Poesia é plantar flores no sapato
A poesia é mais que um estilo literário. É algo particular e está em tudo aquilo que nos toca o espírito provocando emoção e prazer estético. Está em tudo que nos cerca: Nas flores, nas ondas e no barulho do mar, nas nuvens do céu, num beijo apaixonado, numa cena que nos comove e no sorriso de uma criança. Ela está no mundo à espera de um olhar sensível que a descubra. A poesia na escola é fundamental para enriquecer o universo do aluno. Universo humano intelectual, social, político, musical, oral, histórico, cultural e sim... Também o universo literário de possibilidades que por sua vez é uma porta para tudo o que se aprende não apenas na escola, mas na vida.
"Poesia é a descoberta das coisas que eu nunca vi." Oswald de Andrade
O professor pode ser um mediador na prática da leitura da poesia. Aproximando do aluno a leitura e a apreciação da poesia. A poesia desenvolve a sensibilidade, a criatividade, enriquece o vocabulário, desperta para a escrita, possibilita a interação e o envolvimento da turma e desperta para pensamento crítico e reflexivo. Cada professor pode encontrar seu próprio caminho para trabalhar a poesia com seus alunos. O importante é fazer a criança mergulhar na poesia, despertar sua imaginação, despertar o sonho e sentimentos que podem nascer ou nunca emergir do labirinto interno infantil.
O
professor pode usar desenhos e pinturas, pode fazer e provocar perguntas, criar frases que peçam
rimas. A criança se diverte com a poesia. Está aí o primeiro passo para começar
a gostar de poesia: Aprender brincando. Talvez exatamente por isso a poesia
infantil no Brasil tenha dado seu grande passo nos anos 60. Quando a poesia
passou a usar uma roupa infantil, com o humor, o lúdico sonoro, o sentimento e
a sensibilidade infantil. A aliteração e a assonância da poesia desperta o interesse
e a curiosidade da criança. Ela gosta da repetição das palavras, acha engraçado,
pede para repetir porque quer ouvir e rir de novo. Pode-se usar parlendas e
travalínguas sem medo de errar. A música é outro parceiro da poesia. A sonoridade
das palavras combinada com a musicalidade,
torna o gostar de poesia ainda mais natural. Esta janela para alma do aluno está
diante de nós. Professor: Deixa a poesia entrar.
http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/linguagem-oral-poesias-oralidade-poemas-567791.shtml
Quando eu era criança, meu pai me levava para passear na Praça da
Alfândega, no centro de Porto Alegre, onde morávamos. Em nossas andanças, com
frequência encontrávamos o poeta Mário Quintana, sentado nos bancos da praça.
Meu pai dizia: "Vê aquele senhor sentado ali no banco? É o poeta Mário
Quintana." Eu olhava para o poeta e ele me sorria. Quando nos afastávamos,
meu pai dizia:" Que lindo minha filha! O poeta Mário Quintana sorriu pra
ti. Isso também é poesia." Como não amar o poeta que me sorria quando criança?
Ganhei na feira do livro de Porto Alegre um livro sobre Mário que adoro: Um
Passarinho Chamado Mário, de Léia Cassol e Bria Brigidi. O livro tem ilustrações incríveis de Giana Lorenzini. As crianças morrem de rir ao saber
que ele enfeitou um sapato com flores para dar de presente para a namorada (
imagine plantar flores nos sapatos com a turma), que o poeta adorava tomar cafezinho
com quindim (costumo fazer xícaras de café e quindins com massinha de modelar, criar maquetes da Casa de Cultura Mário Quintana com caixas de leite e garrafa pet, fazer o boneco do poeta com meias calças e os alunos , vesti-lo e o colocá-lo sentado, olhando os passarinhos no banco da escola. Ver as crianças olhando para o poeta e o poeta sorrindo para elas. Isso também é poesia.
"Todos estes que aí estão. Atravancando meu caminho. Eles passarão... Eu passarinho!" ( Mário Quintana em Poeminha do Contra)
"Todos estes que aí estão. Atravancando meu caminho. Eles passarão... Eu passarinho!" ( Mário Quintana em Poeminha do Contra)
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