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Quando pensamos que a escolha entre o mundo virtual
e o mundo real é uma discussão ou escolha de nossos tempos modernos, Leandro Karnal
nos lembra que a essa decisão remonta à Antiguidade, ao “Mito da Caverna”, nos fazendo pensar sobre como interpretamos e
decidimos sobre o que vemos e dividimos nas redes sociais e de como nossa
interpretação e percepção desse mundo trafega entre o irreal e a realidade.
Fundamental a questão do tempo nessa avaliação. O tempo, não visto apenas como
o tempo das redes sociais, mas o tempo de cada indivíduo, o tempo da geração do
indivíduo. Para enxergar superioridade no mundo real é preciso ter tido e ter
contado com o mundo real, ter sido educado para poder escolher e preferir o
contato com o outro ao vivo e não o intermediado por uma máquina. Essa fala
para mim é o principal ponto da questão.
Não se trata de ignorar os avanços proporcionados
pelo mundo virtual e pelas redes sociais, mas realmente, não há bônus sem ônus.
Se “estudar é uma atitude frente ao mundo”, como nos recorda o texto “O Ato de
Estudar”, há que refletirmos sobre o nosso trabalho como educadores nesse
processo, que envolve acima de tudo educar, não apenas para transmitir
informações e repassar conhecimentos, mas para libertar o pensamento, escolha e
opinião dos nossos alunos para poderem decidir de forma crítica sobre as
imagens que estão além da caverna.
Como aqueles que ensinamos terão o poder de
escolha, senão proporcionarmos conteúdo, razões e possibilidades de
aprendizagem que proporcionem reflexão sobre o mundo real e o mundo virtual? O
texto “Trabalho da Crítica do Pensamento”, nos diz que o uso da razão é
fundamental para a crítica e que a crítica não é dona da verdade, mas antes de
tudo, uma interpretação, uma forma de pensar sobre o assunto. Razão exige
pensamento, percepção, reflexão. Reflexão exige tempo, autocrítica e redução do
narcisismo, que é exatamente que nos falta nas redes sociais.
Precisamos
encontrar uma relação entre os dois mundos: o de dentro da caverna e o de fora
da caverna, entre o mundo real e o mundo virtual. Encontrar um jeito
de vencer o medo e a ilusão das sombras, romper nossas próprias correntes,
nossos preconceitos, nossas ideias pré-estabelecidas sobre tudo e sobre todos.
Precisamos parar de ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
Se
nem todas as imagens que vemos fora da caverna são reais, se nem tudo que vemos
nas redes sociais é real, que agente tente colocar verdade naquilo que
entendemos como é e pode ser a educação, que agente possibilite aos nossos
alunos irem além da caverna e que a gente se permita também, ir além da caverna.
REFERÊNCIAS:
HÜHNE, Leda Miranda. O ato de estudar.
Editora Agir, RJ:1992.
Texto: O Trabalho da crítica do Pensamento. Marilena Chauí.
Vídeo: Oimpacto das redes sociais na vida das pessoas.Leandro Karnal. Disponível no youtube.
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