No
entanto, percebi que em minha prática de estágio, voltei a cair em minha própria
armadilha de despreparo em relação ao uso das TIC’s na Educação Infantil, porque também eu, como muitos professores das infâncias, durante
muito tempo, não compreendi a importância e a amplitude das TIC’s na educação
da infância:“Como trabalhar com tecnologias da informação sem ter computadores para
as crianças?" - questionava.
Mas o uso das tecnologias da informação para a educação,
não se resume ao uso de computadores ou na disponibilidade de computadores para
todos. Fotografar, usar o celular, assistir vídeos, filmes, usar projetores,
pendrives com música, inserir nosso fazer no tempo da criança, que é o tempo
atual, com todos esses recursos disponíveis em maior ou menor quantidade na
escola, é também permitir a conexão das crianças com o seu tempo.
Se a escola não pode estar à margem do tempo, nem tão pouco o
professor. Negar à criança o uso de tecnologias às quais ela
está familiarizada em sua história, realidade e cultura, significa negar o tempo e a realidade em que a criança está
inserida. Significa negar ao sujeito sua capacidade e identidade.
Quando me permiti como professora, pensar nas TIC’s como algo que
está ao meu alcance, com os materiais dos quais disponho cotidianamente,
surgiram atividades criativas que trouxeram mais do que o novo, um respeito
pelo olhar da infância e do tempo da infância como a proposta: "Pelo Olhar da Criação", inspirada na obra da artista plástica Lygia Pape : "O Livro da Criação." Com apenas dois celulares e uma caixa de papelão com um olho para o mundo a proposta objetivou a singularidade do olhar numa reinvenção do tempo e da luz. Cada foto é a representação de um olhar único e instransferível da criação.
O Livro da Criação
Uma caixa de papelão amarela
Um olhar único do mundo
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O Livro da Criação
Uma caixa de papelão amarela
Um olhar único do mundo
A
fotografia é um fragmento do mundo, uma miniatura da realidade que todos podem
possuir, como nos afirma Sontag: "Fotografar é apropriar-se da
coisa fotografada. É envolver-se com uma certa relação com o mundo que se
assemelha com o conhecimento - e por conseguinte com o poder. (...) A
fotografia brinca com a escala do mundo, pode ser reduzida, ampliada, cortada,
recortada e distorcida" (SONTAG, 1981)
REFERÊNCIAS:
SONTAG, Susan. Ensaios sobre a
fotografia. Tradução Joaquim Paiva. Rio de Janeiro. Arbor, 1981.