domingo, 30 de outubro de 2016

Flutua ou Afunda

Experimento: Flutua ou Afunda


Objetivos do Experimento:
-Observar, investigar e levantar hipóteses sobre fenômenos físicos;
-Estabelecer relações entre flutuabilidade e não flutuabilidade dos objetos comparando sua forma, tamanho, peso e material;
-Concluir sobre a experiência utilizando não apenas o experimento, mas o que já sabe e o que aprende com os outros: Observação, vivência e troca.

                                           

Material:
-Objetos para tornar concreta a poesia  Barco de Papel, do livro “Saco de Brinquedos,” de Carlos Urbim: Barquinho de papel, rio de TNT, chapéu do pirata;
-Barquinhos de papel, folhas, galhos; pedras de vários tamanhos; areia, bolinha de gude, tampinha, pazinha de plástico;
-Caixa de areia da tartaruga que com um pouco de água virou um oceano sem fim. 

Desenvolvimento: Depois de contar a poesia de forma concreta em sala de aula,fomos para o pátio onde nosso barquinho, rio e objetos “flutuantes ou não”, já nos esperavam. Chegando lá convidei as crianças para brincarmos de descobrir coisas. Como fazem os cientistas. As crianças toparam fazer o experimento. Eu convidei cada um a pegar o seu barquinho e brincar com ele na água. Depois elas foram escolhendo os objetos e suas ideias, perguntas e respostas foram surgindo. Eu interferi muito pouco, apenas inicialmente para instigá-los a pensar e falar sobre a experiência.


Perguntas e aprendizagens das crianças: “O baquinho futua. O baquinho futua, mas a boneca afunda.”(Alice) “A aleia tá lá no fundo. Se afogou.”(Rafael) “A areia afunda porque no fundo do mar é a casa da areia. ( Melissa) “ A pedra afunda, mas a foia futua.”(Ane) “Afunda porque é pesada Ane.”(Beatriz) “A pedra afunda porque dói .”( Melinda) “A foia não afunda porque é um baquinho.” (Caio) “Folha é folha e barco é barco Caio.”( Melissa)“ Mas eu acho que a folha é o barquinho da formiga.”( Caio) “O peixinho afundou. É poque ele não é de verdade. Peixe de verdade não afunda. ( Beatriz)” “A tampinha não afunda. Eu acho que ela é pequena. Por isso...  É uma filhote.”(Duweny)  “Mas o barquinho é gandi e não afunda.” “Porque que o barquinho flutua? É porque ele é bem  levinho.”(Caio)“O barquinho futua porque ele bóia.” (Duweny)“O barquinho do Gaby afundou porque ele molhou. Daí ficou pesado e afundou.”(Melissa)” “Eu acho que o gaio afunda prof.  Tem gaio que futua também.  Se é pequenininho e beeeeeeeeeeeem levinho até futua, mas se é gandão, beeeeeeeeem gandão afunda. Vai lá no fundão do rio.”(Melinda) “Tem coisa que afunda e tem coisa que futua. Depende da coisa.” (Caio)

     

Que aprendizagens você realizou sobre o fenômeno observado:
Essa experiência sobre flutuabilidade é importante para despertar o interesse das crianças sobre a questão da densidade. É um assunto complexo, especialmente para crianças tão pequenas. Elas têm noção de tamanho e peso, mas não sabem o que é massa e volume. Pesquisando encontrei a seguinte explicação: Densidade maior: Objeto mais pesado. Densidade menor: Objeto mais leve. Quanto maior a densidade mais pesado o material. Se o objeto flutua é porque tem a densidade menor que a da água.

Que aprendizagens você fez sobre as aprendizagens de seus alunos:
Na educação infantil o lúdico é fundamental para a aprendizagem. As crianças dessa faixa etária não vão aprender a definir densidade com este experimento, mas vão começar a se questionar, vão começar a formular hipóteses e vão começar a se interessar sobre o assunto e pela descoberta das coisas de modo científico: observando, tocando, fazendo, experimentando, pensando, conversando, discutindo e concluindo as coisas. É extremamente interessante perceber o quanto eles aprendem uns com os outros. A alegria e o espanto deles na descoberta das coisas me encantam.
No final colocamos uma formiga sobre a folha para testarmos a teoria do Caio. E não é que a folha é o barco da formiga?
         
