domingo, 17 de junho de 2018

A avaliação como forma de reflexão

              

         A avaliação deve ser diagnóstica, buscando um olhar que valorize a aprendizagem e a construção de conhecimento da cada um, estimuladora dos avanços, mediadora para criar condições de aprendizagem, reconhecedora dos acertos e das dificuldades sem ser seletiva, exclusiva, limitadora, ameaçadora, carimbadora, reducionista e classificatória dos saberes. Não há motivo para reduzir o aluno àquilo que ele não sabe, não consegue, nem de compará-lo ao colega que faz e aprende de forma diferente dele. Reduzir o aluno à um padrão de desenvolvimento é reduzir todo o processo de ensino à um único resultado ou observação.
Na Educação Infantil avaliamos o aluno de forma global, em sua trajetória da aprendizagem durante todo o processo de construção de conhecimentos e desenvolvimento das mais diferentes linguagens e formas de expressão. A avaliação não é o fim, mas o percurso, a caminhada, o trajeto percorrido pelo aluno. No lugar do boletim, temos o portfólio, que é a reunião dos trabalhos produzidos pelas crianças e a materialização do aprendido e construído. Nem sempre este aprendizado ou forma de expressão é exposto em folhas ou registrado por fotos. Por isso, o registro escrito diariamente pelo professor e pelos educadores envolvidos na observação do aluno, são fontes fundamentais do olhar sobre como a criança aprende e se desenvolve.
Além do caderno do professor, temos um caderno com o nome de cada criança, onde toda a equipe pode acrescentar algo que lhe chame atenção ou indique um caminho. Pode ser uma fala interessante, algo expressado pela criança, uma troca, uma dúvida, uma preferência, suas brincadeiras, seus amigos mais chegados, sua forma de interagir. Não observamos apenas os aspectos cognitivos, mas a afetividade, as habilidades e os interesses e desinteresses das crianças. Esse registro “do aluno” é alicerce para sua avaliação e é feito cotidianamente. Isso nos proporciona uma visão mais ampla sobre a criança e não apenas a visão unilateral e solitária do professor.
A avaliação torna-se assim, um conjunto, a soma de olhares e se fundamenta no diálogo. É sempre a criança que nos aponta e direciona o caminho, não apenas quando participa do proposto, mas também quando não está envolvida, porque a negação da criança é seta para mudança de percurso e novos caminhos. A avaliação não é só sobre o aluno, mas revela o trabalho do professor, expõe intencionalidade e veracidade da proposta do projeto. Ao escrever sobre o aluno, o professor escreve sobre si mesmo e sobre sua atuação e capacidades.
O principal retorno de aprendizagem e indicador de que o aluno está aprendendo e compartilhando saberes, está no interesse das crianças durante as atividades, em suas falas, perguntas, comentários e contribuições. A avaliação na educação infantil é reflexão e modo de escuta. É a percepção do aluno e sobre o aluno que nos faz perceber nós mesmos e nossa prática. A avaliação revela o que é e o que pode ser. 


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