“Há escolas que são gaiolas e escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados têm sempre um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam os pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem de voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. só pode ser encorajado." (Rubem Alves)
Escolas que
são gaiolas
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Escolas que
são asas
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Amam
os pássaros engaiolados;
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Amam
os pássaros em voo;
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Pássaros
engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados têm sempre um dono. Seu
dono pode levá-los aonde quiser;
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Pássaros
em voo são livres; Ensinar o voo, isso elas não podem fazer. Por que o voo
não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado;
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Deixaram
de ser pássaros;
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Porque
a essência dos pássaros é o voo;
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Existem
para que os pássaros desaprendam a arte do voo.
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Existem
para dar aos pássaros coragem para voar; Não ensinam a voar. Encorajam o voo.
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O autor utiliza o aforismo para nos fazer pensar sobre a educação. A educação não pode ser confundida com enquadramento, com padronização, com produção em série. A escola precisa se desatrelar da burocracia a que vem se sujeitando ao longo dos tempos. Precisa repensar a sua função que é a de educar. A ética, a estética, a descoberta e a alegria têm que estar no centro do processo educativo. O educador precisa encontrar o caminho do encantamento. Educar é encantar, provocar, despertar, estimular, fazer pensar, aprender e ensinar. É espantar. A educação não pode e não deveria estar desvinculada do prazer e da alegria. A educação prazerosa está conectada aos nossos sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. Está ligada aos movimentos do nosso corpo. Um dos objetivos da educação é desenvolver a inteligência, não é ter resposta. Educar não é aprisionar o conhecimento.
Precisamos romper os muros que cercam a escola,
porque um dos problemas da escola é que ela ignora quem são e como vivem seus
alunos além de seus muros. Quais são os interesses dos nossos alunos? O que
lhes poderia causar espanto, curiosidade, inquietação? Precisamos pensar no que a escola é, no que
ela deveria ser e no que ela pode ser. Precisamos estimular a curiosidade e as
novas descobertas. Precisamos aprender a
não limitar o pensar. A escola precisa
parar de proibir o pensar. Nossa função como educadores é estimular o pensamento,
não é pensar pelo aluno. A educação tem
que dar asas aos seus alunos. Ensinar não é subjulgar e medir intelecto e não
pode significar entristecer a vida, o professor e o aluno. Está aí o nosso
maior desafio: acreditar que uma outra educação é possível e fazer o possível
para que ela se torne realidade. Cabe a nós educadores a tarefa de acreditar.
Esta reflexão me fez lembrar uma das músicas que as crianças da EMEI Tio Barnabé (onde trabalho), mais gostam de cantar:
Pássaro triste/ Preso na gaiola/Se fosse livre/Era bem melhor/Chega de gaiola/Chega de prisão/Lugar de passarinho/Não é a gaiola não...
Esta reflexão me fez lembrar uma das músicas que as crianças da EMEI Tio Barnabé (onde trabalho), mais gostam de cantar:
Pássaro triste/ Preso na gaiola/Se fosse livre/Era bem melhor/Chega de gaiola/Chega de prisão/Lugar de passarinho/Não é a gaiola não...
REFERÊNCIAS:
ALVES, Rubem. Gaiolas ou asas? In:
ALVES, Rubem. Por uma educação romântica. Campinas: Papirus, 2002, p. 29-32.
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