"O lugar de vocês é no tronco. Negros fora! Fora
Negrada!”
Alemanha nazista na década de 30? Não! UFSM hoje!!!!
Alemanha nazista na década de 30? Não! UFSM hoje!!!!
Quando se define Modernidade, a primeira palavra que nos vem à cabeça é
razão. Ao entrar na Modernidade, o homem teria conceitualmente entrado na era
da razão e saído da era da superstição, dos dogmas religiosos e da cegueira do
conhecimento. Esse alicerce sólido na razão, nos daria e garantiria um mundo
melhor, mas evoluído e mais lúcido. O homem teria assim, a garantia de uma
sociedade melhor e mais justa. A modernidade foi e tem sido apontada como o
lugar do novo, da tecnologia, um espaço de tempo para presente o futuro.
Modernidade significa romper com o antigo e buscar o novo. A expectativa dessa
Modernidade imaculada pela razão, naufragou e se desfez diante do homem e pela
mão do homem que desencantado com a desigualdade social, as lutas de classes, o
Holocausto e duas guerras mundiais deixou de apostar cegamente na razão humana
e naquilo que considerava sólido e indestrutível. Tudo passa a ser questionável
e passível de desconstrução em tempo considerado líquido, onde nada dura muito
tempo, porque nada pode durar.
No entanto, a história do homem é contínua, ainda que insistamos em
dividi-la para compreender melhor os fatos. Sendo assim, vivemos num mundo
considerado Pós-Moderno que é a Modernidade continuada, transformada em busca
pelo novo mais uma vez. O Moderno e Pós-Moderno se misturam, se completam e se
repelem também na educação. Essa educação, que hoje não pode mais ser vista e
praticada de forma unificada e padronizada, mas de forma única e singular em
sua pluralidade, diversidade e na identidade dos sujeitos que a constituem,
onde o global e o individual não se separam, mas se completam, se procuram, se
reinventam, se reconhecem e se descobrem. Sendo assim, a educação não pode mais
ser só razão, mas deve ser antes de tudo, reflexão.
Essa relação entre modernidade e educação é contraditória. Como educar
para a reflexão, se as escolas continuam a educar para repetição do conteúdo e
do pensamento único? Que educação é essa nossa em nosso tempo? Estamos
caminhando na direção do novo, das novas formas de aprendizagem, do respeito ao
sujeito, da diversidade, da singularidade e da igualdade das diferenças? Há
poucos dias, um crime de racismo chocou a todos e em especial a nós, que
trabalhamos com educação. Estudantes negros, do curso de Direito, da
Universidade Federal de Santa Maria, foram vítimas de preconceito
racial e foram violentados em seus direitos básicos, de ser, de existir e
de estudar. Estamos falando de racismo, mas não de um racismo oculto e
envergonhado, mas de um racismo orgulhoso, que se expõe, provoca, intimida,
segrega o humano e dissemina a ideia de que existe uma supremacia branca. Os
tempos são de Modernidade Pós-Moderna, mas a história se repete. O que
aconteceu em Santa Maria é o mesmo que aconteceu na Alemanha Nazista quando
milhões pereceram por serem judeus, ciganos, homossexuais ou diferentes de
alguma forma, no Apartheid da África do Sul, na limpeza racial e religiosa da
Guerra da Bósnia, na invasão chinesa do Tibet...
Há algo errado na formação dos
estudantes racistas da UFSM, estudantes de Direito, que deveriam defender o que
é certo e direito. Não sei se a universidade está apenas buscando os culpados
pelo crime cometido. Não é o bastante. É preciso conscientizar os estudantes de
Direito e a comunidade universitária em geral. O racismo não cabe e não deveria
caber, onde se ensina, aprende, vive e respira a diversidade. Estariam sobrando
ferramentas tecnológicas globalizadas em nossa educação e faltando aulas de
história e filosofia? Quanto vale a educação ou é por kilo? Que Vênus Negra é
essa cor negra exposta? Que olhar é esse nosso, sobre essa educação do século
XXI? Infelizmente, a Modernidade é líquida, mas o preconceito é sólido.
Referências:
Texto: Um
olhar sobre a educação moderna do Século
XXI. Luciani Missio e Jorge Luiz da Cunha.
Filme:
Vênus Negra. Abdellatif Kechiche.
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