segunda-feira, 25 de abril de 2016

A música na escola


A música é a arte de combinar sons e silêncio. Ela é parte integrante de nossas vidas, desde o início da história do homem e da natureza. Antes mesmo de nascer o bebê já é capaz de escutar, reconhece a voz da mãe e reage a estímulos e sons. A medida que crescemos, os sons continuam evocando reações, memórias, pensamentos, emocionam, movimentam e comunicam. Mas se a música faz parte de nosso cotidiano desde sempre porque aprender música? Porque a música é tão importante para a educação?
Com a música a criança aprende a se expressar de uma outra maneira e é capaz de se integrar socialmente com mais facilidade, porque ganha mais confiança e autonomia ampliando sua relação com os outros e com o mundo. Quanto mais cedo a criança for estimulada com musicalidade melhor. A música toca áreas do cérebro que vão beneficiar o desenvolvimento de outras linguagens. Mas o que é importante sabermos para ensinar música nas escolas? Pesquisando sobre o assunto encontrei esta excelente entrevista com o especialista inglês Keith Swanwick. Para ele é fundamental respeitar os estágios em que cada criança se encontra, trabalhar os conteúdos de forma integrada e respeitar a cultura da criança:


Temos um professor de música na EMEI Tio Barnabé, o prof. Alexandre. Ele vai à escola toda quinta feira e passa por todas as turmas. Eu já estive com ele em todas e sempre me impressiono com o que a música pode e é capaz de fazer com as crianças. É como se ele fosse o flautista de Hamelin, as crianças o seguem, embarcam com ele na aventura de descobrir, ouvir e fazer sons. Há sempre uma novidade: um dia os Beatles invadem o Berçário 1, no outro a ciranda envolve o Jardim B, ouvir as batidas do coração, instrumentos que ele toca e os que oferece para as crianças, os sons da natureza tão perto da gente, se a gente os percebe... Canções compartilhadas com as crianças. Ele não obriga a criança a cantar, tocar, participar... As crianças vão se chegando naturalmente, atraídas pela proposta de "viver" a música. Eu acredito que esse encantamento tem a ver com liberdade de ação, de movimento  e de interesse das crianças. O professor planeja para elas, mas antes de tudo as percebe...

                                   

"Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem música. Aí encantada com a beleza da música ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem que vir antes." Rubem Alves


domingo, 17 de abril de 2016

A Importância da Leitura

         


             O livro é uma porta para todas as possibilidades da criança. Em contato com o livro a criança dá asas à sua imaginação e à tudo que existe dentro dela.  Ler é poder entrar e sair de si mesmo. A escola tem um papel fundamental para garantir o contato com os livros desde a primeira infância: poder manusear os livros, se encantar com as ilustrações e começar a descobrir o mundo das letras. Garantir o contato com os livros e apresentar diversos gêneros literários para os pequenos desenvolve não apenas a preferência dos leitores mirins, antes de tudo, desperta na criança, o gosto pela leitura. Nesta fase o que importa é se deixar levar pelo  livro e pela história. Ler para os pequenos e comentar sobre a leitura com eles é fundamental para despertar a curiosidade, o pensamento crítico e o olhar da criança.
           Para entrar em contato com a leitura não é preciso saber ler. As crianças podem e devem entrar em contado com a leitura ainda bebês. Quanto mais cedo melhor. Hoje há uma infinidade de opções para as crianças pequenas: livros de plástico, livros de pano, livros interativos de toque. A leitura é feita pelo professor mas é importante para a criança poder tocar no livro,  folhear as páginas, observar as imagens e o texto e poder levar a obra para casa.
          Eu sou fã da contação de histórias. Acredito que por mais que o livro seja interessante, se for mal lido (de forma mecânica, cansativa, repetitiva ou de má vontade), o futuro leitor perderá o interesse. Ler mudando as páginas rapidamente não cativa a atenção das crianças. Por isso, acho fundamental conhecer a história do livro antes de contá-la para as crianças. Costumo utilizar alguns elementos concretos que me ajudam na contação : um brinquedo, uma concha, uma máscara, uma sacola de objetos, a mala da história... O importe é cativar o  futuro leitor.
O escritor Ziraldo dizia que ler é mais importante do que estudar. Porque ler é algo que se faz por prazer e estudar nem sempre. Então... Que a gente possa estimular a leitura de forma prazerosa para as crianças.


            “A palavra é precedida pela leitura do mundo”. (Paulo Freire)


domingo, 10 de abril de 2016

Ludicidade e Aprendizagem

  
Levarei os doces para a vovózinha
  
  
                         Menino também brinca de casinha                    

                                  
                                                            Posso brincar também?

