sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Infância na Mídia

 Vivemos numa sociedade baseada no agora e no ter. Com a criança não é diferente. Ser criança hoje é comprar. Comprar para ser feliz. Comprar sem parar, porque o objeto do desejo de consumo da criança muda rapidamente. Como se a felicidade da criança dependesse de determinado brinquedo, roupa, mochila, tênis, lanche... Trabalho na Educação Infantil há três anos e as frases que mais escuto na nossa roda de conversa, no retorno das crianças, segunda feira são: "Ganhei da minha mãe no shopping.” "Trouxe do Mc e eu comi um montão de batatinha. Agora só falta um pra completar a coleção." "O meu pai vai comprar pra mim, se eu me comportar.” “O teu tênis é frau." "Eu tenho muitas bonecas." "Eu tenho mais." "Eu tenho todas."  Raramente, alguém me diz que foi brincar na praça ou no parque, ou ainda que brincou com os pais... Quem não tem, sofre por não poder ter. Quem tem, sofre por sempre querer mais. Isso, sem falar na erotização da criança e na propagação de ideias racistas, homofóbicas e machistas através da música, da dança, dos comerciais, dos programas de TV e da forma e fórmulas massificadas da infância nos meios de comunicação. A massificação destrói a identidade da criança. Mas a questão do consumo infantil vai muito além da mídia. Antes de educar a criança é preciso reeducar os próprios hábitos. Hábitos de consumo estão diretamente relacionados à rotina diária, ao lazer, à alimentação, à prática de esporte, ao convívio familiar e escolar das crianças. Enquanto cruzamos os braços diante do assunto e culpamos a mídia, estamos criando uma geração triste e infeliz. Porque ninguém pode ter tudo e vamos combinar, que ninguém precisa ter tudo para ser feliz. 
 *Frau é uma gíria para lixo, feio, nada a ver. 
Navegando na internet descobri o Milc (Movimento Infância Livre de Consumismo).Para conhecer o trabalho do Milc, acesse o blog e siga o Milc nas redes sociais como Facebook, Twitter e Youtube. As ilustrações abaixo, fazem parte da campanha do Milc para o subtituir o consumismo infantil por uma presença maior dos pais e pelo brincar na infância.

Li na página do face T de Tati uma reportagem do Brasil Post muito interessante: Lugar de criança não é no shopping : 
http://www.brasilpost.com.br/carolina-delboni/lugar-de-crianca-nao-e-no_b_8103536.html
No YouTube, além do excelente documentário "Criança a Alma do Negócio" sugiro os vídeos: "Vida É Atitude - Mídia e Infância" e "Racismo Desde Criança Comparando as Bonecas." 


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