                                              

  “Quero ensinar as crianças, elas ainda têm olhos encantados.”(Rubem Alves)  

Referências: 
http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/flutua-ou-afunda.h -Acesso em 30/09/16
http://www.manualdomundo.com.br/2013/12/por-que-os-navios-que-sao-tao-pesados-conseguem-flutuar-e-uma-pedra-que-pesa-so-alguns-gramas-afunda/ -acesso em 30/09/16    
                                                                    

sábado, 22 de outubro de 2016

O Tempo no Espaço Escolar

          O texto “Questões sobre o tempo no espaço escolar”, nos faz pensar sobre o tempo dentro do cotidiano escolar, sobre como ele acontece, sobre como foi e é estruturado este tempo, por quem e para quem ele se estrutura, sobre nossos próprios objetivos e prioridades como educadores em relação a este tempo, sobre o que o aluno precisa e quer neste tempo em que está na escola. Esse tempo é criado para se enquadrar nas necessidades da educação ou a educação na Modernidade é escrava deste tempo criado por ela mesma? Quem vive dentro da rotina escolar sabe o que significa o tempo e a pressão que ele nos impõe. Essa relação do tempo com a educação é tão interessante quanto contraditória.
     Para o professor esse tempo tem que enquadrar planejamento, comemorações, reuniões, avaliações, provas e, sobretudo os conteúdos... Para o aluno, esse tempo muitas vezes se divide entre a obrigação de estar na sala de aula aprendendo o conteúdo e o tempo do recreio, onde ele supostamente se sente livre. Na defesa deste “tempo escolar” e seus períodos, dizemos que ele é necessário para que se cumpra o cronograma e para que os conteúdos sejam ministrados. Na prática, o que acontece é que o tempo apressa, faz pular e deixa incompleto o conteúdo das aprendizagens. Esse tempo seria mal administrado e mal definido por quem afinal? Privilegiamos o conteúdo dentro do tempo e ao fazermos isso, o tempo se torna, ele também, o condutor do conteúdo. Se a questão do tempo e o conteúdo na escola já é uma contradição o que dizer da relação do tempo no espaço escolar com a infância?
       Ao longo da história, a infância foi se definindo e redefinindo com teorias e normas de aprendizagem estabelecidas para cada etapa do desenvolvimento. Devidamente classificadas as crianças, fazer uma tabela de tempo que se adapte ao aluno, parece seguir uma sequência mais do que natural. Parece mas não é... Tomemos como exemplo o tempo dentro da educação infantil. Ao mesmo tempo em que a escola entende a importância do brincar e esse brincar é a base da aprendizagem para essa faixa etária, a dura rotina vivida dentro deste mesmo espaço pela criança se contradiz a essa base: São horários rígidos de refeições, hora do sono, hora do pátio, hora de fazer a atividades, hora de trocas de fraldas, hora do brincar dirigido, hora do livre brincar.  Muitas vezes, a escola infantil assemelha-se mais a um quartel.
          Estaríamos nós confinados ao tempo e ao espaço escolar como dentro de uma armadilha criada pela própria educação? Se pensarmos em nós educadores, nos alunos e na comunidade escolar como sujeitos dentro de um projeto pedagógico escolar que elaborado por nós deve ou deveria ter respeitados os objetivos traçados de forma democrática e dialógica, esse tempo pode ser reconstruído e reformulado de acordo com nossos reais interesses. Que escola é essa que vivemos? Essa é a escola que queremos? Essa é a escola que pensamos? Seremos nós apenas viajantes do tempo nesse cotidiano escolar ou construtores da educação que queremos dentro de nossas práticas educativas?
            Para que o tempo do professor hoje, dentro da sala de aula, deixe de ser um tempo de obrigações, destinado apenas a cumprir obrigações e a carga horária, precisamos fazer a seguinte  reflexão: “Quem faz a escola e pra quem é feita a escola?” O texto nos acorda  para o desafio de fazer a escola num outro tempo e para a necessidade de sairmos desse tempo de confinamento que vivemos em nossas escolas para o tempo de criação, nos apropriando dos espaços e expandindo estes espaços, tornando-os mais flexíveis, interativos e ilimitados. Uma organização de tempo e espaço menos homogeneizada, que considere e respeite as diferenças, os conteúdos e os saberes de todos que vivenciam a educação. Uma escola em que o tempo se torne um aliado e não um inimigo do professor e do aluno, onde o próprio tempo deixe de ser um prisioneiro da sala de aula, onde a alegria da aprendizagem não seja sufocada pela obrigação:

