaram anônimos. Cada vez que eram contados, surgiam novas ideias, personagens, detalhes e situações que eram acrescentados pelos contadores. Essas histórias sobreviveram e se espalharam por toda parte, graças à memória e a habilidade de quem as contava. Os escritores famosos que ganharam celebridade e reconhecimento pela autoria dessas histórias,criaram sim, suas próprias versões escritas, mas inspirados nestes contos populares. Então, podemos dizer, que os contos de fadas, que são histórias de autoria individual reconhecida, são antes de tudo, histórias de autoria coletiva. Existe uma intertextualidade entre autoria e Contos de Fadas.

“O primeiro contato com um clássico, na infância e na adolescência, não precisa ser com o original. O ideal mesmo é uma adaptação bem feita e atraente”. (Ana Maria Machado).

A autora elogia as excelentes adaptações já realizadas usando os Contos de Fadas, que incluem antologias de Contos de Fadas de várias nacionalidades, mas Ana Maria Machado vai além dos elogios às excelentes adaptações dos Contos de Fadas que já foram realizadas. A autora acredita que muitas vezes a adaptação é feita de uma forma esdrúxula, sem pé nem cabeça. Para ela, a questão não é adaptação em si, mas como. Um exemplo disso, são os clássicos infantis andando soltos por aí. Diminuindo a escrita dos contos e evitando que ele fale. Em relação aos clássicos ( na versão original), a autora fala sobre as adaptações feitas, reduzidas quase sempre com arrogância, pretensão e ignorância muitas vezes. Com frequência, o adaptador dessas histórias, por não estar acostumado a conviver de perto com muita leitura, passa por cima do fato de que não se lê literalmente.
Somos todos “a criança que habita em nós” e eu cresci lendo e ouvindo os Contos de Fadas. Os contos de Fadas são uma porta para a imaginação da criança, uma forma dela vencer o mal, aumentar a autoestima, aceitar as diferenças, ser outra sendo ela mesma. É assim que eu trabalho os contos de Fadas na EMEI Tio Barnabé, com magia. Gosto de utilizar elementos concretos para minhas contações: pozinho mágico da fada, chapéu de bruxa, espada do príncipe, escudo do dragão, coroa da princesa... Elas costumam “entrar” na história e isto para mim é fundamental.Também tento desmistificar a figura da mulher, sempre que posso. Desconstruindo a ideia do gênero em nossa escola. As crianças gostam de fazer de conta que são princesas, príncipes, arqueiros, dragões e espadas. É interessante teatralizar a história, de adaptar e mudar algumas coisas. Chapeuzinho Vermelho pode virar Chapeuzinho Azul. O Patinho Feio pode ser o Patinho Que Não Era Feio. De permitir que a criança também reinvente, reconte e adapte suas histórias de Contos de Fadas.


domingo, 17 de julho de 2016

Literatura Surda


                                                                   
         
"A literatura Surda está relacionada com a cultura surda. A literatura surda contada na língua de sinais é constituída pelas histórias produzidas em língua de sinais pelas pessoas surdas, pelas histórias de vida que são frequentemente relatadas, pelos contos, lendas, fábulas, piadas, poemas sinalizados, anedotas, jogos de linguagem e muito mais". Segundo Karnopp(2006,p.100)," a literatura do reconhecimento é de importância crucial para as minorias lunguísticas que desejam afirmar suas tradições culturais nativas e recuperar suas histórias reprimidas. Dessa forma, a Literatura Surda é um meio muito utilizado pela comunidade surda para difundir e defender sua cultura na sociedade. Ela não precisa ser contada em língua de sinais, ou seja, ela também pode ser escrita, porém, o tema deve ser relacionado aos surdos( MORGADO, 2011, p.21).

