sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Revolução Alfabetizadora

“Por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há uma criança que pensa.” Emília Ferreiro


Tive a oportunidade de conhecer as ideias de Emília Ferreiro, quando fiz meu curso de Magistério no Emílio Meyer, em 2012 e 2013. A Psicogênese da Língua Escrita é mais do que um processo de como a escrita se constitui num objeto de conhecimento para a criança. É uma mudança radical sobre a questão mais importante da alfabetização. A pergunta: “Como alfabetizar as crianças?”Deixou de ser a mais importante, para dar espaço à outra pergunta: “Como as crianças aprendem?”A criança é vista, a partir dessa mudança, como centro e agente do processo de aprendizagem. Passa a ser sujeito ativo e inteligente desse processo. As ideias de Emília Ferreiro provocaram uma revolução alfabetizadora. A alfabetização tradicional dá um peso muito grande ao exterior da escrita e deixa de lado as características conceituais dessa escrita. Assim, o contato com a organização da escrita vai sendo adiado para quando a criança for capaz de ler palavras isoladas, quando as relações que a criança estabelece com textos inteiros são enriquecedoras desde o início. A escrita é um objeto de conhecimento, levando em consideração, as tentativas individuais infantis, a interação, o aspecto social, onde a alfabetização é um processo discursivo. A criança aprende por sua própria lógica. Sou no meu dia a dia, uma testemunha ocular, de como o ambiente pode incentivar ou prejudicar o processo de alfabetização. Um ambiente alfabetizador desperta, valoriza e estimula a curiosidade e o aprendizado da criança. Nos faz refletir sobre a questão de não haver déficits, mas oportunidades e no quanto é importante levar em consideração o conhecimento trazido pela criança.


terça-feira, 27 de outubro de 2015

O Labirinto Interno da Sexualidade


A sexologia tem a ver com o biológico, com sexo ligado ao instinto de procriação. A sexualidade vai mais fundo. Sexualidade tem a ver com energia, uma energia sexual que não está só no genital. É mais do que físico, está pulsante dentro de nós, viva o tempo todo. Essa pulsação é um labirinto, um caminho que nos leva para dentro de nós. E aquilo que nos parece estranho e pervertido, é um poderoso agente revelador do que somos e sentimos. Talvez por isso, a sexualidade tenha sido e ainda é algo assustador para tantos. Porque "caminhar para dentro", não é fácil. A questão da sexualidade é tão complexa, que lidar com ela exige extintos pessoais e intransferíveis: autopreservação, prevenção do sofrimento e maximização do prazer. A forma de lidar com isso, pode levar à inibição ou à repressão dos sentidos. Um dos resultados desse processo é a sublimação que reelabora a pulsão do prazer transformando-a em produção cultural. A escola poderia ser esse agente perceptivo e transformador.  Mas Freud fez, entre todas as suas observações, uma que acho fundamental para reflexão e entendimento não apenas dos pais, mas também dos educadores: “Nós nos preocupamos demais com os sintomas e muito pouco com o lugar do qual provêm. E quando criamos os filhos queremos simplesmente ser deixados em paz, queremos uma criança modelo, sem nos perguntarmos se isso é bom ou ruim para ela.” Será que nós como educadores, também não estamos querendo alunos perfeitos, crianças que só sigam na direção apontada por nós? Será que estamos conseguindo perceber a “pulsão” de cada uma delas? O que fazemos com a energia das crianças é o que realmente podemos fazer? Do que nós temos medo? Freud escreveu que a educação, a política e a psicanálise, são atividades impossíveis, pois as três lidam com a palavra. Mas é preciso interpretar o que Freud disse. O pensamento de Freud não significa que não há como exercer essas atividades. Nós educadores, sabemos que a linguagem é um poderoso instrumento para a educação. A psicanálise pode ajudar a compreender a criança, mas não substitui a educação. Escutar o que a criança diz e compreender seus anseios, conflitos, necessidades e curiosidades, pode ser revelador para nos apontar o caminho a seguir. Encontrar a saída para o "labirinto" pode estar diante de nós e está, quase sempre.

https://www.youtube.com/watch?v=k11vFj0qNw0

domingo, 25 de outubro de 2015

Bo-la na Ro-da

Fiz esse exercício de Consciência fonológica com a turma do Jardim B. Estavam presentes dezoito crianças ,das vinte e três da turma. 

