Como
se forma a nossa memória? A memória é mais do que o simples lembrar. A memória é “como”
eu lembro. Essa lembrança pode mudar se transformar, suprimir, acrescentar,
selecionar, filtrar memórias. Nossa memória é seletiva, não porque transformamos
a realidade ou o passado em uma mentira, mas porque evocar a memória pode não
apenas trazer alegrias, mas também causar sofrimento. Se forma com nosso
consciente e inconsciente e não se forma sozinha. Ela é uma construção social,
formada por muitos sujeitos, ainda que o “eu sujeito” seja o protagonista dessa
história. A memória sofre interferências cognitivas, afetivas e ideológicas. A
memória não para, está em constante movimento, uma verdadeira metamorfose
ambulante. Está ligada ao tempo presente, passado e também construirá o futuro. Recordar está ligado à vivências e à situações
imediatas. O agora e a memória estão sempre conectados. Nossas lembranças da
infância são um ótimo exemplo de como a memória se transforma com o tempo e o que
vivemos. À medida que o tempo passa, parece que a memória da infância vai se
tornando mais querida para nós. Claro, que isso depende da lembrança que cada
um tem de sua própria infância. A memória se faz e se constrói também com
objetos, símbolos e elementos concretos que estão à nossa volta. Esses objetos
são evocadores da memória e nos ajudam a significar e resignificar a memória.
Uma canção, por exemplo, pode evocar memórias de toda uma geração. Foi muito interessante compartilhar memórias com as colegas, utilizando objetos evocadores de lembranças, num exercício de extrema generosidade. Incrível
perceber como os objetos trazidos por nós “tocam” e provocam sentimentos. Nossas memórias fazem parte e constroem nossa identidade. O que somos social, política
e afetivamente. O que fomos e o que queremos ser. Recordar é mais do que viver. Recordar é ser.
"Recria tua vida sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça. " Cora Coralina
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