O cinema está cheio de filmes onde o professor super herói salva os alunos e a escola. Isso não acontece no filme francês “Entre les murs”, de Laurent Cantet. “Entre os Muros da Escola” rejeita a versão de final feliz dos filmes hollywoodianos: O professor não é o salvador da pátria escola. Ele não derruba os muros e planta flores entre eles. Porque ele não o faz? Porque ele também é prisioneiro desses muros visíveis e invisíveis que habitam a escola. A inércia na e da escola não é resolvida só com o sujeito docente. Há um mundo inteiro dentro dos muros da escola, uma estrutura complexa e cheia de contradições que envolve sujeitos diferentes: professores, pais, alunos, funcionários, direção e gestão. Contradição talvez seja a melhor palavra para descrever e definir o filme.
Tudo
é contradição em entre os Muros da Escola: Transformação X Estagnação;
Professores X Alunos; Professores X Professores; Pais X Alunos; Professores e
Gestão; Gestão X Todos; Alunos X Alunos; Diversidade X Xenofobia; Cultura X
Aculturação; Pensamento X Aprisionamento; Adaptados X Excluídos; Liberdade X
Autoritarismo; Questionamento X Desrespeito; Gestão Democrática X Gestão
Ditadora; Sujeito X Sujeito. Isso mesmo: Sujeitos contra sujeitos. Os sujeitos
esbarram nesses muros levantados, esbarram entre si e em si mesmos, esbarram em
seus espaços e nessas contradições criadas pelo sistema e mantidas por toda a
comunidade escolar. É um círculo vicioso onde todos já sabem o final.
A
escola é mostrada como uma repetidora da desigualdade e dos preconceitos em
todos os níveis, onde a educação é o que menos importa, onde aprender e ensinar
não vale a pena; onde ninguém parece acreditar em nada ou querer lutar por um
ensino de qualidade, onde os pares discentes não se entendem, onde se divide ao
invés de somar, onde os diferentes convivem mas não são reconhecidos, onde a
educação ganha escala industrial e não há lugar para os excluídos dos moldes,
onde obedecer é vital para permanecer, mas questionar é totalmente dispensável
e pensar criticamente só atrapalha a engrenagem.
É
chocante ver a escola matando a mudança, a esperança, a aprendizagem, a
transformação e a possibilidade do sujeito. O filme nos coloca diante do
espelho e do abismo que existe entre a realidade e o que deveria ser. Nos
sacode da mesmice que habita entre os muros da nossa própria escola e nos faz
refletir sobre nosso papel como educadores, porque a imagem refletida no
espelho do filme volta. Não está lá, mas aqui. Entre os muros da escola é um
convite para pensar na escola que somos e na escola que podemos ser. Refletir,
como o silêncio que antecipa as revoluções, pode ser o início da derrubada dos
muros.
REFERÊNCIAS:
REFERÊNCIAS:
Entre les murs, de Laurent Cantet. Disponível no You
Tube: https://www.youtube.com/watch?v=rBXlPg7nj-Y&feature=youtu.be
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