A foto é da menina Thylane Blondeau, de 10 anos de idade, para o ensaio de uma revista francesa de moda internacional. A imagem tem um forte apelo de sensualidade com toques de ingenuidade. Como se quisesse provocar o desejo pela inocência. Ao mesmo tempo, em que a menina vestida de mulher, faz pose e olhar sensual, usa um vestido com decote profundo, sandália de salto alto, bijuteria exagerada e cheia de fetiche no decote e nos tornozelos, está deitada sobre tecidos de feras selvagens, ela está acariciando dois coelhinhos "fofos", que inspiram um toque de pureza à foto. É uma menina vestida de mulher. Uma menina que quer ser mulher e ainda é menina.
O retrato de uma inocência nem tão inocente. Mas uma inocência que vende, e vende muito. A menina vende erotismo e muito mais, o que Thylane vende na verdade, é a imagem da mulher que gosta de dinheiro, luxo, ouro e jóias e está disposta a tudo para isso. Até mesmo ser domada como uma fera. É uma distorção do que é e do que quer a mulher de fato. Uma distorção de gênero e de sexualidade. É isso que significa ser feminina e mulher? Thylane vende sensualidade, juventude e beleza. E se as fotos foram feitas pela revista, é porque o mundo adulto quer essa imagem e mais do que isso, o que ela vende e representa: Um ideal.
No entanto, olhando a foto da criança, temos a certeza de que o mundo adulto está obscurecendo a infância com seus padrões estéticos e econômicos. Mas se pararmos para tentar entender a foto, para enxergar além do que os olhos veem, talvez a gente chegue a conclusão, de que é da infância que a vida adulta está roubando seus padrões de aparência e comportamento. A sexualidade precoce e forçada de Thylane, somada ao gênero de feminino distorcido que traz a foto, talvez represente uma característica típica da sociedade contemporânea, a vontade de não crescer, de sermos eternamente crianças, jovens e belos. Como se a Terra do Nunca fosse aqui e estivesse a nosso alcance. Ainda que para chegar lá seja preciso mais que o pó de prilimpimpim. Nem que para isso tenhamos que roubar a infância.
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