Chamada Mandala
Primeiro, fizemos uma Chamada Mandala.  A Mandala, seu significado e diferentes interpretações, já foram trabalhados pela turma. Por isso, eles adoram tudo que se refere à mandalas. Fizemos uma roda deitados no chão. Braços e pernas abertos, para encostar nos amigos. Com as cortinas e olhos fechados começamos a brincar. Primeiro, pedi que as crianças fizessem  silêncio... Comecei, tocando um por um na roda e cada criança dizia seu nome baixinho. Depois sugeri que cada um respondesse ao meu toque falando o nome em voz alta. Por fim, repeti o nome de todos, que ainda deitados, foram convidados a pensar nas partes do seu nome.



Bo-La na Ro-da
Num segundo momento, com as crianças sentadas e já de olhos abertos propus abrir as cortinas e prosseguir com a brincadeira. Elas toparam e nós passamos à bola na roda. Cada um que pegava a bola de fisioterapia, tinha que sentar nela e dizer seu nome inteiro. Depois, tentar dividir seu nome em partes. Cada parte correspondendo a um pulo na bola sentado. EX: PAULO: Pau-lo (dois pulos, um para cada sílaba). Terminado o exercício, cada um escolhia o próximo participante. Foi extremamente interessante para eles brincar assim. Percebi que a maioria conseguiu separar seu nome corretamente. Os poucos que não conseguiram foram ajudados pelos colegas. De tal forma, que todos ficaram satisfeitos no final. Eu fui convidada por eles a separar o meu nome também e fingi ter dificuldade. Todos me ajudaram. As crianças chegaram a conclusão de que pode ser difícil, mas também pode ser divertido separar as sílabas. “Depende do jeito que a gente fala.” “Se a gente falar de um jeito pode aumentar as partes né prof?” “Mas se tiver bola é tri.” “Mas tem letra que é difícil de separar porque gruda.” “Gruda mesmo.” Risadas que fazem meus dias valerem à pena. 

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A Educação na Pós-Modernidade

Diante da chamada pós-modernidade, são muitos os desafios da educação. Se a sociedade pós-moderna vive o presente absoluto onde  tudo é passageiro, nossas relações humanas e afetivas, nosso trabalho, nossa individualidade, nosso querer, nossa realidade e nossos sonhos, não podemos simplesmente esperar que a infância seja diferente. A criança faz parte da sociedade, faz parte desse contexto político, social e histórico que estamos vivendo. Se vivemos numa sociedade formatada pelo consumo midiático, imediato e efêmero, onde não há tempo sequer para  o tempo, onde não há tempo  para ser pai e mãe, não há tempo para o brincar, nem tempo suficiente para ensinar e aprender, como educar essa nova infância que existe, está diante de nós todos os dias e não pode ,nem deve ser ignorada. Educar a infância na pós-modernidade requer novos  desafios para os educadores. Se a mídia pode facilmente seduzir o adulto com uma felicidade, beleza, saúde  e status ,convencendo-o  do  que ele pode e deve ser imagine a força descomunal da mídia no universo infantil.
Mas a mídia não está sozinha nessa. Estamos nessa  juntos: Família escola, governo,sociedade e também os meios de comunicação. E enquanto culpamos uns aos outros por essa infância pós- moderna, deixamos de pensar no que podemos fazer para educar essa criança da pós-modernidade. Quando se fala em educar a criança, um dos maiores erros que podemos cometer está na falta de planejamento e para haver planejamento é preciso observar a criança. O que a criança faz,  o que ela pensa, do que gosta, o que gostaria de aprender, qual é o universo dessa criança. Não pode haver educação sem observação. Ensinar requer humildade. Não apenas para aceitar a realidade como ela é, mas para poder entender essa realidade, trabalhar com ela e através dela. Educar a infância na pós-modernidade exige que rompamos os muros da escola e nossos muros internos.  A criança que está na escola, não está ali sozinha. Junto com ela está a família, a comunidade em que vive, suas crenças, sua moradia, seu lazer, o que come, o seu brincar, suas angústias e alegrias.
 Ao invés de pensar no poder da mídia, a educação precisa pensar no poder que tem sobre à infância. As crianças passam grande parte desse seu “tempo sem tempo” na escola. Então, porque não repensar  o tempo e  o proposto nas atividades escolares? A educação hoje não pode ser dominante, precisa aprender para poder ensinar. Precisa parar de buscar o êxito o escolar e repensar a forma de ensinar. Se queremos uma criança aberta à todas as possibilidades de aprendizagem, uma criança que  não apenas repita e se adapteao mundo adulto, uma criança capaz de pensar, criar e recriar o mundo, uma criança que possa exercer seu brincar livre de rótulos e fórmulas, uma criança que possa“ser” criança, precisamos continuamente, nos questionar sobre o que estamos fazendo e o que podemos fazer para isso. O maior desafio da educação não é o de mudar o mundo, mas de mudar seu próprio mundo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Sem ser criança verdadeiramente não é possível ser verdadeiramente adulto