“O tempo que levamos dizendo que para haver alegria na escola é preciso primeiro mudar radicalmente o mundo é o tempo que perdemos para começar a inventar e viver a alegria.” (Paulo Freire, 1993, p.10)

Referência:


segunda-feira, 17 de outubro de 2016

O ensino de Ciências

          O que me causou espanto na nossa primeira aula, foi ver que ainda persiste, mesmo entre nós educadoras, essa ideia de que o laboratório é um lugar indispensável para a experiência científica. Durante nossas conversas, algumas colegas mencionaram a existência de laboratório em suas escolas, enquanto outras lamentavam a inexistência do mesmo para o ensino da disciplina. Uma aula prática de ciências não depende de equipamentos de alta tecnologia, nem de uma sala específica. Com material alternativo também é possível produzir experimentos que levam a construção de conceitos científicos e possibilitam descobertas interessantes. Observações de fenômenos podem ser feitas no pátio da escola e mesmo dentro da sala de aula. Também não é preciso um laboratório para ter um microscópio e como vimos no vídeo feito pelo grupo de pesquisadores do Programa de Pós Graduação em Ciências na UFRGS, o cientista não tem que ser necessariamente, um cara solitário, de jaleco branco, que quer descobrir tudo sozinho trancado à portas fechadas. O cientista pode ir aonde o povo está.
            Segundo Russel Rosa, em seu texto sobre os princípios do ensino das ciências na educação infantil, uma das características no ensino de Ciências é a busca permanente de informações, o desassossego, a inquietude, a não acomodação do saber. A autora nos lembra que em Ciências, as verdades são provisórias, são revistas de tempos em tempos. As descobertas podem ser reformuladas a partir de novas descobertas. Há 500 anos atrás, os cientistas não aceitavam que a terra girasse em torno do sol e Galileu, que defendia a ideia, quase foi queimado pela Santa Inquisição. Muito recentemente, Plutão deixou de ser considerado um planeta em nosso sistema solar. O que dizer do Rio Guaíba que sempre foi um lago? Como diria Einstein: "Tudo é relativo." Pesquisar é possibilitar a descoberta. Como manter viva essa possibilidade e o desejo pela descoberta em nossos alunos? 
           Tão importante quanto manter a curiosidade e provocar o espanto das crianças é não destruir nelas, esse desejo de curiosidade pela descoberta e também seu direito de expressar essa  descoberta de forma única e pessoal. Quando o professor inibe a pergunta e até a proíbe, ele mata a curiosidade. Quando o professor corrige a interpretação  de uma experiência, ele destrói o pensamento crítico da criança. Quando o professor critica a fala dos pequenos pesquisadores, ele impede a troca de experiências e vivências pessoais que tornariam possível o enriquecimento da pesquisa. Além de nos prepararmos para o que fazer numa aula de ciências, deveríamos também ter em mente o que não deveríamos fazer. A intervenção do professor, esse recurso humano de fala, escuta e percepção dentro da experiência é tão importante quanto o experimento em si. Tornar interessante a aula é necessário, mas perceber o interessante é fundamental.

Referências:
OLIVEIRA, Daisy Laura de. Ciências nas salas de aula. Porto Alegre. Mediação, 1997.
WEISSMANN, Hilda. Didática das ciências naturais: contribuições e reflexões. Porto Alegre. ARTMED, 1998.
http://docslide.com.br/education/ensino-de-ciencias-e-educacao-infantil.html- acesso em 20/10/2016.

