ID X SUPEREGO
Todos os envolvidos na situação são forçados a negociar com valores morais e éticos. É como se os personagens do filme vivessem um eterno dilema entre o ID e o SUPEREGO. Mas nessa briga, o ID parece sair ganhando. Os valores de tolerância e respeito, em diversas situações vão sendo trocados por outros como a necessidade de aceitação, o orgulho, a superioridade do grupo, a violência física e mental. A consciência é uma qualidade da mente, que possibilita a subjetividade, o conhecimento de si mesmo, o saber, a compreensão e a capacidade de perceber a relação entre si e um ambiente. No filme, é como se os alunos perdessem essa capacidade de dosar as coisas. É como se o EGO perdesse seu medidor.
Transferência e Contratransferência
Um pai é autoridade, um professor também é autoridade. As crianças e os jovens buscam autoridade e precisam dela. No caso do filme, tanto a aluna Karo, que não tem nenhuma autoridade e limite dos pais, quanto seu namorado Marco, que é insatisfeito com a família e decepcionado com a mãe e seu colega Tim, ignorado e incompreendido em casa, transferem para o professor suas necessidades de carência e atenção. Os alunos precisam de um Norte e eles encontram no professor esse Norte. Mas é impressionante perceber como a autoridade de um professor pode se transformar rapidamente em autoritarismo, em desrespeito pela individualidade do aluno, em abuso de poder. Mais do que isso, o professor tomado de sua autoridade, transformada em autoritarismo, pode sentir a força de seu poder e começar a gostar disso. Foi o que aconteceu com o professor do filme.
Rainer se sentia ressentido com os colegas, que tinham vindo de melhores universidades, enquanto ele se sentia discriminado por ter estudado em escolas públicas. Ao mesmo tempo em que Rainer se sentia inferior (complexo de inferioridade), diante dos colegas elitizados, ele experimentava um sentimento egocêntrico, de ser o professor preferido dos alunos da escola. Ele reage ao seu compexo de inferioridade forjando um ser superior aos colegas e até à sua mulher e faz isso, não apenas para ensinar, mas para mostrar que é melhor que o outro professor. Ele sabe que exerce poder sobre os alunos e contraditoriamente usa esse poder, sua capacidade de manipulação e seu carisma para fazer com que os alunos façam exatamente o que ele quer. O professor perde sua capacidade de racionalização e quando consegue voltar a si, já é tarde. O filme assusta mas provoca em nós uma profunda reflexão sobre a educação e o papel do professor.
Na transferência, os sentimentos (afetos e desafetos) do aluno em relação aos seus pais, são transferidos para o professor. E se pensarmos bem, fazer essa transferência faz muito sentido. A criança vive uma relação de dominação e submissão com os pais e, na escola, ela vive também uma relação semelhante. O professor é o que tudo sabe, tudo ensina, tudo decide. Essa transferência está ligada ao inconsciente da criança. A criança transfere para o professor as experiências primitivas vividas com os pais. Esses sentimentos podem funcionar como um entrave para o aprendizado. Contratransferência: É a reação do professor à transferência do aluno. O professor reage de forma inconsciente às atitudes do aluno e ele pode se identificar ou rejeitar o aluno, que também desperta nele lembranças, sentimentos, relações e emoções não resolvidas.
Desejo de saber: Surge a partir do momento em que a criança começa a perceber as diferenças sexuais. Esse é um momento decisivo para o desenvolvimento infantil e para a aquisição do saber. Isso porque a criança tem necessidade de definir seu lugar no mundo e essa definição começa com a sexualidade. a partir dessa curiosidade sexual a criança passa a buscar novos conhecimentos. A criança busca, antes de tudo, sua identidade.
"É difícil dizer se o que exerceu mais influência sobre nós e teve importância maior foi a nossa preocupação pelas ciências que nos foram ensinadas ou pelas possibilidades de nossos mestres."
Com essa frase, Freud introduz a importância da relação professor aluno para o desempenho escolar. Para Freud, o aluno pode aprender ou não, dependendo do que o professor significa para ele. O professor será ouvido, se tiver para o aluno uma importância especial, ou seja, o mais importante para a aprendizagem, não está nos conteúdos, mas na relação que se estabelece entre o professor e o aluno.
https://www.youtube.com/watch?v=brnEKSEvtZg
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