domingo, 29 de abril de 2018

O Ato de Planejar

       

“O ato de planejar o ensino é um ato pedagógico; o ato pedagógico é um ato político; por conseguinte, o ato de planejar é um ato político.” (Rays)

Na interdisciplina de Didática Planejamento e Avaliação temos sido levadas a pensar e discutir questões importantes sobre a interdisciplinaridade, a integração curricular e o planejamento pedagógico, sempre relacionando as discussões teóricas com nossas práticas cotidianas. Ao preencher o quadro de estudos de Rays, que propõe cinco etapas para que o planejamento seja de fato um ato político, não apenas exercitamos o processo do ato de planejar, mas retomamos a consciência de que não existe neutralidade naquilo que fazemos e do planejamento e prática do ensino como ato político:

1. Escola e realidade social: É impossível projetar sem conhecer a realidade social da comunidade escolar. Isso não significa um planejamento inferior em qualidade de conteúdo e proposta, mas um planejamento consciente que respeita a diversidade e as diferentes culturas e realidades.

2, .Retrato sociocultural do educando: Esse mapeamento da turma é fundamental no meu trabalho de planejamento, elaboração e execução do projeto. Estamos sempre estruturando, refazendo e recriando nosso projeto apoiados nas especificidades da turma

3. Objetivos de ensino-aprendizagem e conteúdos de ensino: A prática nos mostra que por mais que planejemos a aprendizagem, o planejamento é algo vivo e se modifica de acordo com o interesse das crianças. Se o proposto não tiver significado para a criança, ela perde o interesse rapidamente e o projeto naufraga.

4. Procedimentos de ensino-aprendizagem: Verbos importantes para conjugar nessa variável: Desiquilibrar, recriar, desafiar, elaborar.  É a busca e a organização de caminhos, de metodologias de trabalho que visam promover concretamente a aprendizagem dos conteúdos. Não existe procedimento ou técnica de ensino pré-fabricados milagrosos. É necessária não só a assimilação do saber, mas também a apropriação crítica do conhecimento.

5. Avaliação da Aprendizagem:  É importante substituir "cultura da nota" pela cultura da aprendizagem concreta. Na educação infantil a avaliação não tem como objetivo medir o conhecimento do aluno, mas é um registro de seu percurso de aprendizagem.


REFERÊNCIAS:
RAYS, O. A. Planejamento de ensino: um ato político-pedagógico. Cadernos didáticos: Curso de Pós-Graduação em Educação/ Universidade Federal de Santa Maria/ RS, 1989.

domingo, 22 de abril de 2018

Sem leitura não há escrita


                              
  
À medida que nos encaminhamos para o término do curso de Pedagogia, podemos perceber o quanto evoluímos em nossos estudos e aprendizagens na área de nosso interesse. No entanto, é preciso reconhecer que nossa escrita sempre pode melhorar e que nosso olhar sobre os textos propostos nas interdiciplinas, também pode sempre ser ampliado, modificado e aprofundado. Por isso, a importância da atividade que tanto nos surpreendeu na aula presencial de Seminário Integrador. 
Como sempre, a interdisciplina nos confronta ao nos tirar de uma zona de conforto proporcionada pela distância, pela privacidade e da relação entre o que é individual e coletivo de fato. Mais uma vez, o que pode nos irritar e duvidar no início, acaba por provar que exercitar a escrita é meta fundamental para quem quer, não apenas concluir o curso de Pedagogia, mas seguir em permanente crescimento pessoal e intelectual.
Usando apenas nossos resumos dos textos "Modelos Pedagógicos e Modelos Epistemológicos", de Fernando Becker, "Escolas Democráticas Utopia ou Realidade", de Rosanei Tosto, "O construtivismo e sua função educacional", de Lino de Macedo e "A Maquinaria Escolar", de Julia Varela e Fernando Alvarez, tivemos que interpretar as falas de sujeitos envolvidos em uma discussão com a direção de uma escola em dia de reunião. Essas falas contextualizavam posições pessoais sobre o modelo pedagógico e epistemológico ideal para cada professor e também para a direção da escola. 
Foi extremamente interessante perceber que, apesar dos resumos terem origem nos mesmos textos, as interpretações sobre o contexto e as falas dos personagens contextualizados seguiram em diferentes direções em nossas trocas de entendimento da leitura, o que nos leva a refletir sobre a necessidade de encontros que proporcionem mais a troca de ideias. Construir um texto sob a pressão do tempo, ao qual não estamos acostumados como alunos de um curso à distância fez surgir em todos, uma ansiedade inicial, mas mostrou também que estamos em um estágio em que não é mais possível uma leitura leviana sobre nosso material de estudo. Deixou claro que quem não aprofunda o olhar sobre o texto, não tem como interpretar e escrever sobre o que lê e mais do que tudo: A leitura é a base da escrita.