Freud estava convencido da origem dos distúrbios neuróticos dos seus pacientes nas experiências da infância e foi um dos primeiros teóricos a enfatizar a importância do desenvolvimento infantil. De acordo com a sua teoria psicanalítica do desenvolvimento, as crianças passam por uma série de estágios psicossexuais. O papel do inconsciente, a importância das experiências da infância e a operação dos mecanismos de defesa são alguns exemplos das noções psicanalíticas freudianas que fazem parte da psicologia contemporânea. Ao “dar ouvidos” ao inconsciente, Freud abriu as portas para sentimentos, fantasias, sonhos, desejos e pensamentos reprimidos. Foi Freud quem descobriu que a fala podia ser um importante instrumento para a cura das doenças. Hoje, graças às descobertas freudianas, procuramos o porquê dos comportamentos excessivos, sabendo que as neuroses humanas não são sinônimo de loucura.  E mais do que isso, aprendemos com Freud que podemos ser “eu”, sendo muitos.
Os estágios do desenvolvimento infantil definidos por Freud são fundamentais no aprendizado da criança. Conhecendo esses estágios é possível entender e pensar na melhor forma de planejar esse aprendizado e educar a criança. O inconsciente é um poderoso agente do comportamento. Quando o inconsciente é reprimido e ao seu conteúdo é negada a conscientização, o consciente acabará sendo esmagado por esse inconsciente que mesmo aprisionado encontrará um jeito de sair. Realidade e fantasia fazem parte da vida da criança. Assim como nos contos de fada existe sempre o herói e o vilão, o bem e o mal, é fundamental para a criança, conseguir externar suas ansiedades e aflições. Pois a vida não é só feita de coisas belas. As crianças precisam conseguir elaborar em suas mentes, formas de lidar com isso. Sem ser criança verdadeiramente, não é possível ser verdadeiramente adulto. 
                                         
             "Brincando se pode dizer de tudo, até a verdade." Sigmund Freud
               www.youtube.com/watch?v=bIlFz3a0vJw

terça-feira, 20 de outubro de 2015

A Serpente das Vogais

Achei sensacional o material disponibilizado sobre os aspectos neurológicos da aprendizagem. Eu sei muito pouco sobre o assunto e gostei muito de saber sobre como maximizar a atenção e as emoções positivas da criança pode ampliar as aprendizagens. Por isso, no nosso dia a dia, precisamos planejar e executar atividades que envolvam a atenção e o prazer da criança. Usar esses ingredientes é essencial na alfabetização. Atividades em que a criança se sinta capaz, tenha êxito. Cabe ao professor propor essas atividades. Atenção e prazer estão muito associados à música e a jogos. Na educação infantil, o brincar e o aprender andam juntos. Essa brincadeira, mistura a música da serpente, que é bem conhecida das crianças com o aprendizado das vogais. É como um trenzinho, mas para fazer parte do rabo da serpente, tem que dizer uma palavra que comece com a letra A e só depois passar por baixo das pernas de todo mundo. Depois, numa segunda rodada, para entrar no rabo da serpente, tem que dizer uma palavra com a vogal E, e assim por diante. É divertido porque as crianças não podem soltar o rabo da serpente e aprendem a brincar em equipe. Tudo fica ainda mais divertido, quando a professora aparece com uma serpente gigante de pano. Todos dependem uns dos outros para a brincadeira dar certo.

