segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Memórias de Infância

Como se forma a nossa memória?  A memória  é mais do que o simples lembrar. A memória é “como” eu lembro. Essa lembrança pode mudar se transformar, suprimir, acrescentar, selecionar, filtrar memórias. Nossa memória é seletiva, não porque transformamos a realidade ou o passado em uma mentira, mas porque evocar a memória pode não apenas trazer alegrias, mas também causar sofrimento. Se forma com nosso consciente e inconsciente e não se forma sozinha. Ela é uma construção social, formada por muitos sujeitos, ainda que o “eu sujeito” seja o protagonista dessa história. A memória sofre interferências cognitivas, afetivas e ideológicas. A memória não para, está em constante movimento, uma verdadeira metamorfose ambulante. Está ligada ao tempo presente, passado e também construirá o futuro. Recordar está ligado à vivências e à situações imediatas. O agora e a memória estão sempre conectados. Nossas lembranças da infância são um ótimo exemplo de como a memória se transforma com o tempo e o que vivemos. À medida que o tempo passa, parece que a memória da infância vai se tornando mais querida para nós. Claro, que isso depende da lembrança que cada um tem de sua própria infância. A memória se faz e se constrói também com objetos, símbolos e elementos concretos que estão à nossa volta. Esses objetos são evocadores da memória e nos ajudam a significar e resignificar a memória. Uma canção, por exemplo, pode evocar memórias de toda uma geração. Foi muito interessante compartilhar memórias com as colegas, utilizando objetos evocadores de lembranças, num exercício de extrema generosidade. Incrível perceber como os objetos trazidos por nós “tocam” e provocam sentimentos.  Nossas memórias fazem parte e constroem nossa identidade. O que somos social, política e afetivamente. O que fomos e o que queremos ser. Recordar é mais do que viver. Recordar é ser.



"Recria tua vida sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça. "  Cora Coralina

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