REFERÊNCIAS:
BECKER, Fernando. Modelos pedagógicos e epistemológicos. Educação e Realidade. Porto Alegre, p. 89-96, 01 jun. 1994. Semestral. 19(1).
MACEDO, Lino de. O Construtivismo e sua função educacional. Educação e Realidade. Porto Alegre, p. 25-31, 01 jun. 1993. 18(1).
TOSTO, Rosanei. Escolas democráticas Utopia ou Realidade. Revista Pandora. Brasil, ISSN 2175-3318. V. 4. 20011.
VARELA, Julia; ALVAREZ-URIA, Fernando. A Maquinaria Escolar. Teoria & Educação. São Paulo, N. 6, P.68-96, 1992.


sexta-feira, 13 de abril de 2018

Alfabetização e Empoderamento

                                                 
O texto “Alfabetização e a pedagogia do empowerment político”, de Henry Giroux, nos traz concepções fundamentais para a compreensão dos fundamentos políticos-pedagógicos da Educação dos Jovens e Adultos. O autor destaca a necessidade de politização da alfabetização como prática de empoderamento, que se contrapõe à alfabetização usada como instrumento de opressão usado pela classe dominante. Empoderamento significa tomar o poder sobre si mesmo e sobre suas decisões. A pedagogia crítica do empoderamento dá voz e vez ao sujeito para manifestar seus pensamentos, apresentar sua narrativa pessoal e elaborar outros significados e outras visões de mundo.
A compreensão de alfabetização que vai além do letramento e do domínio dos códigos ortográficos, uma alfabetização que está articulada com o empoderamento político porque é ideologicamente concebida como construção histórica, política e social, com o objetivo de promover a emancipação social e cultural dos sujeitos e grupos. Ao ler o texto, expandimos nosso olhar sobre a educação contemporânea como uma forma política e econômica da vida cotidiana dos envolvidos no processo de escolarização.
O material de estudo proposto pela interdisplina de Educação dos Jovens e Adultos no Brasil, nos faz refletir sobre nossas práticas como educadores e nos conscientiza sobre a necessidade de desacomodar, de deixar nossas certezas absolutas de lado e ampliar nosso olhar para além da simples visão sobre a educação e sobre a relação de aprendizagem que queremos construir com nossos alunos e no diálogo que precisamos estabelecer nessa relação. Imprime em nós, a importância de enxergar e perceber o outro como sujeito capaz, não apenas de assimilar conteúdos, mas de produzir conhecimento e de desenvolver um pensamento crítico sobre as coisas que nos cercam.

"A luta me faz. A luta me constitui. A luta me forma. Ela é Pedagógica." (Paulo Freire)



REFERÊNCIAS:
ALFERES, Maria Aparecida. Alfabetização e Letramento: tecendo relações com o pensamento de Paulo Freire.
GIROUX, Henry. Alfabetização e a Pedagogia do Empowerment Político. In: FREIRE, Paulo e MACEDO, Donaldo. Alfabetização: leitura da palavra, leitura do mundo.


segunda-feira, 9 de abril de 2018

Um convite à Aprendizagem


                                        
    