"-Eu perdi o rabo." "-Então me segura." "-Acabô e agola?" "-Pega a minha mão."

“Quando a criança desenha ou canta, ela representa algo que lhe chamou a atenção. A criança canta uma música de que gosta, cujo texto lhe diz algo ou significa alguma coisa importante para ela.” (Prosser, 2003, pag.2)                         

sábado, 17 de outubro de 2015

Maquinaria Escolar X Pink Floyd

O livro Maquinaria Escolar nos mostrou como surgiu e foi se transformando o processo de escolarização. Como a escola foi se institucionalizando ao longo do tempo. A definição do estatuto da infância é fruto dessa transformação histórica do conteito de infância. As atitudes em relação à criança e a escolarização da infância evoluíram, não isoladamente, mas dentro de um contexto histórico de evolução abrangente, que envolve economia, política, religião, família e sociedade. De tal forma, que podemos perceber ao ler Maquinaria Escolar, que o modo de ver a infância e a escola não foi se adaptando tendo como foco e objetivo a educação, mas ao contrário, a educação foi se moldando, conforme a necessidade do poder, da política, da economia, das instituições religiosas e das classes dominantes.
Mas foi na aula presencial ao som de Pink Floyd, com o videoclipe de "Another Brick In The Wall", que realmente me impressionei, ao ver como o texto do livro está mais próximo da realidade do que poderíamos supor, ou mesmo, do que gostaríamos de admitir. A cena que mais me causa impacto é a do professor destruindo o potencial criativo do aluno. Outra coisa que nos remete à uma reflexão imediata é questão dos muros da escola. Os alunos, nos primeiros centros de ensino, foram isolados, cercados por muros de monastérios, em centros de estudos, para serem moldados e aprenderem. O clipe do Pink Floyd, nos mostra que os muros escolares continuam moldando alunos em série. A educação massificada continua destruindo o processo de aprendizagem em suas potencialidades. Tivemos um debate acalorado, porque quando se discute a maquinaria escolar é impossível não deixar de questionar o papel do professor nesse processo. Que escola é essa, que prende seu aluno entre muros externos e internos, quando deveria dar asas ao conhecimento e liberdade para o pensar?


Obs: Curti muito Pink Floyd na minha adolescência e essa música é um marco na minha história, que inclui rebeldia escolar. Posso ver esse clipe mil vezes e mil vezes vou me emocionar. É um grito de liberdade. Adoro!!!!!!!


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Infância na Mídia

 Vivemos numa sociedade baseada no agora e no ter. Com a criança não é diferente. Ser criança hoje é comprar. Comprar para ser feliz. Comprar sem parar, porque o objeto do desejo de consumo da criança muda rapidamente. Como se a felicidade da criança dependesse de determinado brinquedo, roupa, mochila, tênis, lanche... Trabalho na Educação Infantil há três anos e as frases que mais escuto na nossa roda de conversa, no retorno das crianças, segunda feira são: "Ganhei da minha mãe no shopping.” "Trouxe do Mc e eu comi um montão de batatinha. Agora só falta um pra completar a coleção." "O meu pai vai comprar pra mim, se eu me comportar.” “O teu tênis é frau." "Eu tenho muitas bonecas." "Eu tenho mais." "Eu tenho todas."  Raramente, alguém me diz que foi brincar na praça ou no parque, ou ainda que brincou com os pais... Quem não tem, sofre por não poder ter. Quem tem, sofre por sempre querer mais. Isso, sem falar na erotização da criança e na propagação de ideias racistas, homofóbicas e machistas através da música, da dança, dos comerciais, dos programas de TV e da forma e fórmulas massificadas da infância nos meios de comunicação. A massificação destrói a identidade da criança. Mas a questão do consumo infantil vai muito além da mídia. Antes de educar a criança é preciso reeducar os próprios hábitos. Hábitos de consumo estão diretamente relacionados à rotina diária, ao lazer, à alimentação, à prática de esporte, ao convívio familiar e escolar das crianças. Enquanto cruzamos os braços diante do assunto e culpamos a mídia, estamos criando uma geração triste e infeliz. Porque ninguém pode ter tudo e vamos combinar, que ninguém precisa ter tudo para ser feliz. 
 *Frau é uma gíria para lixo, feio, nada a ver. 
Navegando na internet descobri o Milc (Movimento Infância Livre de Consumismo).Para conhecer o trabalho do Milc, acesse o blog e siga o Milc nas redes sociais como Facebook, Twitter e Youtube. As ilustrações abaixo, fazem parte da campanha do Milc para o subtituir o consumismo infantil por uma presença maior dos pais e pelo brincar na infância.

