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O texto de Regina Hara “Alfabetização de adultos: ainda um desafio”, nos acorda, não apenas para a realidade do analfabetismo em nossa sociedade desigual e discriminatória, mas também para as dificuldades do ensino e aprendizagem da EJA, quer seja mediante a aplicação mecanicista do método de Paulo Freire ou pelo despreparo dos educadores diante de novos desafios e novas realidades dos educandos. A autora resgata a concepção do método freiriano e nos mostra também concepções dos adultos não escolarizados em relação a escrita. O texto traz ainda, informações essenciais sobre o processo de alfabetização, sobre a amplitude de possibilidades da leitura, a constatação de que para escrever é preciso se comunicar, de que para escrever a vida é preciso expressar a vida.
É o que nos dizem também, os vídeos “Como
os adultos não alfabetizados pensam escrita” e "A construção da leitura da escrita", propostos pela interdisplina de Educação de Jovens e Adultos no
Brasil, que nos emocionam e também nos fazem pensar sobre a importância do papel
do professor na alfabetização da EJA. A oralidade é base neste
processo adulto do aprender a ler e escrever. O aluno ainda não lê a escrita,
mas fala, se comunica e ao falar escreve, reescreve, escuta o som do que diz,
do que ouve, escreve e lê novamente.
É interessante também, perceber como os
adultos aprendem a ler, a evolução da escrita da criança se repete na
aprendizagem dos jovens e adultos da EJA, mas de uma forma diferenciada, que
acrescenta a bagagem trazida por este aluno. Sabendo que nem as crianças chegam
a escola sem saber nada, imaginemos então este aluno, que já tem uma trajetória
de vida maior. A fala da professora Marta Kohl deixa isso bem claro: “Ele tá
encharcado de informação do mundo da escrita. A gente precisa saber o que ele
sabe e usar isso na sala de aula.”
Texto e vídeos nos provocam
reflexão sobre nossas práticas em sala de aula e sobre como nos aproximamos de
nossos alunos. Na Educação Infantil, aprendemos que os projetos e todo o nosso
trabalho, dependem do interesse e da curiosidade das crianças. Que para a
aprendizagem ser concretizada de fato, é preciso escutar as crianças, conhecer
a realidade social e cultural da turma em que estamos, respeitar a bagagem e o
conhecimento trazidos pela criança e estruturar o coletivo respeitando ao mesmo
tempo as individualidades e a diversidade. Há muito mais em comum entre os
métodos da EJA e da Educação Infantil do que a nossa vã filosofia poderia
supor.
REFERÊNCIAS:
HARA,
Regina. Alfabetização de adultos: ainda
um desafio. 3. ed. São Paulo: CEDI, 1992.
Vídeo
Como os adultos não alfabetizados pensam
a língua escrita. Nova Escola. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=zMHa3lWcfnk&feature=youtu.be-Acesso: 05/2018.
Vídeo:
A construção da leitura da escrita. Dividido
em 4 partes - Disponíveis no YouTube em:
https://www.youtube.com/watch?v=UBGtdfYz7ks&feature=youtu.be https://www.youtube.com/watch?v=6jwXf7udfKg&feature=youtu.be
Todos acessados em 20/04/2018.
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