segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A Didática no Ensino da Matemática

                           

           O texto “Técnicas e Tecnologias no Trabalho com as Operações Aritméticas nos Anos Iniciais Ensino Fundamental”, de Bittar, Freitas e Pais, nos traz reflexões importantes sobre a matemática em nossas escolas. Concordo plenamente com os autores: a questão do ensino da matemática está ligada à questão da transposição didática. Como transformar e transferir o saber acadêmico para o aluno. Sabemos que uma coisa é saber e outra é ensinar. Saber muito sobre matemática não significa saber ensinar matemática. Mas qual a melhor maneira de ensinar matemática. Será que ela existe? O professor deve valorizar mais os aspectos práticos e técnicos, valorizar mais os aspectos tecnológicos e teóricos ou investir mais na exploração e no construtivismo? Precisamos ser tão radicais em nossa escolha? Porque muitos professores se acomodam em um modelo de ensino da matemática não traz bons resultados?

            Trabalho com crianças de 0 a 6 anos de idade. Ninguém começa a se interessar por números aos seis anos de idade, mas uma criança nessa idade já pode perder o interesse em saber e descobrir sobre números.  O texto nos mostra claramente o excesso de valorização do certo ou errado. O que é errado para nós é a lógica da criança. As crianças não aprendem matemática memorizando, repetindo e exercitando exaustivamente números e operações, mas resolvendo situações problema, enfrentando obstáculos cognitivos e utilizando seus conhecimentos. A criança já chega na escola trazendo sua bagagem de matemática, ela já vivencia  matemática, antes mesmo, de saber definir conceitos matemáticos. Então é importante que não ignoremos este saber trazido pela criança. A percepção do aluno é indispensável para o sucesso da matemática em sala de aula. É sobre isso que nos fala Constance Kamii em seu livro, A Criança e o Número: “Quando ensinamos número e aritmética como se nós adultos fôssemos a única fonte válida de retroalimentação, sem querer ensinamos também que a verdade só pode sair de nós. Então a criança aprende a ler no rosto do professor sinais de aprovação e reprovação.”

             A didática da matemática nos mostra que não é apenas com o número, mas com a análise e a reflexão sobre o sistema de numeração que os pequenos constroem seu conhecimento matemático. Quando falamos em matemática para as crianças de 0 a 6 anos é preciso sempre lembrar que o lúdico é um fator indispensável neste processo. Eu utilizo histórias, personagens, materiais concretos, jogos e brincadeiras como (boliche, o dominó, bolas de gude, bingo, basquete, memória, sucatas, tampinhas...) para envolver as crianças na minha prática e despertar sua curiosidade e interesse pela matemática. Trabalho com o concreto encorajado as crianças a relacionar os números com os objetos, pensar sobre os números e interagir com os colegas. É extremamente interessante perceber o quanto os alunos aprendem uns com os outros nas atividades propostas. Os desacordos e acordos entre elas estimulam a releitura do pensamento. Vejo em minha prática diária que as crianças têm muitas maneiras de chegar a uma resposta.

            Gérard Vergnaud nos diz que é importante pensar a adição e a subtração sob o enfoque do campo aditivo porque não se pode entender o aprendizado de um conceito e o desenvolvimento cognitivo separadamente. Por isso, é preciso considerar a variedade de situações envolvidas na formação de um conceito e a variedade de situações envolvidas no entendimento de uma situação. O texto esclarece porque somar e subtrair são complementares para as crianças e nos acorda para a necessidade de aprender como as crianças pensam para ensiná-las, porque se conseguirmos perceber como as crianças constroem seus conhecimentos matemáticos, poderemos planejar uma didática muito mais eficaz e prazerosa para o ensino da matemática:


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