Li na página do face T de Tati uma reportagem do Brasil Post muito interessante: Lugar de criança não é no shopping : 
http://www.brasilpost.com.br/carolina-delboni/lugar-de-crianca-nao-e-no_b_8103536.html
No YouTube, além do excelente documentário "Criança a Alma do Negócio" sugiro os vídeos: "Vida É Atitude - Mídia e Infância" e "Racismo Desde Criança Comparando as Bonecas." 


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Entrando na História

                                                                            
Existem quatro tipos de conhecimento envolvidos no processo de aprendizagem: Conhecimento físico, conhecimento motor, conhecimento lógico e conhecimento social. Pensando numa atividade que reunisse todos esses conhecimentos, escolhi uma “contação.” Todos nós temos necessidade de contar aquilo que vivenciamos, sentimos, pensamos, sonhamos... Foi dessa necessidade humana que surgiu a literatura, do desejo de ouvir e contar para compartilhar. Eu adoro contar histórias para as crianças. Elas sabem disso e sabem que quando eu conto histórias, as faço entrar dentro delas...

                                               
Prof. conta uma história
“Prof. conta uma história legal.” “É... Daquelas !” “Com muita coisa legal! ”  “ É ... Uma história legal com muita coisa legal.” “A do Peter Pan!!!” “ÉEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!!!!!!”
E foi assim, atendendo à  pedidos,  que levei minha sacola de histórias para o Maternal  2. Sentadas na Hora da Roda, elas não apenas ouviram a história, mas entraram dentro dela, participando ativamente da “contação”. O que pode ser melhor que ouvir história? Ouvir história e entrar dentro dela.
Conhecimento físico:  As crianças tocam e manipulam os diversos objetos da história que passam de um para outro: O boneco do Peter Pan, o crocodilo TIC TAC, a concha das sereias, o céu estrelado de pano, a lagosta e seu filhote, a pequena espada do Peter Pan, o livro da história...
Conhecimento motor: As crianças imitam as sereias cantando, correm dos piratas batendo os pés, do crocodilo batendo os braços e nadando bem rápido, imitam o movimento do crocodilo dentro e fora da água. Sentam com os índios e tentam reproduzir o modo índio de se comunicar e dançar, voam como o Peter Pan, com a Sininho e os meninos da Terra do Nunca. Depois de ganharem o pozinho de pirlimpimpim, é claro.
Conhecimento Social:  Enquanto participam da história, as crianças falam de si mesmas, da história, dos elementos apresentados, ouvem os colegas, conversam, enriquecem seu vocabulário e o conhecimento de si, do outro e do mundo: “Eu adoro essa história.” “Mas eu não gosto do Gancho.” “É o barulho do mar. Que legal!” “Será que tem seleia dentro da concha?”  “ Eu tenho uma concha. Peguei no mar.” “É lindo o mar.” “A Terra do Nunca é muito longe?” “O crocodilo morde?”
Conhecimento lógico: Distribuo os materiais novamente e peço a cada criança que conte uma parte da história com o objeto que pegou: “Daí o Pete Pan voou, voou assim ó. Ele cantava uma música. Todo mundo junto...” “O cocodinho fazia tic tac, tic tac , daí o Capitão Gancho tinha medo né prof.?” “ As sereias moram no mar. Lá no mar tem  concha. E na concha também tem o mar. Né prof?”  
Fim da história: Vamos todos brincar no pátio de Peter Pan. Eu quero ser a Sininho e por isso coloco o pó de pirlimpimpim em cada um, antes de saírem voando. Lá fora, a Terra do Nunca nos espera...


