“Clássico não é livro antigo e fora de moda. É livro eterno que não sai
de moda”. (Ana Maria Machado) p.15; Deve
articulado, rápido e perigoso.
Os Contos de
Fadas são narrativas reveladas aos poucos e neste processo de construção e
contação de história, vão fazendo sentido, tendo uma explicação e um porquê
desta história, de determinado personagem, conflito, desfecho. Neste
quebra cabeça, o leitor encontra sempre uma resposta. Segundo Ana Maria
Machado: “É para isso que o homem conta histórias — para tentar entender a
vida, sua passagem pelo mundo, ver na existência alguma espécie de lógica”.
Os contos de
fadas são criações populares e coletivas. Foram sendo contados e
recontados, construídos e modificados oralmente ao longo do tempo, por artistas
do povo, que não são conhecidos pelos leitores porque ficaram anônimos. Cada
vez que eram contados, surgiam novas ideias, personagens, detalhes e situações
que eram acrescentados pelos contadores. Essas histórias sobreviveram e se
espalharam por toda parte, graças à memória e a habilidade de quem as contava.
Os escritores famosos que ganharam celebridade e reconhecimento pela autoria
dessas histórias,criaram sim, suas próprias versões escritas, mas inspirados
nestes contos populares. Então, podemos dizer, que os contos de fadas, que são
histórias de autoria individual reconhecida, são antes de tudo, histórias de
autoria coletiva. Existe uma intertextualidade entre autoria e Contos de Fadas.
“O primeiro contato com um
clássico, na infância e na adolescência, não precisa ser com o original. O
ideal mesmo é uma adaptação bem feita e atraente”. (Ana Maria Machado).
A autora elogia as excelentes adaptações já
realizadas usando os Contos de Fadas, que incluem antologias de Contos de Fadas
de várias nacionalidades, mas Ana Maria Machado vai além dos elogios às
excelentes adaptações dos Contos de Fadas que já foram realizadas. A autora
acredita que muitas vezes a adaptação é feita de uma forma esdrúxula, sem pé
nem cabeça. Para ela, a questão não é adaptação em si, mas como. Um exemplo
disso, são os clássicos infantis andando soltos por aí. Diminuindo a escrita
dos contos e evitando que ele fale. Em relação aos clássicos ( na versão
original), a autora fala sobre as adaptações feitas, reduzidas quase sempre com
arrogância, pretensão e ignorância muitas vezes. Com frequência, o adaptador
dessas histórias, por não estar acostumado a conviver de perto com muita
leitura, passa por cima do fato de que não se lê literalmente.
Somos todos “a
criança que habita em nós” e eu cresci lendo e ouvindo os Contos de Fadas. Os
contos de Fadas são uma porta para a imaginação da criança, uma forma dela
vencer o mal, aumentar a autoestima, aceitar as diferenças, ser outra sendo ela
mesma. É assim que eu trabalho os contos de Fadas na EMEI Tio Barnabé, com
magia. Gosto de utilizar elementos concretos para minhas contações: pozinho
mágico da fada, chapéu de bruxa, espada do príncipe, escudo do dragão, coroa da
princesa... Elas costumam “entrar” na história e isto para mim é fundamental.Também tento desmistificar a figura da mulher, sempre que posso.
Desconstruindo a ideia do gênero em nossa escola. As crianças gostam de fazer
de conta que são princesas, príncipes, arqueiros, dragões e espadas. É interessante teatralizar a história, de adaptar e mudar algumas coisas. Chapeuzinho
Vermelho pode virar Chapeuzinho Azul. O Patinho Feio pode ser o Patinho Que Não
Era Feio. De permitir que a criança também reinvente, reconte e adapte suas
histórias de Contos de Fadas.
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