A música é a
arte de combinar sons e silêncio. Ela é parte integrante de nossas vidas, desde
o início da história do homem e da natureza. Antes mesmo de nascer o bebê já é
capaz de escutar, reconhece a voz da mãe e reage a estímulos e sons. A medida
que crescemos, os sons continuam evocando reações, memórias, pensamentos,
emocionam, movimentam e comunicam. Mas se a
música faz parte de nosso cotidiano desde sempre porque aprender música? Porque
a música é tão importante para a educação?
Com a música
a criança aprende a se expressar de uma outra maneira e é capaz de se integrar
socialmente com mais facilidade, porque ganha mais confiança e autonomia
ampliando sua relação com os outros e com o mundo. Quanto mais cedo a criança
for estimulada com musicalidade melhor. A música toca áreas do cérebro que vão
beneficiar o desenvolvimento de outras linguagens. Mas o que é importante
sabermos para ensinar música nas escolas? Pesquisando sobre o assunto encontrei
esta excelente entrevista com o especialista inglês Keith Swanwick. Para ele é
fundamental respeitar os estágios em que cada criança se encontra, trabalhar os
conteúdos de forma integrada e respeitar a cultura da criança:
Temos um
professor de música na EMEI Tio Barnabé, o prof. Alexandre. Ele vai à escola toda
quinta feira e passa por todas as turmas. Eu já estive com ele em todas e
sempre me impressiono com o que a música pode e é capaz de fazer com as
crianças. É como se ele fosse o flautista de Hamelin, as crianças o seguem,
embarcam com ele na aventura de descobrir, ouvir e fazer sons. Há sempre uma
novidade: um dia os Beatles invadem o Berçário 1, no outro a ciranda envolve o
Jardim B, ouvir as batidas do coração, instrumentos que ele toca e os que
oferece para as crianças, os sons da natureza tão perto da gente, se a gente os
percebe... Canções compartilhadas com as crianças. Ele não obriga a criança a
cantar, tocar, participar... As crianças vão se chegando naturalmente, atraídas
pela proposta de "viver" a música. Eu acredito que esse encantamento
tem a ver com liberdade de ação, de movimento e de interesse das
crianças. O professor planeja para elas, mas antes de tudo as percebe...
"Se fosse ensinar a
uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas.
Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os
instrumentos que fazem música. Aí encantada com a beleza da música ela mesma me
pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre
cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas
ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem que
vir antes." Rubem Alves