“Um belíssimo trabalho, sensível e
profundo sobre a educação de filhos, pais e professores. Um quintal que traz à
tona várias questões da infância e onde nem sempre temos todas as respostas,
mas a busca delas.”(Laís Bodansky/Cineasta)
Estou participando do I Ciclo de Cinema e Debates: Pensando a Educação no Século XXI, promovido pela Universidade de Caxias do Sul e o que estamos fazendo
neste ciclo é debater sobre as questões da educação tendo como ponto de partida
a abordagem de filmes como o delicioso documentário “Sementes do Nosso Quintal". O documentário nos faz
encarar a infância de frente. Alguns participantes do debate questionaram a metodologia da escola que aparece no filme, a TeArte, onde não há separação por idades e as crianças aprendem a se constituir enquanto sujeitos em meio a natureza, a arte e a cultura popular. Sobre as crianças entenderem ou não, se à elas é
explicado corretamente ou não, se falta no proposto algo além do brincar, creio
que são perguntas cabíveis em qualquer Pedagogia ou Epistemologia da Educação.
O
que acho de vital importância aqui é o contado direto com as coisas da
natureza, essa ligação natural com as coisas da terra, com as plantas, com os
bichos, com a comida, que tantas vezes a escola nega às crianças, por falta de
espaço ou por falta de reflexão, com a cultura popular que se perde, porque ninguém a repassa, com a
história que não é contada, com a música não cantada e não mostrada, essa
música que trabalha múltiplas linguagens e capacidades e que em nossas escolas,
às vezes e muitas, é considerado artigo de luxo, com a liberdade corporal, porque
o corpo é expressão de nós todos e da criança pequena mais ainda, com o real
sentido de escola democrática, que conta com a participação dos pais e de toda
a comunidade, mas cobra a
responsabilidade de todos, porque a escola é educação, mas a educação é
pluralidade.
Gosto
imensamente da fala direta da professora Thereza Soares Pagani, a “Therezita”
(educadora e idealizadora da Tearte), pedindo aos pais para não tercerizarem o
cuidado com os filhos, porque acredito que o papel da família é intransferível
e na nossa sociedade, a família, infinitas vezes, parece colocar sobre a
escola, a parte que lhe cabe nesse latifúndio. Filho é filho e aluno é aluno,
embora a educação permeie e transpasse sujeitos.
O
que fazemos na Educação Infantil não é o explicar tudo como se deve. Até porque
quem diz como se deve explicar tudo e qual a maneira certa de explicar tudo?
Ela existe de fato? O porquê e para quê do adulto e seus conceitos, muitas
vezes não cabem no interesse das crianças e mais ainda, talvez não seja tão
indispensável quanto acreditamos. As crianças sabem que não sabem tudo. Isso
não as angustia como à nós, mas antes, as estimula. O conteúdo é mais
importante que a vivência cultural do sujeito? Que conteúdos aprendidos na
escola guardamos da infância? A criança é naturalmente curiosa. Quando não sabe
pergunta. Se não sabe ou não entende o que vê logo pergunta: O que é isso?
O
que tentamos fazer na Educação Infantil é estimular o interesse das crianças
sobre as coisas, é tentar provocar o espanto e a curiosidade, é procurar
respostas no brincar para aprofundar questões que tenham significado para elas.
Quando o adulto impõe o que sabe em
fórmulas de conhecimento esquece que tão importante quanto manter a curiosidade
e provocar o espanto das crianças é não destruir nelas, esse desejo de
curiosidade pela descoberta e também seu direito de expressar essa descoberta
de forma única e pessoal. O mais importante talvez não sejam as respostas ou as
explicações. O mais importante é a pergunta e a busca pelas respostas.
Referências:
Vídeos do documentário Sementes do Nosso Quintal.
São 3 vídeos Disponíveis no YouTube:
Vídeos do documentário Sementes do Nosso Quintal.
São 3 vídeos Disponíveis no YouTube:
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