Quando fiz minha inscrição para o curso de extensão Arquiteturas de Jogos na Educação Infantil, ministrado pelo professor Rodrigo Saballa, do Departamento de Estudos Especializados da Faculdade de Educação da UFRGS, não tinha muita esperança de conseguir uma vaga como aluna, pois o curso é bastante concorrido e eu já havia tentado antes sem sucesso. Também não sabia muito bem do que se tratava e imaginei que teríamos aulas de como pensar e elaborar jogos para as crianças de 0 a 6. Fiquei imaginando que teríamos orientações para atividades, exemplos de atividades, aprofundamento de teorias... Quem sabe algo sobre o brincar heurístico? Quem sabe ainda, algo que trouxesse inspiração do que está sendo feito na Reggio Emilia na Itália ou na Escola da Ponte em Portugal? Que surpresa a minha, quando dei de cara com a primeira aula.
A aula já começou com o que significa arquitetura de jogo. O conceito aqui é de uma arquitetura de modo, de inspiração, de possibilidade e nunca uma seita. Sendo assim, não cabe na arquitetura de jogo a cópia, o endeusamento de escolas, teorias e práticas, que mesmo sendo lindas, não estão, ao contrário do que possamos pensar, acima da Pedagogia que praticamos em nossas escolas. Nos maravilhamos tanto e continuamente com a Pedagogia que é feita em outros lugares, que esquecemos de valorizar e entender que nós também somos produtores de Pedagogia o tempo todo. Incorporamos a colonização da Pedagogia sem nos dar conta.
O objetivo do curso é que nos tornemos capazes de agir de fato como professores de Educação Infantil repensando e discutindo a utilização dos jogos simbólicos na Educação Infantil. Trabalharemos com instalações inspiradas em obras de artistas contemporâneos, constituídas por materiais não estruturados que possibilitam a transformação e a apropriação das crianças por meio do jogo. Utilizaremos objetos e espaços como meio de comunicação e interação. Educação Infantil tem tudo a ver com a arte contemporânea que impressiona, sacode, convida, inclui e dialoga.
Já parou para pensar porque as crianças gostam tanto de caixas? As caixas permitem a construção e a reconstrução de algo. Permitem narrativa, script e jogo simbólico. Possibilitam a apropriação do espaço e a entrada em cena da criança. Observar uma sessão de arquitetura de jogos é poder ver a relação das crianças com seus pares, a coreografia da ação lúdica, a relação da criança e os materiais (experimentação, investigação e descoberta). É descobrir que existe uma simbologia nos espaços que pode ser ao mesmo tempo de acolhimento e de desafio. A Arquitetura de Jogo envolve Ludicidade, Continuidade e Significatividade. Envolve sobretudo, o protagonismo das crianças.
Referências: El Jogo Simbólico. Autores: Javier Abad Molina e Angeles Ruiz de Velasco Galvez
Referências: El Jogo Simbólico. Autores: Javier Abad Molina e Angeles Ruiz de Velasco Galvez
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