sábado, 5 de dezembro de 2015

Ainda há lugar para a infância?


A ideia de infância que veio com a chamada Modernidade, tem como geradores, a escola e a família, que junto com os saberes adquiridos até então, sobre a infância, elaborou o conjunto de procedimentos que estruturam a administração simbólica da infância. Esses procedimentos são as normas e prescrições que constrangem a vida da criança na sociedade como: horário de alimentação, tipo de alimentação, horário de descanso, horário de brincar, modelos de brincar, delimitações de lugares, o que a criança pode fazer ou não, a recusa ou aceitação da participação da criança na coletividade...A administração simbólica da infância estabeleceu um ofício de criança, que nada mais é do que aquilo que a sociedade exige e espera dela nesse seu ofício de “ser criança”.
A reinstitucionalização da segunda modernidade é marcada pelo rompimento dos direitos sociais e culturais causado pela globalização. Com o capitalismo vivendo uma nova fase de produção e a disputa neoliberal da economia, aumentaram as condições de desigualdade, trabalhos e trabalhadores foram desvalorizados, a degradação das condições de vida de muitos, a cultura da sociedade de consumo a segunda modernidade é marcada pela contradição da globalização, que deveria igualar e desiguala. Há ainda a escola, que homogeniza a infância, como se só houvesse uma única infância e a família que se desestrutura e se reconstrói com formas e tempos diferentes para a criança. Tudo isso influencia e interfere no viver da criança que por sua vez interfere e influencia tudo isso.
Sempre haverá lugar para a infância. A infância se reinventa e se recria todos os dias. Como educadora, assisto diariamente a esse renascimento. A infância não só existe, mas resiste. A criança cria sua própria forma de inteligibilidade, representação e simbolização do mundo. As crianças são protagonistas atuantes. Com sua autonomia elas resignificam o ofício de “ser criança”. Mas nós como educadores precisamos encontrar meios de resgatar e garantir os sentidos da infância em nossas práticas diárias, nosso planejamento, nossas formas de avaliação sobre a infância, nossa interação com a criança e suas culturas.

http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/161/artigo234827-1.asp

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