Eu já tinha assistido ao vídeo A Princesa e o Sapo em nossa aula presencial. Agora, posso comentar sobre o quanto acho este vídeo encantador. Por isso escolhi essa história. Além dos sinais icônicos que facilitam  o entendimento da história, eu acho fantástica a forma  como a intérprete representa o sapo e suas dificuldades, para ser, ele também, aceito pela princesa.  Ela consegue representar o tamanho do sapo diante da princesa e o preconceito dela em relação a ele, por ser também um diferente: Verde, pequeno e ter apenas três dedos. De fato, os dois querem ser ouvidos: Ele pela princesa e ela pelo mundo ouvinte, o que nos remete ao conflito existente entre as duas línguas e culturas diferentes.  A princesa é a personagem surda, que tem dificuldades para fazer parte da sociedade, poder entender e se fazer entender pelas pessoas que ouvem.  Não sendo aceita e não se fazendo entender, ela precisa de um intérprete. Ela se sente como a artista Christiane Sun Kim, no vídeo "A Encantadora Música da Língua dos Sinais". Como se o som não fizesse parte da vida do surdo. Como se o som não estivesse presente na vida do surdo o tempo inteiro. a princesa sentia como se estivesse num país estrangeiro, com regras, costumes e regulamentos que não compreendia. o vídeo mostra a importância do intérprete na comunicação entre surdos e ouvintes. A história transmite a existência da cultura e da identidade surda através do reconhecimento da Linguagem de Sinais e das dificuldades encontradas pelo surdo para se comunicar.

https://www.youtube.com/watch?v=lP0tg32CRTU

Que a gente possa ver e mostrar o mundo para nosso alunos, contando muitas histórias. Histórias diferentes sobre culturas e modos de ser diferentes. Que a gente não corra o risco de ver e revelar o mundo através de um único olhar.

https://www.youtube.com/watch?v=wQk17RPuhW8


domingo, 10 de julho de 2016

Diferentes Modos de Brincar

Através do jogo e do brinquedo a criança se constitui como um sujeito. Aos poucos jogos e brincadeiras vão possibilitando à criança buscar uma coerência entre suas ações e o outro... Brincando a criança passa a pensar sobre suas ações nas brincadeiras, sobre o que fala e sente, sobre o que os outros falam e sentem, para que os outros possam compreendê-la e para que ela possa participar das brincadeiras. As brincadeiras vão alimentando, fortalecendo e construindo o ser criança como sujeito. Sem perceber, brincando e convivendo, ela vai construindo sua identidade com o brincar.
De acordo com Piaget, a criança aprende construindo e reconstruindo seu pensamento através da assimilação da acomodação de suas estruturas. Esta construção do pensamento, Piaget chamou de estádios ou períodos. Em cada um deles, a criança apresenta características de desenvolvimento diferentes. Diferentes estádios de desenvolvimento exigem diferentes maneiras de brincar.
Período Sensório-Motor: de 0 a 2 anos (fase em que predomina o reflexo. A relação com o meio se dá pela ação e experiência direta. O bebê aprende a partir das ações que realiza sobre o mundo externo, que se apresenta através de seus sentidos perceptivos). Nessa fase são feitas intensas aquisições para o desenvolvimento da inteligência.
Jogos e brincadeiras de exercícios: Brincar de esconder-se, jogo do espelho, túnel de sensações, livros de pano, brinquedos de banho...
Período Pré-Operatório: de 2 a 7 anos ( a linguagem oral é um instrumento na aquisição de novos conhecimentos, predomina o egocentrismo, prioriza os aspectos que são mais relevantes aos seus olhos. Aumenta sua capacidade de simular, imaginar situações, desenvolve capacidade simbólica).
Jogos e Brincadeiras simbólicos: Brincar de faz de conta: Fazer de conta que é a mamãe, que está doente, que é o médico, que é a professora, que é um cachorro, o motorista, o personagem da história... Imitar os bichos (sons, forma de andar). Brincadeira da serpente...
Período Operatório Concreto: Dos 7 aos 11 anos ( predomina a lógica formal, já elabora abstrações concretas e pode imaginar situações nunca vistas ou vivenciadas por ela). A criança se coloca no lugar do outro e aprende a respeitar regras.
Jogos de memória, jogo da velha, brincar de correr, competições...
Período Operatório Formal: Dos 11 anos em diante. Nessa fase, a criança é capaz de pensar em todas as relações possíveis, a partir de uma situação. Busca soluções, cria hipóteses, interage com a realidade. Socialmente, a convivência em grupo é predominante nesta fase, onde a criança se submete verdadeiramente às regras.
Jogos de tabuleiro, jogos de simulação de vida em computador...