                          "Pensamentos felizes fazem a gente voar." Peter Pan

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Freud Explica

As aulas de psicologia tem sido muito criativas. Dramatizar os conceitos estudados é, ao mesmo tempo, divertido e esclarecedor. Nos primeiros trabalhos, Freud dividiu a vida mental em duas partes: Consciente e inconsciente. A porção consciente, seria como a porção visível do iceberg, pequena e insignificante, preservando apenas uma visão superficial da personalidade. A imensa e poderosa porção do INCONSCIENTE, seria como a parte submersa do iceberg, conteria os instintos (forças propulsoras de todo o comportamento humano).
                                                   
           
 Depois, Freud reavaliou essa distinção simples, entre consciente e inconsciente e criou os conceitos de ID, EGO e SUPEREGO. O ID é o reservatório da nossa energia psíquica e da libido. Irracional, prefere o prazer alheio à realidade e à moral. O SUPEREGO é a interiorização da autoridade dos pais. É constituido de regras e ideais morais. Procura através do EGO, controlar o ID. Aspira a perfeição moral. O EGO é o representante da moralidade e do mundo externo. Deriva do ID e procura dentro do possível satisfazer seus impulsos. Também procura satisfazer as exigencias morais do SUPEREGO. Conseguir o equilíbrio entre essas duas forças contrárias é uma tarefa árdua para o EGO. O esquema  abaixo resume bem os conceitos que aprendemos.



         “Nunca tenha certeza de nada, porque a sabedoria começa com a dúvida.”
                                                                                                                    Sigmund Freud


terça-feira, 13 de outubro de 2015

Alfabetização sem fórmulas

O processo de alfabetização já teve início muito antes da criança entrar na escola. Segundo Vygotsky, o processo de aquisição da língua escrita tem uma pré-história, que é um momento progressivo de apropriação pela criança da ideia de representação, que sempre tem como base a fala. Na construção da escrita há diferentes práticas e concepções para o aprendizado. A escrita como a linguagem precisa ter uma representação e um significado para a criança. De que adianta copiar algo que não tem significado, reproduzir mecanicamente letras e palavras? Um ambiente alfabetizador não é um lugar cheio de coisas escritas. É um espaço que deve estimular e não obrigar a criança a aprender a ler. Ambiente alfabetizador é todo um contexto que desperta a atenção e a curiosidade da criança para a aprendizagem. A alfabetização também não tem dia, nem hora marcada para acontecer, quem determina esse momento é a criança. 

                               

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Memórias de Infância

Como se forma a nossa memória?  A memória  é mais do que o simples lembrar. A memória é “como” eu lembro. Essa lembrança pode mudar se transformar, suprimir, acrescentar, selecionar, filtrar memórias. Nossa memória é seletiva, não porque transformamos a realidade ou o passado em uma mentira, mas porque evocar a memória pode não apenas trazer alegrias, mas também causar sofrimento. Se forma com nosso consciente e inconsciente e não se forma sozinha. Ela é uma construção social, formada por muitos sujeitos, ainda que o “eu sujeito” seja o protagonista dessa história. A memória sofre interferências cognitivas, afetivas e ideológicas. A memória não para, está em constante movimento, uma verdadeira metamorfose ambulante. Está ligada ao tempo presente, passado e também construirá o futuro. Recordar está ligado à vivências e à situações imediatas. O agora e a memória estão sempre conectados. Nossas lembranças da infância são um ótimo exemplo de como a memória se transforma com o tempo e o que vivemos. À medida que o tempo passa, parece que a memória da infância vai se tornando mais querida para nós. Claro, que isso depende da lembrança que cada um tem de sua própria infância. A memória se faz e se constrói também com objetos, símbolos e elementos concretos que estão à nossa volta. Esses objetos são evocadores da memória e nos ajudam a significar e resignificar a memória. Uma canção, por exemplo, pode evocar memórias de toda uma geração. Foi muito interessante compartilhar memórias com as colegas, utilizando objetos evocadores de lembranças, num exercício de extrema generosidade. Incrível perceber como os objetos trazidos por nós “tocam” e provocam sentimentos.  Nossas memórias fazem parte e constroem nossa identidade. O que somos social, política e afetivamente. O que fomos e o que queremos ser. Recordar é mais do que viver. Recordar é ser.



