domingo, 3 de junho de 2018

Brincadeira e Construtivismo

                                                                            

A proposta de exercício feita na interdisciplina de Linguagem e Educação para fazermos um esquema relacionando a brincadeira que assistimos em vídeo e recriamos em aula, com as ideias de Piaget sobre a Epistemologia Genética e os Estágios de Desenvolvimento, nos direcionou para um trabalho de pesquisa, observação e reflexão sobre aquilo que vemos e percebemos, não apenas sobre a forma de ver a construção de conhecimento elaborada por Piaget, mas sobretudo sobre a forma como relacionamos a construção do conhecimento de nossos alunos em suas brincadeiras e aprendizagens.

Piaget trata do desenvolvimento e da construção do conhecimento. Epistemologia significa filosofia da ciência e genética significa evolução para Piaget. A pergunta que permeia a pesquisa e a obra de Piaget é: Como os homens constroem conhecimento, ou seja, como os homens passam de um nível de conhecimento para outro? Em suas pesquisas com as crianças, ele concluiu que o desenvolvimento das capacidades e habilidades humanas não se dá tanto pelo acúmulo de informações, mas através da organização e da reorganização das informações e das aprendizagens desenvolvidas. Os estágios de desenvolvimento de Piaget representam uma lógica de desenvolvimento e capacidades: 

        Etapas do Desenvolvimento
             Características
             Sensório-Motora
              (De 0 a 2 anos)
Construção de esquemas de ação; Inteligência prática e sensorial.
      Pré-Operatória ou Simbólica
             (De 2 a 7 anos)
Construção de esquemas mentais, Inteligência simbólica e representativa; Desenvolvimento da fala; Pensamento egocêntrico.
      Operatória ou Conceitual
         Concreta (De 7 a 11 anos)
     Formal (De 11 anos em diante)
Concreta: Pensamento normativo (lógico), reversível e descentrado.
Formal: Inteligência lógico abstrata (não limitada a experiências concretas).

São etapas que se somam. Esses estágios nos aprisionam como organizadores e mediadores de propostas ou limitam a criança em suas potencialidades e capacidades?  Não, os estádios não precisam e não foram criados para classificar o aluno, a indicação de idade é apenas uma aproximação e as passagens de uma fase para outra dependem da qualidade das interações de cada um com o meio como podemos tão bem constatar na brincadeira “Vamos passear na floresta", onde crianças de diferentes estádios de desenvolvimento participam da mesma brincadeira, cada uma de acordo com suas capacidades e habilidades, mas ao interagir com o outro e com o meio avançam e reorganizam suas possibilidades e aprendizagens durante a brincadeira utilizando a imitação, o simbolismo, a narrativa, a repetição, o corpo, o movimento, o faz de conta. 

A brincadeira também é estímulo para a criatividade, a imaginação, a memória, a aprendizagem, a estrutura psíquica, a concentração, a iniciativa e a linguagem. O brincar traduz a linguagem através da expressão de conteúdos consistentes e inconsistentes para criança e pela expressão da apreensão da realidade. Portanto, brincar é linguagem e condição para que a linguagem se desenvolva. Além disso, a brincadeira promove a autonomia, a aprendizagem e o conhecimento que são eixos do construtivismo. Como professores também precisamos nos desacomodar, nos reorganizar e nos desafiar diante do novo para que também possamos nos acomodar, organizar e ampliar nossas possibilidades de fazer e aprender.


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