terça-feira, 5 de julho de 2016

Reescrevendo a história

Reescrever uma narrativa foi um desafio e um exercício de criatividade proposto na Interdisciplina de Literatura Infanto Juvenil e Aprendizagem. Contar uma história, recontando e criando situações, foi um estímulo para minha imaginação e também para minha escrita. Meu objetivo foi tornar ainda mais interessante a narrativa já conhecida das crianças. Para isso, introduzi novos elementos como a música e um final inesperado.

Escrevi minha narrativa, inspirada no livro “Bruxa Bruxa Venha à Minha Festa”, de Arden Druce. O livro tem desenhos maravilhosos e seus personagens são seres fantásticos que povoam o imaginário infantil. A Bruxa é um desses seres que fazem parte da imaginação das crianças. Elas têm medo da Bruxa, mas ao mesmo tempo, querem sempre histórias que tenham a personagem mais temida e mais pedida de todos os tempos. O narrador é onisciente não faz parte da história. Minha narrativa acontece no tempo atual, porque Bruxas são eternas. Eu fiz uma costura com a história do livro e com a forma como eu costumo contá-la para as crianças. É a história de uma Bruxa temida pelas crianças que na verdade só quer ser querida e amada por elas. Mas como isso seria possível? Se quiser saber... Preste atenção na história...

                                  


                               Bruxa Bruxa Venha à Minha Festa
          (Porque todo mundo merece bolo de chocolate e carinho)

Era uma vez... Há muitos e muitos anos atrás...  Não. Era não: É. Porque Bruxa vive para sempre como vocês sabem. Uma bruxa má... Muito má. Tão má que para ela fizeram até uma música:

                                       Anda de vassoura
                                       E tem um narigão
                                       É má e feiosa
                                       E mexe um caldeirão       
                                       Com patas de aranha
                                       Pitadas de formiga
                                       E dentes de piranha
                                       É a bruxa (Há)
                                       Tão malvada (Há)
                                       E quer pegar a gurizada
                                       Mas a bruxa 
                                       Tem um segredo (Psiiiiiiiiu)
                                       Quando gritam com ela
                                       Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
                                       Ela morre de medo

E assim vivia a Bruxa: De meter medo nas crianças. Foi assim, até o dia em que ela recebeu um convite inesperado. Na caixinha de correio encontrou um convite para uma festa. Um convite com o nome dela. Era a primeira vez em sua longa existência que isto acontecia. Sim. Endereçado à Bruxa e Bruxa era ela mesma, sem nenhuma dúvida.


Parecia que a tal festa iria bombar ou como se dizia antigamente tinha tudo para ser muito animada, um sucesso !!!!!!! Foi aí que a Bruxa tão malvada começou a ter uma sensação estranha. Pegou sua capa e seu chapéu de Bruxa mais bonito, se encheu de coragem (porque no fundo ela morria de medo das crianças não gostarem dela) e decidiu ir à tal festa de aniversário.  E pela primeira vez em sua tão, tão, tão, tão longa existência, a Bruxa sentiu-se querida. Estava tão, tão, tão, tão feliz, que decidira nunca mais assustar a gurizada. Queria ser amiga das crianças. Não só ela, mas também o gato, o espantalho, a coruja, a árvore, o duende, o dragão, o pirata, o tubarão, a cobra, o unicórnio, o fantasma, o babuíno, o lobo, a chapeuzinho vermelho e todas as crianças. Porque no fundo e no raso, o que todo mundo quer mesmo é ser amado, ter amigos e poder comer bolo de aniversário. De preferência, de chocolate e feito pela vovozinha. Mas esta é outra história...    

                                          
                        E foi assim que a Bruxa Má deixou de ser Má