"Recria tua vida sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça. "  Cora Coralina

domingo, 11 de outubro de 2015

Pensar a Infância com Pluralismo

Cheguei na aula de Infâncias de 0 à 10 anos com o coração batendo mais que um bongô. Era minha primeira aula na UFRGS e lá estava eu, com aquele "turu turu" dentro do meu peito. A professora Fabiana nos fez pensar sobre os universos distintos que essa larga faixa etária abrange. O que entendemos por infância hoje? O que significa pensar nesse tempo, as infâncias que se produzem e que nós produzimos hoje na cultura? É preciso entender e perceber que existem diferentes conceitos e as múltiplas infâncias. Qual é o nosso papel diante dessas infâncias? Para que e porque educar a infância? O que caracteriza a infância chamada contemporânea. É preciso pensar na infância dentro de um pluralismo. Sem preconceitos, sem subestimar a criança em suas potencialidades, nem o nosso trabalho como educadoras. Depois, tivemos a oportunidade de falar sobre nossas experiências  em relação à infância hoje. Foi uma surpresa muito grata para mim, saber que a professora Fabiana foi uma das colaboradoras do filme “As Aventuras do Avião Vermelho”, inspirado no livro, com o mesmo nome, escrito por Érico Veríssimo. Por coincidência, esse também é o nome do meu projeto de magistério, que fiz quando trabalhei na Escola de Educação Infantil Osmar dos Santos Freitas, a Marzico, na Vila Cruzeiro, em Porto Alegre. Senti uma alegria tão grande, não só pela feliz coincidência, mas ao perceber que compartilho com a professora, o estusiasmo por essa história, que fez e sempre fará parte da minha trajetória como professora.




O livro “As Aventuras do Avião Vermelho”, conta a história de Fernandinho, um menino de oito anos, sem amigos e com problemas de relacionamento em casa e na escola. Sem saber como lidar com a situação, o pai tenta conquistá-lo com presentes. Nada funciona, até ele dar para o filho, um livro de sua infância. A bordo do avião vermelho e junto com seus brinquedos favoritos, Ursinho e Chocolate, que ganham vida com sua imaginação, Fernandinho visita lugares inusitados, como a Lua e o fundo do mar e percorre diferentes países: África, China, Índia, Rússia. Ao longo dessa jornada, Fernandinho descobre o prazer da leitura, a importância de ter amigos e o amor da família. Como Fernandinho, as crianças do Maternal 2 da Marzico, precisavam voltar a ser criança. Elas precisavam e queriam usar a imaginação infantil para brincar e viver aventuras que só as crianças podem e sabem viver. Por isso, achei que seria muito interessante viajar no avião vermelho com as crianças e conhecer lugares distantes, aprender coisas diferentes de diferentes culturas e diferentes formas de brincar, cantar, dançar, vestir, comer... Como Fernandinho, vencemos nossos medos e fizemos novas descobertas. Mas o grande barato dessa aventura foi simplesmente ser criança.


sábado, 10 de outubro de 2015

Porque escolhi ser Professora

Oi, eu sou a Kátia e esse aqui é o Zen. Eu sou aluna do curso de Pedagogia à Distância da UFRGS. Entrar na UFRGS é um sonho de consumo antigo e os sonhos não envelhecem. Porque eu escolhi ser professora? Eu não sei, se eu escolhi ser professora ou se “ser professora” me escolheu. A verdade, é que a minha trajetória de vida e as escolhas que eu fiz me trouxeram até aqui. Eu trabalho na Educação Infantil há três anos e sou fascinada pelo universo da infância. Pela possibilidade da descoberta, do ensino e da aprendizagem... Eu acredito na escola que transforma e que respeita o indivíduo ao mesmo tempo. Na escola que vence seus muros e que aprende antes de ensinar.  Não apenas no ensinar por ensinar, mas no ensinar para despertar a curiosidade da criança para o aprender  e o pensar. Rubem Alves dizia que há escolas que são gaiolas e escolas que são asas. E se é assim, eu quero ser uma  professora que encoraja o  vôo.