A palavra lúdico vem do latim "ludus" que significa jogos. A palavra jogo também tem origem no latim "iocus, iocare" e significa brinquedo, divertimento, passatempo sujeito a regras. Ludicidade é a forma de desenvolver a criatividade e o conhecimento através dos jogos, das brincadeiras, da música, da dança, da imitação. O primeiro objetivo do jogo é o de ser lúdico. Com o jogo a criança aprende se divertindo. Porque aprender pode e deve ser prazeroso para a criança. Quando a criança brinca ela se diverte e interage, aprende e ensina seus pares.
                 
A criança aprende brincando e é através do exercício do brincar que a criança desenvolve suas potencialidades. O lúdico influencia e estimula o desenvolvimento da criança  em todas as suas formas: desenvolvimento motor, biológico, social, cognitivo, expressivo, afetivo, emocional. É através do jogo que ela aprende a agir, sua curiosidade é estimulada e ela adquire iniciativa, autonomia e autoconfiança. O jogo é tão antigo quanto o homem. A ludicidade faz parte da essência do ser humano e o jogo é a sua expressão, no qual o jogador é o protagonista. Quando brinca a criança "é". 
               
Platão dizia que se pode aprender mais sobre uma pessoa em uma hora de brincadeira do que em um ano de conversa. Eu concordo com ele. Na minha prática como educadora aprendi que observar as crianças brincando é algo indispensável para trabalhar com elas e para elas. Brincando elas se revelam diante de mim todos os dias. Por isso acredito que a filosofia do brincar deve estar inserida na proposta pedagógica da escola. Precisamos compreender filosoficamente o que significa o brincar. O que quer dizer exatamente o fazer pedagógico? De que forma a ludicidade está inserida no meu trabalho?Porque limitar a dimensão e o tempo do brincar? Poderíamos aprender com as crianças nesse sentido: respeitando as regras do jogo mas criando, transgredindo, modificando e transformando nossa forma de jogar. Façamos como elas: se não der certo a gente tenta de novo. 

"As crianças não brincam de brincar. Brincam de verdade." (Mário Quintana)


sábado, 2 de abril de 2016

Ver e Olhar



        Pesquisando sobre a diferença entre ver e olhar, encontrei o texto Aprender a Pensar é Descobrir o Olhar, da filósofa Márcia Tiburi. As duas palavras são sinônimos. Ver quer dizer olhar e olhar quer dizer ver. Na realidade não é bem assim. Ver é diferente de olhar. O sentido da visão nos permite ver, mas é nossa alma que nos permite olhar. Para ver basta abrir os olhos. Para olhar há que se abrir a mente e o coração.
    Existe uma diferença de tempo fundamental entre o ver e o olhar. Ver é instantâneo, pode ser feito de forma rápida. Olhar é lentidão e precisa de mais tempo para reflexão. Ver é óbvio e revelado assim que se vê. Olhar é descobrir o que está oculto. Requer percepção, dedicação e contemplação. O olhar é uma extensão do ver mesmo não sendo:
     “Paul Valéry disse que uma obra de arte deveria nos ensinar que não vimos aquilo que vemos. Que ver é não ver. Dirá Lacan: ver é perder. Perder algo do objeto, algo do que contemplamos, por que jamais podemos contemplar o todo. O que se mostra só se mostra por que não o vemos. Neste processo está implicado o que podemos chamar o silêncio da visão: abrimo-nos à experiência do olhar no momento em que o objeto nos impede de ver. Uma obra de arte não nos deixa ver. Ela nos faz pensar. Então, olhamos para ela e vemos”. (Márcia Tibury)

http://www.marciatiburi.com.br/textos/aprender.htm

    No nosso dia a dia como educadoras observar as crianças é fundamental. É através desta observação que nascem os projetos e nossas intenções. É com esse ver e olhar que poderemos compreender seus interesses. Observar com atenção, para além daquilo que todos podem ver,requer tempo,interesse, reflexão, contemplação, curiosidade, busca, pesquisa... 
    Precisamos estar atentos neste ato de observar as crianças. Precisamos saber o que queremos ao olhar e vê-las. Queremos apenas registrar o estamos vendo ou queremos participar daquilo que vemos? Para educar é preciso transformar. Para transformar é preciso observar. Há que se ter humildade para silenciar e observar ao invés de falar e ditar. Não é fácil para quem ensina dar um passo atrás e parar para poder avançar mas é contemplanto as crianças que poderemos aprender com elas. Ver e olhar é descobrir como pensam as crianças. Precisamos  aprender a olhar.

“Por isso quero ensinar as crianças. Elas ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era o início do pensamento: a capacidade de se assombrar diante do banal. Tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, um ninho de guaxo, uma concha de caramujo, o vôo dos urubus, o zinir das cigarras, o coaxar dos sapos, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra.” (Rubem Alves)

http://pt.slideshare.net/joserosafilho/pedagogia-do-olhar-rubem-alves