Decidi aceitar o convite enviado através do Moodle para as alunas do PEAD e assistir as defesas dos Trabalhos de Conclusão do Curso de Especialização em Psicopedagogia e TICs na modalidade à distância, que ocorreu neste mês de abril, na Faced. Confesso que quando decidi ir, o que mais pesou na minha decisão foi a soma de créditos envolvidos para as famosas horas complementares. Me surpreendi, não apenas com as possibilidades de pesquisa na área de Psicopedagogia ou com a qualidade dos trabalhos apresentados, mas sobretudo com o que pude aprender assistindo às apresentações.
Me sinto na obrigação de dizer às colegas que o retorno da minha investida foi infinitamente maior que os números de créditos que poderei ganhar. Foi uma verdadeira aula sobre trabalhos de TCC. Fiquei sabendo por exemplo, que há erros muito comuns, que se repetem, ano após ano diante da banca, que não estava lá para assustar ninguém, mas para orientar os participantes nas pesquisas realizadas e nas pesquisas que ainda irão fazer. Anotei tudo o que pude das orientações feitas pelas professoras Tânia B. I. Marques, Silvana Corbellini e Gessilda Muller e se pudesse teria levado um gravador para não perder nada. Um pouco do que vivenciei a cada apresentação, divido agora aqui com vocês, nesse verdadeiro leque de pavão das coisas incríveis que aprendi e registrei nessa experiência de ouvinte observador:
É preciso ter cuidado para não se distrair com teorias; De onde os dados saíram - Como foram coletados? Ao usar coleta de dados é necessário descrever as fontes; Problema da pesquisa não é problemática da pesquisa; Cuidado com o uso de *. O * é usado para indicar que é do “fulano”. Para indicar plural, não se usa *; É importante definir o tipo de pesquisa utilizado; Nas referências, não esquecer o número da página; Não existe entrevista leve. O que existe é entrevista com cuidados éticos; Atenção quando precisar colocar o autor dentro da frase; É necessário limpar o trabalho e ter foco no assunto; O título pode mudar ao longo da pesquisa. É preciso estar atento ao caminho percorrido pela pesquisa. Ele mudou? Não ter receio de escrever sobre as fragilidades do trabalho. Isso não diminuí a pesquisa, pelo contrário; Não se diz compreender, mas mapear, investigar, verificar, analisar; Justificativa é uma coisa e consideração final é outra; É necessário definir o instrumento de pesquisa utilizado; Instrumento de pesquisa e método de pesquisa são coisas diferentes; Assim como entrevista é uma coisa e questionário é outra coisa; Tema não são tópicos, o tema está ligado ao título. Pode ser descrito em uma frase; No texto é importante apresentar as ideias do autor que está utilizando; O relato bem escrito é muito importante e interessante; A pesquisa sempre tem que trazer algo mais; Tópicos interessantes para as considerações finais: O que te acrescentou este trabalho? O que pretende com esse trabalho?
Para terminar, sugiro que as colegas do PEAD não percam uma próxima oportunidade. A palavra aqui é uma só: Gratidão.


domingo, 1 de abril de 2018

Memórias das Tecnologias na Escola

                                  

Porque resgatar a memória das tecnologias que usamos na escola? Proust considerava a memória mais importante que a vida: “Pois um acontecimento vivido é finito, ao passo que ao acontecimento lembrado é sem limites, porque é uma chave para tudo que veio antes e depois.” (Benjamin 1986, p.37). A interdisciplina de Educação e Tecnologias da Informação e da Comunicação nos trouxe através da busca de nossas memórias escolares, lembranças de objetos, instrumentos, artefatos, ferramentas e tecnologias que fizeram e fazem parte do nosso cotidiano escolar e universitário.
É extremamente interessante perceber a diversidade de nossas memórias e como as tecnologias da educação estão inseridas no tempo. Essa lembrança e percepção é relativa e depende da história de cada um. Daí a importância de criarmos uma linha de tempo individual para que tenhamos um mapa do significado e da importância pedagógica do uso desses recursos. De acordo com os sujeitos envolvidos o objeto ou a tecnologia utilizada podem ter graus ou valores de importância completamente diferentes.
O exercício do resgate de nossas memórias de tecnologias na educação também nos fez refletir sobre o contexto educacional atual e os desafios que precisam ser superados em relação ao uso de tecnologias na escola: Como vencer o abismo entre a tecnologia que existe hoje e a falta de recursos em nossas escolas? Como capacitar os professores? Como tornar a tecnologia uma aliada da aprendizagem e não o centro do processo de descoberta?Como redimensionar nossos planejamentos em propostas que utilizem novas tecnologias? 

Desafios e atividades podem ser dosados, planejados e acompanhados e avaliados com apoio de tecnologias. Os desafios bem planejados contribuem para mobilizar as competências desejadas, intelectuais, emocionais, pessoais e comunicacionais. Exigem pesquisar, avaliar situações, pontos de vista diferentes, fazer escolhas, assumir alguns riscos, aprender pela descoberta, caminhar do simples para o complexo (MORAN,2015, p.18).


Referências:
Texto: Tecnologias Digitais na Educação Básica: Desafios e Possibilidades. https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2380998/mod_resource/content/1/70692-293071-1-PB%20%281%29.pdf- Acesso em: 01/04/2018.