sábado, 15 de outubro de 2016

Quem tem medo de matemática

Nossa primeira aula presencial de matemática começou com uma pergunta essencial: “Quem tem medo de matemática?” A resposta nos faz pensar no que causa ou causou esse medo da matemática. Porque uma coisa é certa: Ninguém nasce com medo de matemática. Em que momento este medo nasce em quem está na escola pronto para aprender sobre as coisas do mundo? A matemática faz parte do nosso dia a dia, está em todas as coisas. Deveria ser algo natural para o aluno se interessar pelos números, mas a matemática está entre as matérias que mais causam medo nos estudantes. De que forma nós como educadores podemos tornar o ensino da matemática mais interessante e vivo para nossos alunos?
É na Educação Infantil que tudo começa. É através do lúdico, dos jogos e brincadeiras que a criança aprende. É extremamente prazeroso ver o quanto os pequenos têm em si a vontade e  o espanto das coisas da matemática. A grafia dos números é algo arbitrário e abstrato para as crianças que constroem conceitos de quantidade e números através do concreto. Os momentos de alimentação são um exemplo disso: mais, menos, muito, pouco, tudo, nada, essas noções antecedem 1,2,3,4,5,6...  Pensemos no jogo de boliche. Quando a criança conta as peças que derruba, ela raramente erra na contagem. As receitas são outra forma de aprender matemática de forma prazerosa. É essencial tornar a escrita da receita visualmente atraente para a criança memorizar o que aprendeu utilizando, por exemplo, embalagens e objetos do preparo. As músicas que cantamos na escola todos os dias também são recheadas de matemática. Já as coleções são um excelente recurso para trabalhar as classificações. Tampinhas e legos coloridos ensinam seriação...
É preciso desafiar o pensamento da criança e criar oportunidades para que ela estabeleça relações entre os objetos, comparando-os, separando-os, ordenando-os  por classificação e seriação. As crianças se interessam pela quantificação das coisas, especialmente quando é significativo para elas. O professor não pode esquecer que a criança aprende do seu jeito e por sua própria lógica. Por isso é fundamental que o professor aprenda a respeitar e interpretar essa lógica. Quem sabe um dia, quando alguém perguntar quem tem medo da matemática ninguém levante a mão. 

Referências:
KAMII, Constance. A criança e o número. Campinas: Papirus, 1984.
RANGEL, Ana Cristina S. Educação matemática e a construção do número pela criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

sábado, 8 de outubro de 2016

Desenhar para mapear

                           
Ensinar a ler o mundo é um processo que se inicia quando a criança reconhece os lugares e os símbolos dos mapas, conseguindo identificar as paisagens e os fenômenos cartografados e atribuir sentido ao que está escrito. Entender mapas não é uma tarefa fácil para as crianças. O mapa é uma representação do espaço e exige uma capacidade muito grande de abstração. 
Uma das situações ideais para o estudo da Geografia é a leitura de paisagens, como os arredores da escola. As crianças têm que ser mapeadores do que está a sua volta para depois entender o que é a Cartografia. Um mapa é antes de tudo um desenho e o desenho da criança pode ser o começo para o aprendizado da cartografia. Crianças que desenham desenvolvem referências e orientação espacial. Desenhar é fundamental para que a criança possa aprender noções de localização, proporção, perspectiva e simbologia. Ao desenhar a criança representa seu modo de pensar o espaço. 
Recentemente a turma do Jardim B começou a se interessar por mapas. A história da Chapeuzinho Vermelho foi desencadeadora dos primeiros mapas da turma. As crianças depois de ouvirem a história, falaram sobre os personagens, características dos lugares onde cada personagem vive, paisagens desses lugares, casas dos personagens e é claro o caminho percorrido pela Chapeuzinho e suas opções de escolha para chegar até a casa da avó. A partir daí, já surgiram novas ideias e desafios para mapear o espaço da escola, o caminho de casa até a escola, o caminho de casa até a casa da avó... 
De acordo com Castrogiovanni(2006):
Não é possível aprendermos sobre o espaço somente com figuras penduradas em sala de aula e com livros didáticos que apresentam conotações de locais específicos. A análise da realidade social através da escola só é possível quando respeitamos o imaginário, a fantasia, a identidade, a origem, as particularidades, inclusive as subjetividades de quem aprende.

Referências:
DOIN DE AlMEIDA, Angela. Do Desenho ao Mapa:Indicação Cartográfica na Escola. Ed. Contexto.
PASSINE, Elza e DOIN DE ALMEIDA, Angela: O Espaço Geográfico: Ensino e Representação. Ed. Contexto.